Primeira visão de si mesma

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Na tenda não havia nem mesmo uma panela. O ancião e o rato já não estavam mais ali. Olhou desolada para o lugar, tinha perdido a hora e a comida havia sido retirada ou não tinham deixado a ela uma tigela.

— O que foi porque parou ai?

— Cadê a panela de comida para eu pegar minha tigela?

Délia não disse nada apenas balançou a cabeça rindo e a segurou pela mão. — Vem comigo.

Ao saírem da tenda o cheiro que Panda sentiu foi totalmente estranho aos seus sentidos, mas achou tão gostoso que seu estômago criou vida e começou a esmurrar a pele da barriga. A frente viu um monte de pessoas que estavam sentados por todos os lados comendo, e havia uma mesa simples com um banco de cada lado.

— Sente-se criança. — Disse o ancião.

Panda não discutiu, apenas copiou seus amigos que já se encontravam ali comendo, alguns lambuzados e outros com as bochechas dilatadas de tanta comida que haviam colocado a boca.

Havia tanta coisa na mesa que Panda não sabia por onde começar. O cheiro de frango assado a atraiu e sem pensar pegou a travessa e puxou para perto arrancando uma coxa, a primeira mordida foi um enorme naco e ainda assim ela mordeu novamente sem ao menos engolir o que já estava a boca, logo ela também estava com as bochechas dilatas de tão cheias.

A sensação do gosto era maravilhosa, de repente a curiosidade dos novos sabores tomou conta de si quando Delia colocou perto dela um prato cheio de coisas diferentes.

— Resolvi preparar um prato para você antes que você pegue todas as travessas.

Panda parou no meio da mordida. — Era de todos vocês esse frango?

O rato rindo respondeu apoiando o queixo em uma mão. — Tecnicamente sim, normalmente teria que ser para todos tirarem um pedaço. Não é como se tivesse uma travessa com um frango inteiro para cada um puxar para si, mas...

Panda sentiu o rosto queimar e se levantou de um salto. — Sinto muito, nem pensei...

O ancião levantou a mão, apaziguador. — Não tem com que se preocupar, na verdade nem achei o frango tão saboroso assim. Se você gostou dele pode continuar, assim não teremos desperdício de comida.

Ainda receosa pelo seu ato ela sentou olhando para os colegas que ainda atacavam ferozmente o prato, ao observar seus pratos bem menores que uma travessa ela se deu conta que ali tinha um pouco de cada coisa, mas eram apenas porções.

Cisco olhava para ela com os olhos brilhando de diversão e Davi com as bochechas rosadas também, Ézio se manteve de cabeça baixa, Mir ainda meio assustado com a enorme travessa a sua frente também parecia não conseguir se segurar por muito tempo.

Panda não resistiu com aquelas caras disfarçadas dos colegas, e logo os cinco riram alto, balançaram a cabeça continuaram a comer e a rir sem conseguir se controlar. Rato, o ancião e Délia se mantinham ali divertidos com a festa daquelas cinco crianças famigeradas.

Panda se sentia estranha com aquela liberdade, nunca antes tinha rido alto daquela forma, isso na colônia teria chamado a atenção de diversos aprendizes e com certeza teria tido consequências.

Poder experimentar todos aqueles sabores, sem nenhuma restrição era como um tipo de paraíso narrado pelos anciões.

Conseguiu ver que a cor do cabelo de Ézio e Davi, era de um castanho escuro quase preto e do Mir era amarelo e não cinza mais claro que os outros da colônia como sempre pensou. Passou a olhar para todos com curiosidade agora, viu que Cisco tinha olhos claros, mas ela não sabia dizer que cor era direito. O brilho que tinha sobre a luz das tochas era impressionante.

Sanoar 1- Crianças Herdeiras-(DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora