Quanto mais eu cresço
Quanto mais eu penso
Quanto mais eu vejo
Quanto mais eu vivo
Quanto mais eu convivo minha fantasia se desfaz.
Eu queria te amar mais, eu queria te amar tanto... Queria te admirar, me espelhar em você, sentir orgulho, querer ser igual, falar bem para os colegas...
Queria que fosse recíproco.
Que você me admirasse, que sentisse orgulho, que falasse bem de mim. Que me elogiasse, apoiasse, incentivasse. Que se interessasse por mim. Que me respeitasse, orientasse e não controlasse. Que me mostrasse um caminho e que respeitasse caso eu decidisse seguir outro.
Que me visse como alguém.
Alguém que pensa, sente, ama, escolhe, opina, defende e faz parte. E para fazer parte preciso ser levada em consideração. Meus pedidos precisam ser avaliados com bom senso. Seus critérios precisam ser racionais, quero dizer, devem ser independentes de como foi o seu dia, se bom ou ruim. Isso é justiça.
Queria que me ouvisse. Que parasse de gritar. De ser dramática. De ser metódica, estressada, controladora, infeliz. Que se desarmasse, que abrisse espaço para eu entrar, para a felicidade entrar.
Bom... a senhora não é exatamente aquele tipo de mãe que a gente idealiza, que os filmes mostram. Vejo que você não tem muito a oferecer. Gostaria de entender, mas acho que nem mesmo a senhora sabe porquê.
Talvez eu não devesse me meter. Qualquer um diria "desiste, ela não vai mudar", mas eu prefiro acreditar que posso fazer a diferença. Talvez ninguém nunca tenha sido tão franco com a senhora assim, então penso que essa carta está sendo boa. Não está?
Gostaria de resgatar o amor de mãe que há em você e que me faz falta. Adoraria poder contar com a senhora sem medo de represálias. Afinal, se eu não me sentir à vontade para falar, a senhora nada saberá sobre mim e, então, como poderá me educar?
Pensa nisso.
Mas, antes, pensa em si. Só assim poderá pensar em mim...
