21° Capítulo

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~Gabriela Narrando~

Bom, então era isso. A Ana estava indo embora. Aquela garotinha que em pouco tempo me conquistou por inteira. Eu tinha que dar um jeito de vê-la. Não tive coragem de contar que... que meus pais estavam voltando. Que eles viriam para tirar minha moto e cortar mais ainda minha mesada. Mais um multa não dá, né? Ela não merecia essa noticia. E ontem, enquanto trocávamos mensagens e ela me deu aquela notícia, tive uma noite longa de tantas lágrimas. Menininha, fica?

~Ana Narrando~

Depois de ter ficado um pouco com a Gabi no bosque, voltei para casa chorando. Limpei o rosto antes de virar na rua da minha casa. Meu pai estava carregando o carro com as malas. Meus olhos nadaram em lágrimas ao ver aquela cena. Dei um oi para o meu pai e entrei em casa. Minha irmã estava ao telefone se despedindo das amigas... ''Como ela consegue?'' Perguntei a mim mesma. Subi para o meu quarto pra pegar minhas coisas e quando chego a porta me deparo com a minha mãe olhando minhas fotos na mesinha de canto.

-O que faz aqui de novo? -Perguntei empurrando seu braço das minhas fotos.

-Filha, vim me despedir. -Os olhos dela estavam vermelhos.

-Mais uma vez mãe? -Minha fala saiu quase enroscada na minha garganta. Derrubava lágrimas extensas sobre meu rosto. -Quantas vezes entrou por essa porta só para se despedir...

-Filha, eu...

-Não me interrompa! Foram as suas escolhas, seus atos. Não tem que estar aqui. Foram 16 anos, mãe. 16 anos tendo que ter apenas 5 visitas sua de três minutos. Foram 16 anos sem abraços de mãe! -Eu chorava sem parar.

-Eu não tive culpa!! Me entenda, eu não era feliz!

-Como alguém não consegue ser feliz tendo um marido que a ame. Tendo um lar, duas filhas... Me explica como!! -Ela havia se sentado na minha cama. Chorava a todo momento. Mas, tinha algo dentro de mim que não acreditava mais naquelas lágrimas. -Se não ama a gente, vai embora... -Fui em direção a porta. Segurei e abri um pouco mais. Um gesto de ''Saia do meu quarto!''. Ela me olhou com os olhos encharcados d'água. Mamãe se levantou apoiando as mãos nos joelhos, suspirou profundo e...

-Se lembra da música?

-Mãe, não, por favor.

-''Voa minha pequeninha, vai encontrar teu céu azul... Estou aqui esperando...'' -A interrompi.

-Para agora com isso! Vai embora. -Fui em direção a cama e me sentei com as mãos no rosto.

-''Estou aqui esperando por você. Como sempre estive...'' Enquanto ela cantava eu dizia somente ''Para, fique quieta, cala boca, mãe, saia do meu quarto. Mas, ela continuou agachada na minha frente. -''E quantas estrelas encontrar pelo caminho, sera meu amor multiplicado pelo brilho.'' Nesse momento levantei a cabeça e a encarei. Me veio a imagem da Gabriela dizendo sobre sua mãe e a tal música das estrelas. Ela segurou em minhas mãos molhadas pelas lágrimas e continuou cantando quase que por alguns sussurros...

Naquele amor, a sua maneira...Onde histórias criam vida. Descubra agora