Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 2015

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Mãe, minha querida mãe,

hoje pela manhã, quando a senhora teve uma discussão séria com o papai pelo simples fato dele querer tirar os álbuns de fotografia antigos do quartinho e juntá-los aos da escrivaninha eu pude sentir a mesma dor dele, porque essa dor é uma antiga conhecida minha.

Não foram poucas vezes que a senhora não se importou com o que era importante para mim, não foram poucas vezes que a senhora julgou os meus sonhos, as minhas ideias ou as minhas vontades como menos importantes que as suas. E com o papai não tem sido, se é que foi algum dia, diferente.

Eu observo o quanto você cobra dele e como ele fica de saco cheio de chegar em casa e ouvir a senhora reclamar de tudo, até do copo fora do lugar. Será que vale a pena reclamar por esse copo? Será que não seria melhor, de vez em quando, simplesmente deixar pra lá?

A senhora se lembra da época em que fez um curso de confecção de scrapbooks e o quanto eu achei isso maneiro? O quanto adorei aquelas mínimas peças? A senhora se lembra que volta e meia o papai chegava em casa com uma folha ou uma cartela de adesivos nova para você? Ele entrou na sua onda. Nós entramos. Mas, depois, a senhora simplesmente deixou pra lá. A "modinha" passou. E é assim mesmo, eu entendo muito bem sobre modinhas. Sou adolescente, afinal.

Só que você... Você, mãe, não entende. A senhora ignorou a minha ideia de criar um blog. Aliás, eu o criei. Tenho mais de 200 seguidores. E, hoje, a senhora disse, bem na cara do papai, que a ideia de fazer a árvore genealógica da família é uma besteira. Por que fez isso? Só porque tirou algumas coisas do lugar? Ou porque a senhora sente prazer em acabar com a alegria dos outros? Me desculpa, mas nas minhas memórias não é difícil achar um momento de riso que se transformou em choro por sua causa.

Não aguento mais sua amargura, mãe. Conviver com a senhora está muito difícil. Por favor, se olhe no espelho. Por favor, se ame mais para poder nos amar mais. Por favor, me escuta. Eu só quero o seu melhor.

Tentar parar de controlar a vida dos outros e olhar mais para a sua vida seria uma boa opção.

Dora.

Mãe, esse livro é pra você!Onde histórias criam vida. Descubra agora