Capítulo 8 - Meu amor é sinestesia e oxímoro

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Cheguei na aula e, mais uma vez, Alex já estava sentada, sorridente. Suas feições, quando não estava de ressaca, eram bem mais belas e tranquilas. Abracei-a e sentei-me na sua frente, já que a cadeira a seu lado estava ocupada.

- Está chegando cedo! – comentei virada para ela.

- Você também! – sorri.

- É, às vezes me atraso quando faço o suco de manhã ou passo na escola antes de vir.

- Clara, qual o nome da escola? – perguntou depois de uma pausa.

- Colégio Eurípedes Barsanulfo – disse, sorrindo.

- Quem é esse? – perguntou, curiosa como sempre.

- Ele é o mentor do nosso trabalho! – falei. – Quando encarnado, foi um médium e um educador. Segundo José Pacheco, a escola que ele abriu, o Colégio Allan Kardec, foi o projeto educacional mais avançado, no mundo, do século XX.

- Nossa! – falou.

Vi que a professora ia começar a falar, então completei antes de me virar para frente:

- Pesquisa um pouco sobre ele depois! Vale muito a pena!

O primeiro grupo começou a apresentar e falavam sobre educação infantil. Utilizaram o Power Point e basicamente falaram sobre os PCNs e alguns métodos de educação infantil. Se prenderam bastante no método montessoriano e fiquei feliz da Alex estar ouvindo aquilo.

Ao fim da aula, fomos na lanchonete. Tomei um suco e ela, Coca-Cola, seu vício.

- Por que gosta tanto daqui? – perguntou-me.

- Aqui é o único lugar do campus que vende suco direto da fruta. Os outros são polpa congelada ou aqueles refrescos que tem tudo menos a fruta dentro...

- Qual o problema da polpa?

- O congelamento mata a fruta.

- Como assim? – curiosa, como sempre.

- Tanto as frutas quanto as hortaliças que comemos têm uma informação dada pela terra.

- Não lembro de nada disso no "O Livro dos Espíritos" – falou, confusa.

- Não é de lá. Isso é pesquisado por biólogos e se trata de alimentação viva. O Suco da Luz do Sol faz parte disso.

- E como é essa alimentação?

- Então – voltei à explicação. – Essa informação dada pela terra está num silício protegido por uma partícula de água. É como se fosse um chip, igual a um chip de computador. Se pegarmos esse chip e congelarmos, ou então cozinharmos e depois secarmos bonitinho para colocar no computador de novo, ele não vai funcionar. Porque quando congelamos ou cozinhamos, a partícula de água se rompe e a informação se perde. Com o que comemos é a mesma coisa. O congelamento e o cozimento matam as frutas e as hortaliças que, quando ingeridas, produzem substâncias ácidas em nosso organismo, que, quando nascemos, é básico. Então nosso corpo entende aquilo como uma ameaça e começa a se proteger.

- Então, toda hora que como um pão, meu organismo acha que é uma ameaça?

- Exatamente! E isso gasta muita energia do corpo. Quando comemos as frutas e hortaliças cruas, juntamente com as sementes germinadas, nosso organismo recebe em paz e nós sentimos paz – finalizei, mas acabei arriscando e continuei. – Ficamos o tempo inteiro reclamando de guerras, mas fazemos guerras diárias com o nosso corpo. Enquanto não aprendermos a ter a paz dentro de nós, como poderemos construir a paz do mundo exterior?

Apesar de ser lua cheiaOnde histórias criam vida. Descubra agora