Aia ou Madre?

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Por todo lado ela via a escuridão, à frente os fogos menores em imensos archotes dançavam em vários lugares.

Quando avançaram um pouco mais, Panda olhou para todo lado, procurando algo diferente, a vida tão falada lá embaixo, procurou os animais que estavam fazendo tanto barulho quando ela estava com o capuz, mas a pouca iluminação não a deixou ver nada de interessante, somente pessoas e isso ela sempre via pelos corredores da colônia.

Porém, esses eram... Esquisitos. Panda homens vestidos de forma estranha que esticavam um pano de cor alaranjada e amarravam em grossas varas de madeira.

— É uma tenda para vocês se recomporem da viagem.

Panda quase soltou um grito, era a voz do rato, mas não era mais um rato. — O que é você?

— Sou um feiticeiro, minha cara. Não dos melhores eu tenho que admitir, mas rato é minha especialidade.

— Porque não foi como uma pessoa ao invés de ir de rato nos tirar de lá?

— Um rato tem liberdade para andar por muitos espaços sem ser visto e um homem não, por isso eu sabia o nome de todos, pois os observei por uns dias antes de me aproximar.

— Mas você nem é um idoso, como pode saber essas coisas?

O homem ainda jovem de olhar negro e semblante inteligente franziu o cenho. — Que coisas?

Panda o olhou de esguelha com uma imensa vontade de chamá-lo de idiota por não entender sua pergunta. Ele soltou um meio sorriso como se tivesse entendido sua intenção.

— Ok. Vamos colocar assim, não sou um feiticeiro de verdade, entende? Não ainda, falta muito para chegar lá. Porém, sou da confiança do rei, tenho um exército se precisar e como sou feiticeiro negro não preciso disso, minha arma é minha mutação e ainda estou desenvolvendo e aprendendo muitas coisas, não sei manusear nada além de um bastão, mas tenho a natureza ao meu alcance.

Panda não entendeu nada, mas não quis fazer mais perguntas, estava quase desmaiando de fome e cansaço. Não demorou muito para aparecer dois homens para levá-los a tenda.

Quando eles entraram, Panda encontrou o ancião e o rato de novo. Não lembrava quando o viu sair de perto dela e já estava com raiva de ele estar se intrometendo em todos os lugares, mas não podia deixar de ficar mais calma com sua presença. Ele era a única coisa que ela tinha de próximo além dos colegas que se encontravam mais em estafa do que ela.

— Me perdoem nossa falta de sensibilidade com o sofrimento de vocês meus pequeninos. — Disse o ancião. — Não podíamos parar enquanto não houvesse segurança e então achamos por bem seguir viagem enquanto era dia e deixar para cuidar de vocês quando a noite caísse.

— Suas palavras são confusas, senhor. — Disse Cisco.

Panda afirmou, pois também não entendeu nada daquilo, o ancião os olhou por um longo tempo antes de se mover.

— Se quiserem uma rápida aula sobre o básico posso vos dar, mas somente se sua curiosidade for maior que seu cansaço e sua fome.

Todos negaram com a cabeça olhando para os lados para achar a comida.

— Não se afobem. — Ele apontou o dedo para um lado da tenda. — Atrás daquela cortina irão encontrar tinas com água e duas Aias para ajudar a limpar vocês. Depois disso poderão comer o quanto conseguirem e até fazer perguntas. — Ele sorriu antes de concluir. — Se lembrarem delas.

Todos correram na mesma direção sem levantar palavra sobre o assunto, apenas seguiram ordens e passaram a cortina. Panda não se moveu, estava ali ainda parada.

Sanoar 1- Crianças Herdeiras-(DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora