Capítulo 12

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*Trin trin* *trin trin*

"Um telefone. Eu realmente escuto um telefone?"

Me perguntei ainda de olhos fechados esperando seus lábios, aparentemente macios,  colarem nos meus.

Nada.

Escutei sua voz ao atender o celular após o terceiro toque.

- Bonjour mon amour...- Parei de escutar aí mesmo, após a palavra amour.

Podia até não saber francês mas sabia muito bem o que a frase significava:" bom dia meu amor". Bom dia meu amor é uma ova!

"Mas que droga está acontecendo?" Abri os olhos, perplexa.

Eu observava cada movimento com atenção, seus dedos nos cabelos escuros, sua boca se movendo cautelosamente próxima ao Blackberry .

Eu o observava, me contorcendo contra a parede do elevador, tanto por vergonha de ter ficado que nem uma boba de olhos fechados esperando o príncipe encantado me beijar, quanto por ele ter atendido o telefone chamando a pessoa de amor.

A raiva por seus lábios se moverem tão perfeitamente se espalhou e senti meu rosto quente.

A porta do elevador se abre e nós saímos. Eu encarava o recepcionista novamente enquanto esperava a Madame terminar sua ligação.

Após desligar fui vítima de seu sorriso malicioso.

- Desculpe, era minha irmã... Não falo com ela a muito tempo. - Desculpa esfarrapada.

- Tudo bem. - Sorri escondendo, espero, meu desconforto.

- Vamos. - Ele me puxou rapidamente pelo braço até o lado de fora e me deu o capacete rosa. - Por favor.

Seus olhos azuis me imploravam para usar o tal capacete, não pude evitar, estiquei o braço e o agarrei.

Quando menos esperava Ethan me puxou para perto pelo lado do capacete que segurava. Ele posicionou seus lábios em minha orelha esquerda. Senti sua respiração quente e calma e, neste ponto, rezava para ela não estar escutando as batidas de meu coração, agora frágil, em suas mãos.

- Tenho uma coisa para te falar. - Estremeci na expectativa. Ele esperou mais alguns segundos de suspense e completou: - Está com um bafo horrível.

Eu o empurrei enquanto ele ria. Ele simplesmente brincava com meu coração como um gatinho brinca com um novelo de lã.

- Você cheira a cigarro. - Sentei na garupa e sorri em triunfo ao não escutar sua risada.

...

Estacionamos em um beco vazio e descemos da moto.

- Você não é louco de deixar sua moto aqui.- Ergui as sobrancelhas em espera de sua resposta.

- Para sua felicidade eu sou louco por você. Agora pare de reclamar e me deixe te conduzir até o melhor lugar do mundo.

Ele pegou minha mão e em segundos estávamos em frente ao museu MoMA.

Morei por muito tempo em
Nova Iorque, mas somente ia a escola e meus pais, ocupados pelo trabalho, nunca nos levaram lá.

Sorrio e mal percebo que ele já está do lado de dentro me esperando para seguirmos a jornada.

- Se perdeu?- Ele riu e seu sotaque francês nunca havia me tocado tão fundo como agora.

- Não, é que eu nunca vim aqui.- Sorri sem graça pela situação.

Quem eu menos esperavaOnde histórias criam vida. Descubra agora