CAPÍTULO 2 Ricardo Gouvea

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CAPÍTULO 2

Ricardo Gouvea

Acordo super bem disposto para uma segunda-feira, cheguei ontem no Rio de Janeiro vindo de Natal, Rio Grande do Norte, minha cidade natal e estou hospedado em um hotel em frente a praia de Ipanema e a vista é maravilhosa essa hora do dia. Me preparo para ir ao trabalho, hoje é meu primeiro dia nesse escritório. Vim transferido de Natal com uma bela promoção e muitos benefícios no pacote, vou ficar um mês hospedado no hotel até encontrar um apartamento e a empresa vai arcar com todos os custos de taxi até eu me habituar a cidade. Mas em compensação terei que me dedicar muito a esse trabalho, pois nesse momento de crise a empresa não tem promovido seus colaboradores e muito menos pessoas com 29 anos para um cargo com tanta responsabilidade.

Coloco uma calça bege, uma blusa social verde com a manga dobrada pois o calor está insuportável no Rio de Janeiro, passo a mão nos cabelos e desço para tomar café da manhã. Em 30 minutos já estou na recepção do escritório, sendo recebido por uma moça muito sorridente que aparenta não ter mais que 20 anos.

-Bom dia em que posso ajudá-lo?

-Bom dia, eu sou o Ricardo Gouvea eu vim transferido e hoje é meu primeiro dia aqui.

- A sim, seja bem-vindo Sr. Gouvea, por favor aguarde que eu vou chamar a secretária executiva para acompanhá-lo.

- Pode me chamar só de Ricardo, fico me sentindo um velho sendo chamado de Sr e Sr Gouvea é o meu pai. Falo e sorrio gentilmente para não parecer grosseiro.

- Ok Ricardo, só um momento que vou ligar para a secretária.

Ela tenta algumas vezes mas não tem retorno e me fala.

- Me desculpe, acho que ela não está na mesa.

- Não tem problema, eu posso ir até a minha sala se você me explicar o caminho.

- Sim, é só você ir reto nesse corredor e depois virar a direita. A sua sala é a número 104.

- Ok, muito obrigado.

- De nada, se precisar de alguma ajuda o meu ramal é 9000.

- Ok, obrigado novamente.

Sigo as orientações da recepcionista e faço uma nota mental para perguntar o nome dela da próxima vez, não gosto de tratar as pessoas pelo cargo, fica muito impessoal. Chegando na sala me deparo com uma vista incrível da praia de Botafogo, fico uns cinco minutos apreciando a vista e depois me dirijo a mesa. Eu cima dela encontro um telefone, um porta lápis, uma tela, teclado e mouse e uma dock station para conectar o meu laptop. Retiro o laptop da mochila e conecto na dock e aguardo o reconhecimento mas nada acontece, reparo que a dock está com as luzes apagadas e tento descobrir a fonte do problema, mas depois de quase meia hora tentando eu desisto e resolvo pedir ajuda a área técnica. Ligo para o ramal da recepção e informo o meu problema a Renata (Lembrei de perguntar o nome dela) e ela vai enviar o pessoal do TI para me ajudar. Enquanto aguardo resolvo verificar se a dock station está ligada na tomada e me enfio debaixo da mesa para olhar melhor o emaranhado de fios que se encontra por lá. A mesa tem uma madeira que esconde a visão dos fios para quem entra na sala mas não alcança o chão e na posição que estou consigo ver o chão e a parte de baixo da minha porta. Estou destraído com os fios quando escuto alguém entrando na sala e devido a minha posição acabo olhando para os pés da pessoa que acaba de entrar e a visão que tenho me faz paralisar.

O que para na minha frente são os pares de pé mais lindos que eu já vi na vida, não que eu repare muito os pés das pessoas, mas esses são tão simétricos, as unhas bem cuidadas pintadas de uma cor clara e para completar estavam calçados com uma sandália vermelha de salto, que me fez pensar em ter esses pés pisando no meu peito nu. Imediatamente sinto um movimento estranho dentro das calças. Não fico excitado com a visão de uma mulher, principalmente com parte dela, desde a minha adolescência e me sinto estranho com esse sentimento.

