Rio de Janeiro, 08 de dezembro 2014

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Oi, mãe.

Estou um pouco sem graça, por isso não falei diretamente com você, preferi escrever. Assim você lê, pensa e depois me procura. Até porque, se a senhora ainda não conversou comigo sobre isso é porque também deve ficar sem graça. Acertei?

Bom, a questão é a seguinte: eu tenho determinado comportamento que não sei por que tenho. Quero dizer, eu faço coisas, ou melhor, deixo de fazer coisas... resumindo: eu digo não sem saber por que. Assim como a senhora faz. Eu acho.

Sim, eu acho que muitas vezes a senhora me diz não sem saber o porquê, mas dessa vez o assunto não é entre eu e você, é entre eu e o Gui. Preciso da sua ajuda para tentar me entender.

Sabe, o Gui é mais velho, então... então ele quer algumas coisas a mais, sabe? Não! Não é nada demais, mas... Mãe, ele me pergunta "por que não?" e eu simplesmente não sei responder!

Em março vamos fazer dois anos de namoro e ele não aguenta mais esperar por algumas coisas (e eu também não!). Quando a gente tá junto, quando a gente se beija, cada vez dá vontade de alguma coisa nova e toda vez que ele tenta inovar eu digo que não! EU DIGO NÃO SEM SABER POR QUE ESTOU DIZENDO NÃO! Isso faz sentido?

Bom, a minha questão é: por que eu não posso dizer sim? Por que eu fico me privando de fazer uma coisa que estou com vontade de fazer? Existe alguma justificativa para isso, mãe?

Eu sei que o Gui me ama. Ele já provou isso. Então, eu queria saber se tem um tempo certo para cada coisa acontecer, como em um manual instruções sobre o que pode ou não pode rolar entre um menino e uma menina com determinada idade e determinado tempo de namoro. Isso é até meio cafona, porque eu tenho muitas amigas que não se preocupam com nada disso e fazem tudo o que sentem vontade de fazer, mas... eu não sou assim. Eu não tenho sido assim. Porém, quero uma justificativa para eu ser assim. Você acha que existe um porquê para os meus nãos? Porque, se existir, eu posso explicar para o Gui e ele vai ficar mais tranquilo. Talvez. Você está entendendo?

Parece idiota. Me sinto idiota. Mas nunca falamos sobre isso. Não queria agir só com base nos conselhos das minhas amigas. Eu respeito você, mãe. Eu respeito a educação que a senhora me deu e queria uma orientação quanto a isso. A senhora sacou de que "isso" eu estou falando? Hm... beijos, abraços, carinhos, mãos... essas coisas mais... hm... quentes? Ah, que vergonha!

Por mais que seja absolutamente difícil ter uma conversa tranquila com a senhora, eu queria tentar, eu preciso tentar.

Quando a senhora se sentir pronta, me procura?

Beijos da sua filhota.

Mãe, esse livro é pra você!Onde histórias criam vida. Descubra agora