Quatro anos depois
- Mãe, a Rebecca teve pesadelo – fui acordada por Vinícius. – Trouxe ela aqui para dormir com vocês.
Olhei para Becca com carinha de medo e peguei-a no colo.
- Vem cá deitar com a gente, amor – falei, colocando-a entre Clara e eu.
- Tudo bem, linda? – perguntou Clara, acordando.
- Tive pesadelo – falou a menina.
- Está tudo bem, filha – acalmou Clara, abraçando a menina, que rapidamente relaxou.
- Vem cá, Vini. – Aproximei-o para que ficasse perto da irmã. – Deita com a gente também.
Rebecca se aninhou nos braços de Clara e percebi que Vinícius, vendo a irmã serena, também relaxou e dormiu ao nosso lado.
Ainda fiquei acordada um tempo olhando para os três: as pessoas que eu mais amava nesse mundo. Clara e eu adotamos os dois irmãos e já tinha dois anos que eles estavam conosco e eram oficialmente nossos filhos. Rebecca estava apenas com três anos e Vinícius com sete quando os adotamos e agora já contavam cinco e nove anos. Decidimos por adotar uma criança crescida porque não valia a pena esperar um bebe nascer enquanto havia várias crianças mais velhas que precisavam de pais, no caso... mães! Como os dois eram irmãos, não conseguíamos nem cogitar a hipótese de separá-los e, como eles nos conquistaram, hoje a família deles, que era apenas de dois, tem mais de trinta pessoas. Ganharam duas mães, dois avôs, duas avós e incontáveis tios e tias, além de vários primos, como a filha da Laura e do Eduardo, a Vitória.
No início, eles eram muito tímidos e não se desgrudavam. Até hoje Vinícius tem um instinto protetor muito forte com a irmã e nós admiramos muito esse carinho. Com o tempo, fomos ganhando a confiança dos dois e hoje nós quatro somos uma família unida.
Levantei da cama para beber um pouco de água da fonte antes de voltar a dormir e sorri ao perceber que aquela casa não era mais a mesma. Tivemos que fazer uma obra para dividir o andar de cima, que passou a não ser apenas nosso quarto, mas também outro quarto para nossos filhos.
A biblioteca passou a ter uma sessão infantil e o jardim passou a ter temperos e plantas escolhidos pelos dois, que adoravam plantar junto conosco.
Sorri ao entrar na cozinha e acordar Bernardo Soares, que dormia tranquilamente. Ele saiu correndo e subiu para o quarto junto comigo. Chegou percebendo a família unida e deitou na cama junto conosco, ficando perto de Vinícius. Percebi que Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos também se aconchegavam em partes diferentes do quarto e sorri pensando que realmente a família estava toda reunida.
Agradeci mentalmente pela benção que era tê-los em minha vida. Não havia sido nada fácil a adoção e o início deles morando conosco, já que estavam bem acuados, mas, agora, percebo o quanto vale a pena cada desentendimento do dia-a-dia, para que possamos ter um lar de paz, amor e felicidade.
...
- Bom dia, mãe! – falou Vinícius, sorridente, pulando na cama e nos acordando. – Eu e Becca colhemos algumas coisas no jardim para fazer o suco!
- Isso que é jeito bom de ser acordada – falei, beijando-lhe a face.
- Mãe! – falou sacudindo Alex, que ainda dormia serenamente. – Acorda!
- Bom dia – falou, ainda sonolenta, mas depois que despertou começou a fazer cócegas em Vinícius, que ria muito. Rebecca chegou e também quis fazer parte da brincadeira.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Apesar de ser lua cheia
RomansaAlexandra tem vinte e três anos e não gosta de responsabilidades. Tudo o que ela quer é continuar vivendo de bares, festas, boates, bebidas e mulheres. Tentando adiar sua formatura em Letras e o dia em que terá de começar a trabalhar, Alex decide fa...