No dia seguinte, tomei café-da-manhã com Clara e depois ficamos na biblioteca namorando e conversando sobre livros, quando conseguíamos desgrudar os lábios. Fiquei pensando sobre o que estava acontecendo comigo e da maneira como me sentia envolvida em seu mundo, que agora parecia ser meu também. Queria ficar o tempo inteiro com ela, mas minha mãe me ligou em dado momento perguntando se eu iria almoçar lá, já que não havia ido na semana anterior. Despedi-me de Clara com um beijo longo no portão e a promessa que ligaria mais tarde.
Saí de lá e fui para o apartamento tomar um banho, já que estava com uma blusa de Clara e a mesma calça desde sexta-feira. Quando cheguei, o apartamento estava vazio, mas havia um recado na geladeira dizendo que os dois haviam ido na praia. Ele terminava da seguinte forma: "A geladeira tem sido melhor de comunicação que o seu celular". Realmente não havia dado muita bola ao aparelho, que tinha algumas mensagens do Lucas e da Paloma chamando-me para alguns programas desde sexta-feira a noite. Acabei respondendo-os finalmente e disse que iria almoçar com meus pais e não os encontraria na praia. "Finalmente deu sinal de vida, criatura", respondeu Lucas.
Tomei um banho rápido e fui para a casa dos meus pais. Ainda estava radiante com o fim de semana perfeito e mandei mensagem para a Clara antes de chegar, dizendo que sentia falta de seus beijos. Vi sua resposta dizendo que também e falando para nos vermos no dia seguinte. Respondi que sim e entrei na casa dos meus pais.
- Oi, mãe – disse, sorridente, e aproximando-me para abraçá-la.
Ela não esperava a minha reação, mas vi que sorriu quando me abraçou de volta. A mesma coisa com meu pai... Acho que esse lance de abraço pega!
- Estávamos te esperando! Estou morrendo de fome! – falou meu pai.
- Vamos assistir ao jogo depois, pai?
Ele concordou e sentamos à mesa.
- Mãe, conheci uma escola muito legal! – comecei a contar do Colégio Eurípedes Barsanulfo e até expliquei a minha mãe quem ele era. Ela e meu pai pareciam interessados. Minha mãe até começou a conversar sobre educação comigo e eu lembrava de tudo que havia aprendido na escola e com a Clara.
- E as crianças estudam mesmo podendo fazer outras coisas?
- Sim, mãe... Lá na escola elas aprendem autonomia e sabem exatamente o que devem fazer e fazem, sem ninguém ter que ficar mandando – expliquei.
- Mas que sonho de escola! Queria que tivesse uma dessas antes de eu ter me aposentado – brincou.
Continuei contando e nosso almoço não foi silencioso como geralmente é. Terminamos de comer e ainda ficamos conversando. O assunto foi mudando e fui contando como estava na faculdade. Minha mãe contou como estavam seus dias e meu pai também. Quando nos demos conta, minha irmã já havia chegado, sozinha.
- Cadê o pequeno? – perguntei depois de a abraçar.
- Está em casa com o pai. Eu quis dar uma fugida e vim lanchar com vocês sozinha hoje. Almoçaram agora? – perguntou vendo a mesa ainda posta.
- Não... Já tem tempo. Estávamos conversando e nem vimos o tempo passar – disse minha mãe.
Ajudei-a a tirar a mesa e lavar os pratos. Ela olhou-me surpreendida e eu sorri para ela. Fui contando da escola para minha irmã também e ela adorou. Lanchamos animados, conversando sobre um monte de coisas. Depois assisti um dos jogos com meu pai, e fiquei acompanhando o resultado do jogo do meu time pelo celular, já que o jogo que estava passando não era aquele. Meu time acabou perdendo, mas não me irritei apesar de ter ficado triste. Lembrava da Clara e tinha vontade de sorrir. Saí um pouco da sala, onde todos estavam, e fui para um canto da varanda para ligar para ela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Apesar de ser lua cheia
RomansaAlexandra tem vinte e três anos e não gosta de responsabilidades. Tudo o que ela quer é continuar vivendo de bares, festas, boates, bebidas e mulheres. Tentando adiar sua formatura em Letras e o dia em que terá de começar a trabalhar, Alex decide fa...