Capítulo 9

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Como se não bastasse, Jacob se aproximava, com uma morena ao seu lado.

Ela tinha cabelos longos e perfeitamente cacheados nas pontas, seu corpo era de invejar qualquer uma: Grandes seios, bunda perfeitamente redonda e curvas claramente amadurecidas.

- Anna, que surpresa esbarrar em você...- Ele sorria como se não houvesse feito de propósito. - Essa é Diana.- Ela o encarava com um olhar de quem estava louca para ficar a sós num quarto com ele.

Lindo o fato de ele querer me provocar. E mais bonito ainda o fato de ele achar que depois de quase um mês sem nem olhar para sua cara, eu vá realmente me importar com o que ele faz.

Eu sorrio e respondo simplesmente:

- Formam um belo casal. - Sorrio e vejo a expressão de desapontamento e uma leve dúvida aparecerem nos seus olhos.- Parabéns.- Coloquei minha mão sob o ombro de "Diana" e sorri humildemente.

Era tudo o que eu precisava: Um bom motivo para rir.

Depois de Ethan ter me deixado,há 5 horas,no estacionamento, furioso por nossa discussão, eu decidi simplesmente caminhar pelo campus, o que me fez trombar com Jacob e casualmente, com o próprio.

Ótimo. O que eu menos queria era encontrar Ethan e seus olhos cheios de fúria, que provocavam uma sensação apavorante, mas, ao mesmo tempo alucinante, em meu corpo.

"Desculpe ter agido daquela maneira hoje cedo. Prometo responder qualquer pergunta que estiver disposta a fazer."

Suas palavras surgiram em meio aos meus pensamentos. Assimilei rapidamente sobre o que ele estava falando, apesar de estar tão distraída que podia sair voando do gramado do campus, onde havíamos nos encontrado.

- O que você quer?- Falei calma e pausadamente, tentando demostrar indiferença.

- Aceite sair comigo. Não vai se arrepender.- Ele falava com determinação e seus olhos estavam cheios de sinceridade.

- Pra quê? - Dei de ombros, queria ver até onde seu lado calmo e bom ia, até virar o monstro que virou hoje no nosso piquenique.

- Só quero te provar que posso ser melhor do que isso, não sou esse cara, Anna. Uma vez, e prometo que não vou desapontar dessa vez. Por favor.

Ele estava realmente me implorando pra sair com ele?  Para lhe dar uma segunda chance? E no mesmo dia?

- Tudo bem. Mas se estragar tudo te prometo que nem me verá mais.- Eu ri. Óbvio que estava brincando. Ele riu em seguida quando percebeu minha ironia.

- Podemos ir agora?- Ele indicou com a cabeça a estrada de concreto para pedestres á nossa frente.

Confirmei com a cabeça e seguimos até o estacionamento.

Ele se posicionou em uma moto e colocou um capacete preto. Seus olhos azuis me encaravam enquanto sua mão direita me oferecia um outro capacete rosa. Eu ri.

- Está louco?

- O que há de errado?- O tom de confusão podia ser ouvido, mesmo com sua voz grossa sendo abafada pelo capacete.

- Eu não vou usar o capacete rosa. Só porque sou mulher não significa que goste dessa cor.

- Desculpe, as outras 10 que convidei para sair amavam rosa.- Ele riu e eu ergui as sobrancelhas.

- Sou a número onze, não vou com o rosa.- Cruzei os braços tentando expressar meu luto.

- Não seja por isso. Podemos trocar.- Ele trocou de capacete comigo e sorriu de lado. Seu sorriso era provocador, o que fez meu corpo estremecer.

- Satisfeita agora?- Ele riu, envergonhado com sua nova aparência afeminada.

- Muito. Obrigada. Podemos?- Coloquei meus braços em volta dele e ele acelerou.

A viagem foi curta e logo estávamos em frente ao Denny's.

- É minha lanchonete preferida. Espero que não se importe.- Ele tirou o capacete, balançou os cabelos e sorriu ao perceber que eu estava com dificuldades em tirar o meu capacete.

Ele me ajudou e finalmente consegui sentir o ar fresco.

- Que cabeção ein!

Rimos e eu corei, sentindo meu rosto quente por causa de seu comentário.

Ao entrarmos pedimos nossos lanches e começamos a conversar.

- Sobre minha reação mais cedo, desculpe. Eu não gosto de que toquem no assunto. E queria te contar no tempo certo, e não esperava que tivesse descoberto por outra pessoa. E quando você mencionou de repente...

- Shh, Ethan, o papo vai ficar chato assim.- Apoiei meu dedo em seus lábios e ele ficou quieto, meio confuso com o que devia falar.

- Me conte de seu passado se quiser contar, se não, só beba sua cerveja e arranje um assunto melhor.

Ele sorriu e massageou sua nuca enquanto pensava em uma resposta.

- Eu fui, sim, preso. Mas não pelos motivos que andam comentando.- Suas feições se tornaram sérias e ele parecia ter um certo ódio contido.

- O que comentam Ethan?- Pergunto confusa.

- É complicado. - Ele passava os dedos em seus cabelos, que já haviam crescido desde que nos conhecemos.

- Eu também sou. Pode confiar, me fale.- Segurei sua mão e seus olhos encontraram os meus, pareciam desesperados com o desapontamento que a história podia me causar.

-Dizem que sou responsável por espancar minha mãe e minha irmã mais nova, mas não acredite nisso Anna, é a maior idiotice que já ouvi.- Ele segura meus ombros e olha profundamente nos meus olhos, seu olhar sério me deixa tão atônita quanto o que ele acabou de me contar.

- Você deve prometer não acreditar em nada do que te dizem sobre mim, somente em mim. - Ele segura agora minhas bochechas, o que me faz corar com seu toque.

- Tudo bem, eu prometo. Continue a história. Quantos anos você tinha? O que você realmente fez?

- Me prenderam ano passado, assim que fiz 18 anos. Eu fiz merda Anna, mas nunca faria mal à minha irmã, muito menos à minha mãe.- Ele fez uma pausa e deu uma mordida em seu hambúrguer. - Fui preso por me meter com uns caras que, bem, eles eram... Traficantes.

Dei mais um gole em minha cerveja antes que ele prosseguisse.

- Mas eu não era como eles, fazia isso para ganhar dinheiro e garantir a alimentação de minha família. Veja bem Anna, meu pai tinha morrido e minha família nunca foi das mais ricas, fazia isso por elas, minha irmã, Kylie e minha mãe, Jane.

- Eu acredito em você Ethan. E entendo que foi difícil para você, mas não precisava ter agido daquela maneira comigo, eu só quero ajudar. - Agora eu segurava suas bochechas.

- Eu vacilei Anna. Minha mãe, ela foi morta com um tiro um mês após minha prisão. E minha irmã foi posta para a adoção e foi adotada por uma família rica e bem gentil. Por isso tenho todas essas coisas, meu carro, minha moto, por isso mesmo que estou sentado aqui, com a garota mais linda que já conheci. - Ele segurou minha mão esquerda, ainda apoiada em sua bochecha e olhou nos meus olhos, com um breve sorriso no rosto.

Eu estava completamente sem palavras. Não sabia que me via daquele jeito. Eu o desejava desde quando nos vimos pela primeira vez, mas agora que ele admitiu o mesmo, não sei exatamente o que devo fazer.

- Deixe-me te levar para casa.- Ele sorriu. Deixou o dinheiro em cima da mesa, segurou minha mão e saímos de dentro do Denny's.

- Não quero ir para casa Ethan.

Ele segurou meus ombros e olhou em meus olhos.

- Onde você quer ir?- Ele se posicionava na moto, colocando seu capacete rosa.
Eu sentei logo após ele, coloquei meu capacete e olhei para as estrelas no céu.

Ele acompanhou meu olhar e colocou meus braços em volta dele.

- Me surpreenda. - Sorri e ele acelerou a moto estrada afora.

Quem eu menos esperavaOnde histórias criam vida. Descubra agora