Devido à chuva da noite anterior, a calçada, em que agora eu caminho, esta úmida. Ao luar, não pude ver as poças de água que decidiram se materializar na minha frente e novamente afundei meu pé, o encharcando. Correndo dos chuviscos que me perseguem, não demorei para chegar em casa, mesmo escorregando inúmeras vezes.
Minha vida é chata. Atraso-me todos os dias para ir para a escola e no caminho de volta, a mesmice. Nesta cidade aonde moro, a chuva se tornou como é o sol para as cidades vizinhas, comum. E, sim, já levei um guarda-chuva, o qual sempre vira do avesso quando aberto.
Já me questionei como posso ser tão azarada. Percebi que meu azar depende apenas de mim. Decidi, portanto, que hoje não vou correr da chuva, mas sim, me juntar a ela. Caminharemos em um passo mútuo, onde, com certeza, me molharei, mas não deixarei de apreciar as constelações submersas na noite gélida que sustenta meu olhar. Quanto ao atraso da escola, pedirei carona a minha mãe, redescobrindo nossas conversas como antigamente. E foi assim que percebi que a vida nos propõe um desafio afim de ver nossa reação. Mas somos nós o peão em cima do tabuleiro e, com ele, ainda podemos ganhar o jogo.
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Contos, Romances e Narrativas
Short StoryA bondade ultrapassa os sentidos do próximo quando estes jamais conseguiram ser conquistados sozinhos. Foi um sonho ou real? Quem foi Mia? E as cores faiscantes? Onde moravam? Questões implícitas através da realidade, a fome e o que esta é capaz de...