-Bom, então vai mesmo viajar drogadinha? -Ela me encarava a todo momento.
-Sim, nem é tanto uma viagem e sim uma mudança. -Abaixei minha cabeça já com os olhos cheios de lágrimas. -Eu não queria deixar isso aqui! Eu não queria ter que deixar a minha vida. Eu não a baguncei por querer, foi um deslize que acabou levando a outro, e a outro e se tornou uma bola de neve. Eu quero ficar em casa, eu não vou me sentir bem em outro lugar, eu... eu não quero te deixar! -Já estava chorando. Gabriela sorriu ao ouvir a última parte e me abraçou.
-Vai ficar tudo bem. Eu tenho seu numero e uma moto. Posso muito bem lhe visitar! -Sorriu. Aquele sorriso que me confortava. Balancei a cabeça em qualquer movimento. Apertei seu corpo contra o meu. Em um instante, num rápido segundo, surtei!
-Gabriela, tem noção no que está acontecendo? Minha vida acabou! Hoje é o último dia que vou te ver, não vejo meus amigos a dias, e cara! Que inferno. Não quero deixar isso. Isso aqui é uma despedida Gabriela, se toca! A gente esta se despedindo! -Eu andava de um lado para o outro, completamente nervosa. Gabriela se levantou com a voz alterada.
-E quer que eu faça o que? Hein Ana? Quer que eu bata no teu pai? Quer que eu sequestre você? Eu não posso fazer nada se ele resolveu tirar você de mim!! -Nesse instante a voz dela havia sumido e ela tinha deixado o seu corpo cair sobre o banco.
-Eu sei que não pode fazer nada Gabi, mas eu não quero ir!
-E eu não quero que vá!! -Ela se levantou novamente do banco, me abraçando forte. Nossas vibrações se encontravam mais uma vez. Eu podia ouvir seu coração batendo acelerado. Era um ritmo novo para mim e totalmente simples. Ela tinha um jeito misterioso de ser, o que eu adorava, pois ficar decifrando os mistérios de uma pessoa era tudo de bom!
Ela segurou meu rosto com as suas mãos delicadas e falou baixinho depois de um longo selinho ''Vai ficar tudo bem, eu não vou abandonar você, mesmo com a distância. Vou estar aqui te esperando. Eu prometo que vou! Não tenha medo, eu que devia ter medo, vai conhecer pessoas novas e pode muito bem se apaixonar'' Nesse momento coloquei a ponta dos meus dedos na sua boca e sussurrei ''Não quero me apaixonar por mais ninguém! Só por você!'' Ela sorriu. Sorriu olhando diretamente na minha boca. E naquela boca eu me perdia, e não me preocupava em querer me achar. Me via no mundo dela, no nosso mundo, no mundo que uma menina estranha havia criado. Acabou criando uma paixão, que era algo tão bom, invadia o meu coração sem pedir licença. Eu já era dela, e ela, totalmente minha!
