Capítulo 10

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Vou dedicar esse capítulo pra We-Gonna-Get-Free que me ajudou em uns detalhes do livro que são super importantes! Obrigada sua linda! Cê é show! <3 <3
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Pandora estava correndo nas ruas estreitas de alguma cidade. Seu corpo infantil estava coberto por um leve vestido azul, e ela conseguia sentir o laço pesado que puxava partes de seus cabelos compridos pra trás, afastando-os do rosto. Os sapatos envernizados e apertados eram os responsáveis por sua derrota na corrida.

-- Louis! - sua voz aguda gritou, enquanto ela tropeçava nas pedras que incrustavam a rua.

Aquilo era tão injusto. Louis podia usar roupas confortáveis, não aquelas coisas que tinham metido nos pés dela. Não tinha a menor graça competir daquele jeito.

Pandora estancou no meio do caminho e cruzou os braços, fazendo bico.

A risada de uma criança soou a sua frente. Um menino de olhos claros e cabelos castanhos riu dela. Eles tinham a mesma idade e se conheceram em um parque a um mês atrás. Pandora adorava se lembrar da forma em que ele lhe sorriu do nada, e disse que apostava que podia correr mais rápido que ela. Naquele dia, ela não usava seus sapatos chatos, por isso ganhou.

Ele se aproximou alguns passos, ajeitando a boina que usava.

-- Já aceitou a derrota, Dora? - o menino disse em um francês nativo. Pandora emburrou, e ele riu de novo - Então vamos logo! - e pôs-se a correr.

A menininha não pensou duas vezes antes de correr atrás dele. Começou a colocar força nas pernas, muito mais do que lhe recomendavam. Se seu pai ou Alice a vissem agora, ficariam furiosos, mas sua vontade de vencer era muito maior que sua preocupação. E eles nem mesmo descobririam.

Agora que quase alcançava Louis, Pandora começou a rir. Ela só gostava de correr quando podia ganhar.

O menino riu junto e virou-se pra sorrir pra ela. Sua distração o impediu de ver uma pedra levantada a sua frente, e ele tropeçou nela. Tentou se firmar, agitando os braços no ar, mas ele continuou correndo e caindo, até se estatelar no chão, bem no meio da rua.

Pandora riu de todo o processo. Parou de correr para assistir a cena, gargalhando. Ainda se divertia, quando Louis caiu, bem na frente de um automóvel. O mundo pareceu passar em câmera lenta enquanto o veículo avançava e passava sua roda grande e esquelética bem na cabeça do menino.

Ela queria gritar, mas não conseguiu fazer sua boca se abrir pra deixar o som sair. De qualquer forma, as outras pessoas na rua faziam aquilo por ela. Tudo que a criança pode fazer foi encarar enquanto um grupo de pessoas circulavam seu amigo.

Uma mulher se esgueirou até estar no meio da roda, o vestido comprido preso entre as mãos. E então ela começou a gritar:

-- Ele está morto! Ele está morto! - ela se sacudia enquanto tentavam acalmá-la, e seu chapéu caro despencou um pouco, ficando torto.

Pandora teve vontade de esbofeteá-la. Ela estava mentindo. Louis não estava morto. Não podia estar.

-- Louis! - finalmente o som saiu de sua boca, e ela correu, se enfiando sob as pernas das pessoas, tentando chegar no meio do círculo.

Quando chegou, quis ter ficado congelada em seu lugar. O menino estava estirado no chão, a cabeça amaçada, os olhos arregalados e vidrados. Sangue se empossava em seu cabelo, no chão as suas costas, e Pandora não conseguia ver de onde vinha.

PandoraOnde histórias criam vida. Descubra agora