Capítulo 6 - As estrelas que andam se escondendo por aí

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Cheguei em casa sorridente pelo dia que havia passado com Clara. Conhecer a escola tinha sido mágico e eu nem entendia ao certo porque estava tão feliz por causa de apenas uma escola. Mas o incrível é que eu nunca havia me sentido tão à vontade em algum lugar como havia sido naquele dia, nem mesmo no bar perto da faculdade que frequentava toda semana. E aquele terreno lindo, onde eu havia passado um dia, despertou em mim sensações desconhecidas. Aquelas pessoas sorridentes e simpáticas que me receberam com carinho sem nunca terem me visto, que responderam todas as minhas perguntas com paciência e calma, que tocavam músicas falando de felicidade e amor e que riam sem precisar de álcool, que pareciam se importar com uma completa estranha como eu, mesmo eu não me sentindo nem perto de uma completa estranha naquele lugar. Tudo isso me deixava... com medo. Medo?

Espantei esse pensamento e dirigi minha mente até Clara e seus sorrisos confortantes, que me acolhiam. A Clara que eu conhecia há poucos dias, mas parecia conhecer de muito tempo. "Se essa coisa de reencarnação existe mesmo, então tenho certeza que nos conhecemos de outras vidas". De repente, ri do que eu pensei. Estava mesmo pensando isso? Bom... Fazia sentido, mas nunca havia acreditado em nada disso. "Alex, você acredita em Deus?", a pergunta voltou a martelar em minha mente.

De repente, peguei o livro que ela havia me dado e abri na primeira página, deparando-me com uma declaração escrita por ela: "Alex, você adora fazer perguntas e neste livro tem 1018 delas. Espero que algumas destas respostas sejam as que você procura. Beijos, Clara".

Pulei a Introdução e abri na primeira pergunta: "Que é Deus? Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas." Lembrei de nossa conversa, quando ela me disse isso.

Continuei lendo o livro. "Provas da existência de Deus": "Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus? Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e vossa razão vos responderá".

"Faz sentido", pensei. Muito sentido. Nunca havia realmente pensado sobre isso. Gostei.

Voltei algumas páginas e comecei a ler a introdução, que eu havia pulado. Fiquei bastante tempo me surpreendendo com a clareza e a didática com que Kardec explicava as coisas. E de repente muita coisa começou a fazer sentido. Senti que ligava os pontos, que a vida era maior do que eu conhecia. Não me deixei pensar muito se estava acreditando ou não, só sabia que estava gostando.

Quando me dei conta, já estava na metade do livro e Lucas e Paloma chegaram em casa. Fingi que estava dormindo porque não queria que me perguntassem demais sobre o meu sumiço. Só queria ler. Então, quando deitaram, peguei o livro de novo e continuei a leitura até pegar no sono e acordar com ele em cima de mim.

Estava meio perdida e, quando fui olhar a hora no celular, percebi que já passavam das quatorze horas. Fui até a cozinha e encontrei um bilhete na geladeira avisando que estariam na praia, para eu ligar quando acordasse.

Fui encontrar com eles, mas estava um pouco mais silenciosa. Meus amigos reclamaram e eu tratei de esquecer um pouco o tal livro que havia mexido comigo. Ficamos na praia até a noite bebendo cerveja. Toda vez que olhava para o mar, sorria ao lembrar da Clara e de quando pulamos. Nada disso passou despercebido pelos meus amigos.

Voltamos para casa e ainda li mais algumas perguntas antes de me arrumar para ir para uma boate com Paloma, Lucas e Felipe. Mas, chegando lá, não tive vontade de ficar com nenhuma menina, só queria dançar e me divertir.

- Aquele loirinha ali está te dando um super mole! – falou Felipe.

- Hoje eu quero só dançar! – falei para ele, que ficou surpreso.

Apesar de ser lua cheiaOnde histórias criam vida. Descubra agora