O número um é tão irrelevante comparado aos outros. Mal sabemos que em si carrega tanto significado.
Minha filha soube. Ela precisava desenhar, à pedido escolar, uma representação criativa do que acreditava ser a família. Por mais pensativa que estivesse, Olivia logo tateou um papel e um lápis e com traços e esboços me mostrou, ao final, uma estrela. Para ela, era isso que representávamos.
Não compreendi inicialmente. Qual seria a relação? Trouxe-o comigo para a varanda, onde normalmente passo minhas tardes quando Olivia está na escola, e de repente escutei um som. Foi emitido delicado e suavemente.
Não era um pássaro qualquer, mas um pardal. Assobiava e a sua melodia ecoava. Foi capaz um único ser, em uma tarde tão melancólica, para abrir as janelas da minha instante alegria.
Este mesmo que voou para longe, além da mata, feliz. Fechei meus olhos para apreciá-lo quando o próximo som me alarmou. Um único disparo foi capaz de matar não somente a cantoria do pardal, como ele próprio.
Um pássaro. Um tiro. Ambos foram a motivação pelos meus sentimentos seguintes ao substituir um sorriso pelas lágrimas.
Bastou um ato para me afetar. Não foi preciso mais que isso. Tornando esta situação vivida um exemplo à importância das ações e o que cada uma delas pode exercer em nós, seja felicidade ou tristeza. Entendi, então, o desenho ainda em mãos. Cada membro familiar representado por um vértice era importante. Cada pessoa é relevante, mesmo que seja só uma dentro da multidão. Pois caso uma fosse esquecida, a estrela perderia sua forma, seu brilho.
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Contos, Romances e Narrativas
NouvellesA bondade ultrapassa os sentidos do próximo quando estes jamais conseguiram ser conquistados sozinhos. Foi um sonho ou real? Quem foi Mia? E as cores faiscantes? Onde moravam? Questões implícitas através da realidade, a fome e o que esta é capaz de...