Secret Valentine. Jack Gilinsky. Tradução PT-PT

Capítulo 15: Ir Devagar

É muito difícil voltar para o que as coisas costumavam ser, quando começas a amar as mudanças que alguém fez na tua vida. É tipo, num minuto estás a comer a batatas fritas normais do McDonals e de repente alguém te mostra uma caixa com a mesma coisa, mas ainda com o Jack lá dentro. As batatas com o Jack lá dentro são tipo a melhor forma de batatas no mundo. Depois, tu tentas comer as batatas normais e não sabe tão bem porque já provaste as melhores do mundo. As coisas já não eram as mesmas. É como se tivéssemos descido de nível. Okay, foi uma metáfora terrível mas é como me sinto. Num minuto estava com todas as pessoas que pensava que eram meus amigos, e, no minuto seguinte, percebi que eles não são meus amigos. São amigos do Jack e neste momento eu não posso andar perto dele. Às vezes eu penso sobre o que faria se pudesse continuar a fazê-lo, mas eu não sei. O quanto eu quero estar perto destas pessoas é quase tanto quando eu quero que as coisas voltem ao normal entre mim e o Jack.

Dantes, a escola era, normalmente, fácil de 'ultrapassar'. Focava-me em cada aula. Fazia todos os trabalhos. Inscrevia-me para tudo o que pudesse, para ter a certeza que não tinha tempo para pensar. Quando chegava à hora de almoço ia para a biblioteca fazer mais trabalhos ainda. Não tinha tempo para pensar o que era ter amigos. Agora que tive um cheirinho do que é amizade real e ser próxima duma pessoa, eu sentia falta disso. Muito.

Esforçava-me ao máximo para evitar o Jack quando ia para a biblioteca. Estava sempre deserta, tirando alguns dias em que havia grupo de estudo. Costumo passar o meu tempo na parte de trás, perto das enciclopédias. Há uma mesa, de duas pessoas, que tenho quase a certeza que costumava ter livros em cima, mas tapava a vista da janela, por isso limparam-na e adicionaram um vaso. Acho que o Jack é o único que sabe que eu gosto de vir para estar parte da biblioteca.

Esta era a minha rotina diária, mas hoje, mudei-a. Não devia ir à cantina mas estava mesmo esfomeada. Não havia nada como pizza e bocados de trigo para te encher pelo resto do dia de escola.

Sentei-me numa mesa vazia no meio da cantina, esperando que eles não me encontrassem, mas falei cedo de mais.

Vi Mary Ann e Sam a caminhar na minha direção, e dei-lhe um pequeno sorriso enquanto ela se sentava na minha mesa. Quem quero enganar? Senti a falta dela. Posso dizer com toda a certeza absoluta que parte de mim esperou que eles me encontrassem e levassem embora a minha solidão. Por trás deles vi Jack, e quando este fez contacto visual comigo, pude ver culpa nos seus olhos. Ficou lá com os seus olhos colados aos meus mas ambos sabíamos que não havia mais nada para dizer.

"Jack, não vens sentar-te?" Mary Ann quebrou o silêncio. Claro, depois de eles se terem sentado, Johnson e Mike também o tinham feito.

"Onde tens estado, Beth? Tu tipo, desapareceste por uma semana" Mike comentou com a boca cheia.

"Beth" Olhei para cima e encontrei Johnson a tentar ter a minha atenção. Fiz contacto visual com ele, surpresa pela atenção que me estava a dar. "Quase te bombardeei naquele teste de biologia."

Fiz uma pequena careta, mostrando que concordava com ele. Tinha-me esquecido que o Johnson estava na minha aula de biologia aplicada. O teste era mesmo difícil. Não sei como é que vou conseguir passar a esta disciplina. A pior parte daquela situação não tinha sido o esforço que estava a fazer no teste, mas o olhar do Jack que estava a matar-me e estava a ser bastante difícil não olhar para trás.

"Conseguiste fazer aquela pergunta sobre as macromoléculas?" Perguntou, encorajando-me a continuar a conversa. Ainda não tinha dito uma palavra para o resto da mesa, mas eles estavam habituados a este comportamento. Habituei-me a nem sempre falar, e eles não se importavam. Eu gostava disso.

Abanei a minha cabeça com os olhos arregalados. Nem sequer consegui perceber os diagramas que nos deram nessa pergunta.

"O pior eram os diagramas!" Johnson concordou comigo sem saber. Isto nem sequer tinha o mínimo de piada mas estávamos os dois a rir. Não era extremo, mas, aparentemente, era o suficiente para enervar o Jack.