Estou perdido em pensamentos e sensações quando escuto uma voz doce chamar:

- Sr Gouvea.

Me assusto saindo do meu devaneio e levanto rápido me esquecendo que estou debaixo da mesa e bato com a cabeça nela provocando um estrondo e escuto seu gritinho de susto pelo barulho. A dona dos pés se abaixa tentando me encontrar e continua me chamando.

- Sr Gouvea, está tudo bem com o Sr? Se machucou?

Levanto, dessa vez com cuidado e saindo de baixo da mesa com calma para não bater em mais nada e prendo a respiração quando me deparo com o rosto dono daquele par de pés. Parado na minha frente com uma expressão um pouco apreensiva está o perfeito exemplar da mulher brasileira, ela tem a pele clara mas não é branca, tem um amarelado bonito, os cabelos castanhos estão presos em um coque mas posso reparar que são cacheados, os olhos também são castanhos escuros mas muito expressivos. Quando olho para o corpo dela, não resisto e solto um suspiro pois meus pulmões já estão queimando de tanto segurar o ar. Ela é pequena, mas com tudo proporcional, os seios tem o tamanho exato para as minhas mãos...mais uma vez sinto o incomodo dentro das minhas calças e percebo que estou me mechendo para tentar aliviar a pressão. Retorno meu olhar para seu rosto e percebo que ela me olha de forma firme, talvez percebendo que a estou fitando dos pés a cabeça.

Para remediar a situação estico a mão e me apresento.

- Olá, sou o Ricardo Gouvea.

- Bom dia, Sr Gouvea, eu sou a sua nova secretária executiva, me chamo Ana Gabriela.

Ela se adianta e nem me deixa falar e acrescenta.

- Vim a pedido da Renata, ela me informou que o Sr está tendo algum problema para se conectar. Estamos tentando localizar o responsável pelo TI logo ele estará aqui para ajudá-lo.

- Ah sim, eu não consigo conectar meu laptop, acho que a dock station está sem energia. Estava debaixo da mesa tentando localizar a tomada, mas os fios estão muito embolados e não consegui identificar qual pertence a dock.

- Não se preocupe o Eduardo é muito competente e logo resolverá o problema.

Nesse momento entram na sala a Renata recepcionista e um rapaz alto, meio desengonçado e com um óculos de aro grosso, típico do pessoal que trabalha no TI. A Renata vai logo se desculpando pela demora e me apresenta o tal Eduardo, que me comprimenta.

- Muito prazer Sr Gouvea.

- Por favor, me chame de Ricardo.

- Ok, em que posso ajudá-lo?

A Ana Gabriela se antecipa e vai logo dizendo que acha que esqueceram de ligar a parte elétrica da sala já que a dock não está acessa. O Eduardo vem na minha direção e se abaixa para olhar debaixo da mesa e logo diz:

- Sim acho que é isso pois a dock está na ligada na tomada.

Então ele anda em direção a minha secretária com um sorriso no rosto e fala: - Nossa Gabi, tenho que tomar cuidado, daqui a pouco você rouba meu emprego. Ela sorri, segura em seu braço e responde.

- Deixa de ser bobo Dudu, você é o melhor.

Esse movimento me deixa apreensivo e me sinto estranho com uma sensação que eu não sei descrever, talvez um pouco de inveja? De onde eu tirei isso? Acho que é o calor do Rio de Janeiro. Nesse momento Ana Gabriela se vira pra mim.

- Sr Gouvea, vou solicitar ao monitoramento para ligar a parte elétrica da sala, em poucos minutos a dock station e o telefone estarão funcionando. O Sr precisa de mais alguma coisa?

- Não, obrigado.

Foi tudo que consegui dizer no meu atual estado de atordoamento com a situação anterior.

Todos se retiram da minha sala e eu fico observando a paisagem esperando que o meu batimento cardíaco e a minha respiração voltem ao normal.


No Ritmo do ZoukOnde histórias criam vida. Descubra agora