Assim que cheguei em casa, dei um pulo na piscina aproveitando que já estava toda molhada. Depois do primeiro mergulho, tirei a roupa e fiquei nadando de calcinha e sutiã. Sorri ao lembrar da Alex e seu jeito curioso. "Ela faz mais perguntas que eu". Fiquei pensando em como ela chegara na minha vida de uma hora para outra e em como eu me sentia à vontade ao seu lado, quando estávamos só nós duas. O jeito que ela me olhava mexia comigo de uma forma que nem lembrava que poderia sentir.
Saí da piscina, pensando que aquela água sem cloro era um banho fantástico. Só não era melhor que água de cachoeira ou do mar.
Deixei a roupa secando na borda da piscina e alcancei meu celular para ligar para uma amiga.
- Oi, Rafa – disse quando ela atendeu.
- E aí, Clarinha... Como foi o dia?
- Eu conheci alguém – disse de uma vez.
- E por acaso é a menina curiosa da sua aula de educação?
- Como você sabia? – perguntei, surpresa.
- Eu te conheço, né? Você me contou da conversa com ela e eu já imaginei... Mas me conta, então...
- Ah – suspirei. – Eu não sei... Ela é muito... jovem? – disse, sem encontrar uma palavra melhor.
- Como assim? Você não está falando de idade, né?
- Não... É que... Ela parece ser esse tipo de pessoa baladeira que bebe muito e fica com um monte de gente.
- Hum... E por que diz isso?
- Depois que conversamos sobre o trabalho, ela me chamou para ir num quiosque com os amigos e todos estavam bebendo muito e rindo de histórias esquisitas.
Contei para ela e ficamos rindo dos absurdos que falavam.
- Essas pessoas estranhas – eu disse, brincando.
- A gente que é diferente, Clara!
- É verdade... - ri, lembrando da Alex falando que eu era estranha. – Eu me senti uma alienígena lá com os amigos dela! Eles riam de coisas que não faziam sentido nenhum para mim! – disse ainda rindo.
- Foi tão ruim assim?
- Na verdade, não... Fui olhar as estrelas deitada na areia e ela foi atrás. Até demos um mergulho no mar. – disse, sorrindo com as lembranças. – Quando ficamos só nós duas foi muito bom! E ela até me deu uma cantada.
- Mas já? – Rafaela riu. – Clarinha, há quanto tempo que você está sem ninguém?
- Muito! Você sabe...
- Então, relaxa... Curte um pouquinho.
- Mas você sabe que essa coisa de ficar por ficar não cabe mais na minha vida. E já vi que somos muito diferentes. Ela não faz a menor ideia de todas as questões que são essenciais na minha vida. – falei, lembrando nossas conversas. – Apesar de que parece se interessar muito quando conversamos.
- Clarinha, um passo de cada vez. Não se prenda muito. Por que não faz um evangelho e uma prece para seu mentor?
- Boa ideia! Alias, já está tarde e tenho que acordar cedo amanhã para aula.
- E relaxa, está bem? Não fica pensando demais!
- Pode deixar!
- Uma coisa: amanhã, quando passar na escola, não esquece de deixar o livro que o Jorge pediu para o projeto dele.
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Apesar de ser lua cheia
RomanceAlexandra tem vinte e três anos e não gosta de responsabilidades. Tudo o que ela quer é continuar vivendo de bares, festas, boates, bebidas e mulheres. Tentando adiar sua formatura em Letras e o dia em que terá de começar a trabalhar, Alex decide fa...