George

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Sonho com ele acariciando-me. Não consigo ver o rosto dele. No entanto o seu toque familiar faz com que eu saiba que é ele. Tento tocar o seu rosto, mas os meus dedos ultrapassam a sua face. Quando tento abraça-lo um vento forte leva-o para longe . O sonho muda, agora estou subindo uma montanha. Quando finalmente chego, percebo que um casamento está ocorrendo no topo. Desta vez consigo ver o rosto dele nitidamente. Cauã está vestido todo de branco ao lado de uma garota com uma coroa de flores na cabeça. Carla olha para mim , sorri e responde "sim" ao padre. A montanha inteira desaparece e eu desabo na escuridão.

Acordo sobressaltada com o toque do meu celular. A claridade do quarto faz meus olhos arderem. Levanto e vou até a escrivaninha pegá-lo. Vejo o nome da Ana no visor e penso duas vezes em atender.

- Garota, eu vou matar você. - Ana diz.
- Bom dia para você também - digo ainda sonolenta.

- Onde você está?

- Onde eu estaria Ana? - falo - Estou na minha casa e você acaba de me acordar.

- Ontem você saiu como uma louca, não deu notícia, fiquei preocupada - sua voz parece mais calma ao me dizer essas palavras.

- Eu perdi a cabeça - deito novamente na cama - Me desculpa pelas palavras que eu disse a você ontem, ok?

- Relaxa, já estou acostumada a ser maltrada. - ouço o seu riso debochado no outro lado da linha. - Quem é aquele garoto que te tirou pra dançar?

- O nome dele é George. - ouço "Huuuum" , vindo de minha melhor amiga.

- Você foi embora com ele?

- Sim - respondo.

- Você beijou ele?

- Sim.

- Transaram?

- Você está pensando que eu sou o quê garota?

- Ele é lindo, eu teria transado. - mais uma vez ela ri ao falar.

Nosso diálogo me faz lembrar do que aconteceu ontem. Da forma com que eu olhei para o George e de como o beijei. Infelizmente essa cena também me faz lembrar do Cauã e essa lembrança faz com que eu perca a réstia de alegria que a ligação de Ana me trouxe.

Posso está no auge da alegria, mas quando penso no meu ex namorado , a felicidade dá lugar a saudade que se transforma em angústia e me deixa cabisbaixa e infeliz.

Ás vezes luto para não pensar. Brigo com todos os meus neurônios para não fazerem sinapses chamadas Cauã. Porém é em vão. Na tentativa de esquecer eu acabo lembrando. E ao lembrar eu sofro. E sofrimento vem sendo o meu nome do meio.

É tão ruim essa de lutar contra os próprios sentimentos.

- Você é a rainha do baile - Ana diz me fazendo voltar a realidade.

- O quê? - retruco.

- Você é surda?

- Mas como ? Eu não cons...

- Também não entendi. Depois do vexame que você deu, pensei realmente que você perderia a coroa - ela respira e continua - mas você tirou o reinado da Carla, meu bem. Parabéns rainha do baile de inverno.

DEPOIS QUE EU TERMINEI COM VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora