Capítulo 9

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Felipe ainda dizia alguma coisa, os olhos verdes pesados em Pandora. Mas ela estava distraída, encarando os demônios no alto, o sangue borbulhando de ódio.

Como? Era a pergunta que girava em sua cabeça, um eco doloroso Como eles me encontraram aqui? Como eles sabiam que eu estava nesse hotel? COMO?

Mas não tinha como saber. Aquele tipo específico de demônios costumavam ser bem burros, mais ligados aos instintos violentos do que a razão; Pandora já tinha se encontrado com eles vezes o suficiente pra saber disso.

A primeira surpresa fora o número - nunca antes tinha sido atacada por tantos deles de uma só vez. Mas agora isso parecia um mero detalhe, algo insignificante comparado com eles sabendo pra onde ela iria ao fugir.

De novo, a sensação de que tinha algo muito errado acontecendo a invadiu. E ela precisava descobrir rápido o que era.

Observou um demônio sair de um prédio alto pra pousar no telhado do hotel, se juntando aos outros que tinha ali. A menina xingava internamente desde que os vira, mas só percebeu que tinha começado a recitar os pensamentos em voz alta quando Felipe ficou em silêncio e os três a encararam, feridos e incrédulos.

E então Vítor seguiu o seu olhar e começou a xingar também, mas aos berros.

Pandora agarrou a gola de Vítor e Raul e empurrou-os contra a parede, usando o tronco pra fazer o mesmo com Felipe, que estava no meio dos dois.

-- Shiu! - Ela disse enquanto os pressionava no muro.

Esperou, temendo que um demônio os tivesse visto e viesse atrás deles, mas segundos se passaram e nada aconteceu.

Se afastou deles, voltando a xingar baixinho.

A menina começou a andar de um lado pro outro, tentando pensar em algo pra fazer. Ela podia simplesmente ir embora. Se voltasse o caminho que viera em silêncio, os demônios provavelmente não a notariam. Podia roubar um carro, e estaria longe da cidade em minutos.

Mas eles simplesmente dariam um jeito de encontrá-la de novo, e Pandora não podia ir embora sem suas coisas. Havia a mala preta, que de alguma forma desconhecida ocultava seus objetos dos sensores de aeroportos, e grande parte de suas armas ainda estavam lá, junto com seus documentos falsos. E não havia chances de ela deixar suas botas de couro pra trás.

-- O que nós vamos fazer? - Felipe perguntou, o desespero aparecendo em sua voz.

Pandora parou. Estava tão distraída bolando um plano que se esquecera deles.

Ela franziu o cenho, ligeiramente irritada.

-- Nós não vamos fazer nada. - olhou-o nos olhos.

-- O que? - Vítor perguntou, incrédulo.

-- Vocês vão entrar no hotel normalmente e voltar a vida de vocês. Eu vou dar um jeito de pegar o que é meu e ir embora.

Disposta a esquecê-los, ela deu as costas pra eles e voltou a olhar pra cima, pros demônios, tentando se concentrar em um plano.

-- Você não pode simplesmente nos largar aqui! - Raul disse, se aproximando dela - E se eles vieram atrás da gente? Nós estamos em perigo!

A menina se irritou e voltou para encará-lo. Será que era tão difícil pra eles entender que fazia aquilo para mantê-los seguros? Ela também não queria deixá-los, mas precisava, para a própria proteção deles.

-- Vir comigo é ainda mais perigoso. Vocês não entendem? É assim sempre. Eles sempre vem atrás de mim, e vão continuar vindo. Comigo, vocês vão estar em perigo constante.

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