Capítulo 21

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-- Você! — Pandora ralhou, sentindo o ódio doma-lá por inteira. Ela sabia que tinha alguma coisa errada naquela história, não fazia sentido que suas respostas lhe fossem entregue de forma tão fácil. E agora ali estava a pegadinha.

Quando ela deixara aquela adaga para trás a intenção era a de que service de recado, deixando claro pra quem quer que estivesse mandando os demônios atrás dela que derrotá-la não seria assim tão fácil. Eles podiam mandar um exército, e ela estraçalharia todos para se manter viva. A criatura que comandava os demônios teria que ralar para ganhar dela.

E agora ali estava a garota bode falando ser comandante de um exército de sebe-se lá o que no inferno, e entregando essa mesma adaga de volta com um sorriso irônico no rosto. Ela sabia muito bem o que a lâmina significava, e a menina pode jurar que conseguia ver o rosto da outra se contorcendo em diversão mesmo contra a luz.

Era claramente uma emboscada, e ela tinha vindo terminar o trabalho que seus demônios peões tinham começado. Aquilo era a última chance de Pandora, sua última pista depois de ficar tanto tempo sem encontrar nenhuma, e no final era uma armadilha.

Se ela quer um pedaço de mim ela pensou enquanto puxava a única faca que se dera o trabalho de prender na bota então vai ter que brigar pra pegar.

Atirou a faca, mirando o olho direito da garota, colocando todo o ódio que sentia no girar do pulso, querendo destruí-la com aquele material pequeno. Sahaia saltou pra longe no segundo em que a lâmina escapou de seus dedos. Ela rolou pelo toldo, dando uma cambalhota completa antes de pousar com os joelhos flexionados no chão, bem em frente a garota. Seus olhos amarelos pareciam estranhamente surpresos.

- O que? — ela disse, a voz hesitante, o olhar confuso. Ela nem mesmo tencionou alcançar as cimitarras presas às costas, os cabos logo acima dos ombros, a um mover dos dedos para saca-las.

Aquilo deixou Pandora doente. Ela nem mesmo ia sacar as armas? Então ela desprezava a garota tanto assim, ao ponto de menosprezar sua força? Ela a tinha enganado, feito com que acreditasse que realmente pudesse ajudá-la pra tê-la sozinha e agora ia brincar com ela, como se fosse um mero gatinho encurralado?

Ah, mas não ia mesmo.

Ainda mais furiosa, Pandora partiu para o ataque, cortando com o khopesh com toda a força que tinha. Sem as armas, Sahaia não tinha nada para se defender do ataque e tudo que pode fazer foi rolar para longe, mas não sem antes ganhar um corte no braço. A manga da blusa escura cedeu e sangue vazou do corte, tão vermelho quanto o de Pandora, nada escuro como tinha imaginado que seria. Sangue humano, e não de demônio.

- Kali, calma, eu não... — a garota disse, ainda de joelhos, o timbre soando surpreso mas o corpo tenso e preparado para esquivar mais uma vez.

Mas Pandora estava cega de ódio. Tinha sido uma noite difícil; ela estava encharcada, cansada e de saco cheio. Mais ainda, se sentia decepcionada e idiota por, mesmo que apenas uma pequena parte, ter acreditado que aquela garota pudesse mesmo ajudá-la. Ela apenas voou para cima da outra, nem esperando que terminasse de falar, girando o khopesh com violência e tentando separar a cabeça do pescoço.

A menina bode saltou pra longe outra vez, e dessa vez Pandora pode prever o movimento. Ela girou o khopesh no caminho, invertendo o primeiro ataque e voltando-o na direção onde a garota estava agora, ainda em uma posição desajeitada demais para conseguir fugir. Ela quase não teve tempo de sacar uma das cimitarras do ombro e interromper o golpe segundos antes de atingi-la no rosto.

Fagulhas voaram com o arrastar das lâminas e o som alto do aço no aço retiniu nos ouvidos de Pandora, fazendo arrepiar os cabelos da nuca. Ela bufou em frustração por não ter acertado e recuou apenas o suficiente para pegar impulso para o próximo ataque.

PandoraOnde histórias criam vida. Descubra agora