Capítulo 11

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Johnny: Estou em Ny, hoje a noite, The Pony Bar as 22h. Chamei Claire e Ben.
Saudades cabeça vermelha.

Ao chegarmos em Manhattan recebi esta mensagem da peste. Eram quase 5 horas da manhã quando finalmente estacionamos em frente ao edifício onde minha mãe morava.

Tinha esquecido de como escorria luxo e dinheiro pelas paredes do tal prédio.

As paredes a que me referi eram, na verdade, vidro que cobriam todos os seus 20 andares.

Era o lugar dos sonhos. Quase dava pra ver purpurina saindo da roupa do carregador de malas ao nos orientar para dentro após perguntar se havíamos bagagens.

- Você acha que ela está em casa?- Ethan revezava seu olhar entre o recepcionista incrivelmente bem uniformizado e o relógio, batucando seus dedos na mesa como um tic nervoso enquanto aguardávamos.

- Não seja bobo, as 5 horas da manhã claro que está em casa.- Respondi revirando os olhos e sorri ao ver sua leve preocupação desnecessária.

- Ele está demorando demais.- Ele pegou o maço de cigarros e o isqueiro. Revirei os olhos novamente, já estava virando um hábito.

- Não pode fumar aqui dentro. - Peguei seu cigarro e guardei em meu bolso.

- Por que você se importa?- Ele arqueou as sobrancelhas, chamando minha atenção para seus olhos azuis.

Balancei a cabeça para me recompor dos pensamentos que seus olhos, seus cabelos desarrumados, sua jaqueta sexy e seu sorriso malicioso provocavam em mim e pensei na melhor coisa para dizer a essa altura:

- Você não fala nada com nada.- Cruzei os braços.

- É um dom. - Ele deu de ombros. Acho graça.

- Ela irá recebê-los. Podem subir. - O sotaque britânico ecoou na recepção vazia e o homem indicava o elevador do canto direito, praticamente escondido.

O apartamento de minha mãe era a cobertura que, neste edifício, recebia uma atenção especial para sua porta de entrada.

O elevador de portas douradas levava para dentro do apartamento de cobertura, enquanto o de portas bronze levava para os corredores nos outros andares.

Seguranças sempre estavam presentes, portanto o elevador ser a porta não era um grande problema. Na verdade era bem sem sentido, só poupava de ter que andar pelo corredor, procurar chaves na bolsa e girar a maçaneta, como qualquer pessoa normal faria.

Seguimos enfim para o elevador. As portas se fecharam, deixando um silêncio constrangedor entre nós dois em meio as quatro paredes vinho.

- Estive pensando... Quando eu era criança, eu queria parecer um modelo.- Ele começou.

- Gay?- Ri em meio ao sarcasmo.

- Queria ter corpo, encorpar é a palavra.- Ele continuou, ignorando meu comentário.

- Bom pra você, Ethan.- Respondi dando de ombros, pois, na verdade, não entendia o que ele queria dizer com tudo aquilo.

- E daí? - Minha curiosidade falou mais alto.

- E daí que consegui.- Ele gargalhou, lançando o sorriso convencido de sempre.

Ele estava perto. Sentia sua respiração em meus cabelos. Mas eu continuava olhando para frente de braços cruzados, virada de perfil para ele.
Respirei fundo e formulei uma resposta rápida.

- Disso eu não sei, mas se está dizendo que conseguiu "encorpar" bom pra você. - Dei uma ênfase à palavra 'encorpar' é fiz um gesto de aspas ao pronunciá-la.

Quem eu menos esperavaOnde histórias criam vida. Descubra agora