Oi, mãe.
Fiquei feliz de, desta vez, a senhora não ter falado na minha frente, mas, de qualquer forma, eu escutei toda a briga. Vocês estavam gritando.
O Lego foi o melhor presente de dia das crianças que eu já ganhei e eu queria muito um cachorro! Eu sei que a senhora não sabia disso, porque eu só comentei com o papai, mas eu queria muito. E eu também não sabia que a senhora teria essa reação. Achei que a gente não tinha um cachorro simplesmente por falta de ideia ou porque nunca tinha aparecido nenhum na nossa porta...
Concordei com a senhora quando você disse para o papai que ele devia ter te consultado, mas eu também concordei com ele quando ele disse que se tivesse te consultado você iria dizer que não. E eu também concordei com ele quando ele disse que você é chata. E que está amarga... Que não tem motivos concretos para não querer o cachorro.
Eu sei que o Lego vai dar trabalho, mas a felicidade que ele vai trazer aqui pra casa compensa! Né?
Eu quis, mas sabia que não podia, me meter na briga de vocês. Então resolvi escrever, para a senhora ler mais tarde...
Mãe, eu queria que você soubesse que eu estou muito feliz, que o Lego vai ser o meu cachorro, vai ser a minha companhia. Queria te pedir para tratar ele bem. Queria dizer que ele pode morar no meu quarto se a senhora deixar. Esse cachorro fofo e maravilhoso já é tudo pra mim e, se a senhora se importar com a minha felicidade, tenho certeza que não vai se importar dele ficar.
E eu também amei o livro que você me deu, tá? Eu queria muito essa continuação!
Boa noite! Te amo!
Ass: Filhota cara de pipoca!
