Como se pressentisse o perigo, ele fico alerta a encarando ainda mais curioso.
Panda perguntou assustada. — O que é você?
— Um rato eu disse.
— E o que é um rato eu disse?
— Rato, eu sou um rato.
Isso não ajudou muito Panda a descobrir o que ele era. — E o que é um rato?
— Me pegou, um rato é um rato desde os primórdios do mundo.
— E esse Primórdio do mundo fica onde? Nas terras Ermas lá em cima?
A voz afinada ainda lembrava a ela alguns homens da colônia, ele era diferente em tamanho, mas tinha a voz humana como todos ali dentro. O rato a olhava como se já esperasse aquela ignorância toda, parecia estar esperando que ela agisse daquela forma, ou mesmo, parecia se adiantar a ela em seus pensamentos.
— Lá vou eu de novo explicar pela milésima vez isso, Primórdio é um tempo indefinido, quer dizer que desde que o mundo existe o rato existe, entende?
Panda não entendia então negou e insistiu. — Se você existe há tanto tempo assim, porque nunca ouvi falar de você?
— Não seja tola, sabe que é proibido falar sobre qualquer coisa do passado em colônias. Tenho certeza que nessa não é diferente.
— Porque você fala e as galinhas não? Quero dizer... Elas falam, mas eu não as entendo como estou entendendo você. E outra coisa, só existe essa colônia porque nunca ouvi falar de outra além dessa, todos estão aqui aguardando o dia de seu turno, as crianças crescendo para começarem seus turnos também. Os que não aguentam mais trabalhar estão dentro de suas tocas esperando o dia em que irão para o mundo do fogo, lá vão descansar de todos os turnos que enfrentaram e voltarão a ficar jovens quando estiverem prontos para nascer de novo e voltar à colônia novamente.
Panda ouviu o som impaciente e descrente do rato, era um som normal que qualquer pessoa faria e não gostou de sentir que ele estava rindo dela.
— Você me entende porque eu permito isso menina, e como todas as crianças que encontrei, está falando um monte de bobagens. Acha que os mais velhos acreditam nessa baboseira toda? Eles aceitam isso para não serem deixados aos perigos ou mesmo virarem alimento. Mas jamais será assim como você disse por que isso tudo não existe.
Panda abriu a boca para retrucar, mas o ratinho foi mais rápido e continuou falando.
— Essa é uma colônia das muitas espalhadas pelas terras ermas, e os idosos não obterão recompensa alguma renascendo e voltando nessa ou em outra igual essa. O máximo que conseguirão alcançar, será uma morte e um descanso eterno. Até porque voltar para uma colônia Piromanto não seria nenhuma recompensa e sim uma sina que ninguém deveria almejar.
Panda não disse nada, apenas assentiu concordando. Já havia conversado e escutado histórias demais dos idosos para ficar surpresa com aquilo, sua única surpresa com aquelas palavras era sobre a existência de mais colônias como aquela.
Como se fosse possível existir lugares e pessoas que ela não tivesse visto, e o mais estranho... O caminho para se chegar lá. Nunca tinha ouvido falar que dava para sair da colônia a não ser pela única saída para o trabalho de turno que se resumia segundo os Piromantos, em cavar e cavar até dar mais conforto para os que viviam apertados nas tocas.
O que sempre justificaria o sumiço de um ou outro coloniado. Panda sempre achou que essas pessoas que sumiam eram transferidas para as novas tocas criadas, para dar mais espaço e poder melhorar a vida deles.
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Sanoar 1- Crianças Herdeiras-(DEGUSTAÇÃO)
FantasiResgatados de colônias subterrâneas não conheciam nada. Nunca tinham visto a luz do sol. Não sabiam o que ia acontecer com eles, apenas descobriram que foram enganados o tempo todo. O elementais deram a eles uma chance de resgatar suas vidas per...