Capítulo 24- O Final

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- Ele simplesmente deixa um bilhete, quer dizer, UM bilhete!- encaro suas palavras "Obrigado por todos os momentos" e continuo minhas reclamações- só tem uma, duas, três...

- São cinco, ruivinha.- Johnny me interrompe, rindo de meu desespero.

- Eu sei contar as palavras muito bem sozinha, obrigada!-  ele arregala os olhos.

- Ai, deus. Achava que você não sabia nem ler.- ele sorri sarcasticamente e eu reviro os olhos para não atacá-lo. - Olha só, eu sei que você está triste e tal, mas se acalma, gritar comigo e chorar com as aeromoças não vai exatamente trazer o garoto de volta.

Ele estava certo, eu estava exagerando. Presa em um avião para Paris me deixou sem ar, e sem ter o que fazer, o que levou minha mente de volta para Ethan. Admito que, na minha ida ao banheiro, desabafei com a aeromoça, que teve que chamar Johnny para me tirar do braço dela. Que vexame. Mas eu não podia parar de imaginar um motivo bom para ele ter um tremendo esforço para se reconciliar e logo depois nem dizer adeus na minha cara. Além do mais, ele era fofo e me fazia rir nas horas certas, me fazendo a mulher mais sortuda do mundo em tê-lo ao meu lado.

É impressionante em como aquela frase "você só dá valor quando perde" ou "não sente falta até perder" ou algo do gênero, funciona para mim agora.

Mas sobrevivi ao voo e estamos no trem que nos leva do aeroporto ao centro de Paris.

- Ruivinha - Johnny chama e me viro para olhar para ele - Detesto ser estraga prazeres, mas..

- Ah, acredite em mim, você adora...- reviro os olhos e agarro minha mala.

Trouxe uma mala pequena de rodinhas, não pretendo passar muito tempo aqui e Johnny só trouxe uma mochila, daquelas enormes de quem sai para acampar. Os dois completamente analfabetos no francês e sem senso de direção, não sei como vamos nos virar, mas sinceramente, não me importo, Ethan vale a pena. Valeria a pena mesmo se virássemos mendigos para achá-lo. Tudo bem, exagerei.

- Já acabou? Posso continuar?- ele revira os olhos.

- Claro.- meu sorriso forçado entra em ação.

- Onde exatamente encontraremos esse babaca?

- Não fale desse jeito!

- Quando você fala dele assim por horas no avião tudo bem, quando eu falo uma vez, me mandam pra guilhotina.- ele faz bico e abre um mapa.

- Vou pensar em alguma coisa. Talvez na lista telefônica...- olho pela janela e encaro as casas praticamente iguais que não param de passar.

- Moramos aqui por um acaso?- ele me interrompe estressado.

- Foi sua ideia vir para cá, Johnny, além do mais, podíamos ter esperado ele ligar, por exemplo.- cruzo os braços na altura do peito.

- Isso! Espere e pergunte o endereço quando ele atender!- ele sorri.

-Não sei se isso foi algum tipo de sarcasmo, se foi, vou humildemente ignorar, mas meu celular não pega na França, Einstein. Terei um plano mais cedo ou mais tarde.

- Acho bom mesmo! Porque se seu plano for perguntar para todos os parisienses se conhecem um cara chamado Ethan e se sabem onde ele mora, pode me incluir fora disso.- ele comenta, olhando o mapa e continua me bombardeando com sarcasmo - Acho que esse nem é o nome dele de verdade.- ele ri tão alto que todos no trem olham para nós dois.

- Muito bem 007, não é o nome dele.- sorrio lembrando da conversa que tivemos quando ele me contou que havia mudado de nome: "não gostava muito de Étienne" , ou algo parecido com essa frase.

Quem eu menos esperavaOnde histórias criam vida. Descubra agora