"Vocês precisam de arranjar um quarto" Jack bufou. Todos os nossos olhos fixaram nele e eu podia sentir a raiva de Mary Ann atrás de nós.

"Eles estavam, literalmente, a tentar ter uma conversa casual. A tua atitude é realmente necessária?" Mary Ann perguntou visivelmente irritada.

"E é realmente necessário que sejas uma cabra a toda a hora?" Jack respondeu malvadamente.

"Cuidado, Gilinsky" Sam bateu com a mão na mesa e levantou-se.

"Diz à tua namorada para parar de ser uma cabra" Jack disse-o outra vez. Isto era tudo culpa minha. Não devia ter vindo almoçar. As coisas estavam muito melhores para este grupo antes de eu começar a comer aqui. Tinha sido um erro.

"Sabes que mais Gilinsky? Nós finalmente tornámo-nos amigos da Beth, como TU querias. Conseguimos que ela se abrisse para nós e conseguimos que ela dissesse frases completas, e agora ela está de volta às frases de uma só palavra, e às expressões faciais. A Mary Ann não é uma cabra. Tu és. Nós gostamos da Beth, por isso ganha tomates e supera-te a ti mesmo." Johnson explodiu.

Quase queria chorar. Johnson estava a defender-me, mesmo que não tivéssemos falado muito. Quando Jack precisa de ser posto na linha, podes sempre esperar que Johnson o faça.

Era por isto que não queria ser amiga dos amigos dele. Isto foi tudo um grande erro. Não devia ter ido almoçar hoje. Cometi um erro. Levantei-me rapidamente, atirando a minha comida e saindo da cantina. Isto era ridículo. Era suposto a tensão ser só entre mim e o Jack. Ninguém devia estar a discutir. Ninguém devia estar chateado com o Jack. Mesmo que ele estivesse a ser um parvalhão, mas era óbvio que tinha sido pelo que aconteceu entre nós.

"Beth, espera" Ouvi a voz do Jack atrás de mim e comecei a correr. O seu passo começou a acelerar também e ouvia-o a correr atrás de mim. Fiz, rapidamente, uma curva apertada para a casa de banho das raparigas. AHA! Ele não podia entrar aqui. Fui imediatamente para o espelho e atirei água fria para o meu rosto. Respirei fundo várias vezes para conter as lágrimas e acalmei-me.

"Achavas mesmo que lá por ser a casa de banho das raparigas que eu não ia entrar?" Jack riu. O seu sorriso fez-me querer sorrir, mas não podia. Pensei mais uma vez em tudo o que nos tinha acontecido e o meu olhar severo aumentou.

"Acho que sim" resmunguei "O que queres, Jack?"

"Tu sabes o que eu quero, Beth" Avançou um passo preparando-se para pegar na minha mão mas eu recuei imediatamente.

"E tu sabes porque é que isso não pode acontecer" olhei para ele.

"Eu prometo. Podemos mesmo começar devagar desta vez. Nem sequer fomos num encontro a sério" fez beicinho.

"Acho que fui muito clara da última vez. Não sou nenhum prémio de consolação por teres perdido a Holly" disse com firmeza.

"Já não gosto da Holly dessa maneira" Jack afirmou, e pôs uma mão no peito e outra no ar "Eu juro."

"Jack..." Estou a tentar não ceder ao seu charme. Não vou. Espero eu "Não me faças isso. Tu sabes o quanto eu gosto de ti, mas eu sei que me vais magoar. Eu sei que vais e eu não quero que isso aconteça."

"Então, é apenas medo que eu te magoe?" Perguntou suavemente. Aproximou-se lentamente enquanto falava "Não posso garantir-te que não te vou magoar, e tu não podes garantir-me que também não me vais magoar."

Estava calada, porque sabia que ele estava certo.

"Dá-me mais uma oportunidade. Eu vou provar-te. Um encontro." Levantou o seu dedo mindinho em frente ao meu rosto. Mordi o meu lábio e pensei nos prós e contras. Prós? Bem, um encontro com o Jack Gilinsky, ficar com os seus amigos, e pertencer a algo... Contras? Ele pode magoar-me e eu nunca mais serei capaz de confiar em alguém outra vez.

"Só um encontro. Nós vamos mesmo devagar desta vez. Nem sequer te vou beijar" ele tinha as suas mãos unidas e sobre os seus lábios, em jeito de promessa. Ia mesmo dar-lhe o que quele queria?

Sim, eu ia.

Especialmente porque também o queria.

Bem meninas, este é o último capítulo que a autora tem escrito, por isso acho que agora só nos vemos quando ela voltar a publicar!

Love you all,

Carol <3