Inesperadamente, o carro do Jack estava na minha entrada quando eu saí de casa. Abri a porta e sentei-me no lugar de passageiro como se fosse a coisa mais natural do mundo.
"Então hum... é tempo de ir para a escola" ele sorriu embaraçado e começou a conduzir até à escola. Manteve os olhos na estrada, mas continuou a falar comigo como se nada tivesse acontecido. "Como foi o teu fim-de-semana?"
"Muito bom" Não conseguia evitar sorrir. Tomar café com a Mary Ann foi maravilhoso. "Tomei café com a Mary Ann e falamos sobre várias coisas."
"A sério? Falaram sobre quê?" Tinha uma sobrancelha arqueada, e apenas uma das mãos no volante.
"Coisas de raparigas." encolhi os ombros.
"Bem, mas eu continuo a ser o teu melhor amigo certo?" Perguntou. Já me tinha esquecido. Somos apenas melhores amigos.
"Beth?" Perguntou um pouco nervoso.
"Claro. Vais ser sempre o meu melhor amigo, Jack. És a primeira pessoa a querer ser meu amigo, não é como se pudesse apenas livrar-me de ti" Repentinamente, senti o seu dedo a fazer-me cócegas de lado e todo o meu corpo foi abalado.
"Não faças isso outra vez!" Levantei as minhas mãos para me defender.
"Fazer o quê? Isto?" Continuou a tentar fazer-me cócegas enquanto conduzia.
"Mantém os olhos na estrada!" Disse no meio de uma gargalhada. Sou super sensível a cócegas.
Depois de alguns minutos estávamos finalmente na escola. Jack seguiu-me até ao meu cacifo e conversámos como normalmente. Fazemos isto quase todos os dias mas hoje foi diferente porque aqueles sentimentos já não eram 'amigáveis'. Era como se estivesse a prestar mais atenção aos seus movimentos e a reparar em coisas que nunca tinha reparado. Como por exemplo, a maneira como ele anda com as mãos nos bolsos, ou a maneira como tenta olhar-me nos olhos quando falamos, mesmo que contacto visual me deixe um pouco embaraçada. O que tornava tudo mais excitante era que parecia que ele se sentia da mesma forma. Estou a tentar acreditar que, talvez, ele vá deixar de lado os seus sentimentos pela Holly. Talvez, apenas talvez, eu serei suficiente para ele.
"Beth, eu estava a pensar se-"
"Gilinsky!" Mike chamou-o, fazendo com que ambas as nossas cabeças se virassem na sua direção.
"O que raio queres, Mike?" Respondeu zangado e irritado.
"Bem, porra. Fizeste o trabalho de casa de matemática?" Jack tirou a sua mochila das costas e atirou-lhe o livro. Nesse momento, a campainha para a primeira aula tocou.
"Vemo-nos ao almoço então?" Olhei para Jack que continuava irritado.
"Sim... almoço" Sorriu. Sorri-lhe de volta e comecei a caminhar até à aula. Espera um segundo... O que é que o Jack me queria dizer antes do Mike ter chegado?
***
Oh porra. Onde é que está o papel higiénico?! Porque é que ninguém substituiu o rolo? Estava sentada, embaraçosamente, na sanita, a olhar em volta, procurando por papel higiénico Olhei por baixo da porta e ninguém estava no cubículo ao lado por isso pus o meu braço num ângulo estranho e consegui tirar bocados de papel da casa de banho ao meu lado. Deixei sair um suspiro mas não pude evitar ouvir as vozes que entravam na casa de banho.
"O Jack G. é tão hot" Uma voz aguda e irritante disse. "A namorada dele também era muito bonita"
"Eu sei! Eles eram um casal muito fofo. É pena terem acabado" outra rapariga choramingou.
"Ele tem saído com outra rapariga" A primeira disse.
"Mary Ann? Ela está comprometida. Já percorreu o círculo todo. Namorou com o Mike e agora é o Sam. Provavelmente o Jack J. vai ser o próximo." Fúria começou a crescer em mim quando elas falaram mal da Mary Ann. Ela é uma das pessoas mais simpáticas neste mundo.
"Não, não é ela, a outra! Ela apareceu literalmente do nada. Acho que ela e o Jack já se conheciam" A primeira rapariga comentou.
"Oh! Essa! Ela nem sequer é fofa. O Jack não gostaria dela. Ela seria muito pateta se pensasse que ele gosta mesmo dela. Ele não namora lembras-te? Toda a gente sabe que ele continua apaixonado pela Holly."
Ouch. Antes que eu pudesse reparar os meus olhos estavam a chorar e uma lágrima caiu na minha mão. Fiquei lá por mais um bocado e esperei que elas saíssem. Puxei as calças para cima e lavei as mãos. Observei-me ao espelho. Quer dizer, acho que pareço bem. Não sou nada de especial, mas... A Holly deve ter sido uma deusa. Pergunto-me como é que ela seria. Escovei um pouco o meu cabelo com as mãos, puxei a minha túnica para baixo e subi os jeans deixando-os um pouco acima do tornozelo. Peguei nas mangas do meu casaco, puxei-as para baixo e cruzei os braços. É assim que toda a gente me vê?
Caminhei até à cantina, constrangida. O que é que as pessoas pensam quando me veem com o Jack? Sentei-me na mesa sozinha. Normalmente sou sempre a primeira porque gosto de trazer o meu almoço de casa. Esperei pacientemente que o Jack ou alguém chegasse porque, desde aquele momento na casa de banho, sentia que toda a gente me olhava. A minha respiração aumentou um pouco e tentei respirar fundo. Já me sento há algum tempo com o Jack, porque é que só me comecei a sentir assim agora? De repente tudo ficou preto, mas continuava a ter o resto dos sentidos.
"Adivinha quem é?" a pessoa que me cobriu os olhos falou.
"Jack, não faças isso! Assustaste-me!" Agarrei as suas mãos e tentei tirá-las da minha cara mas ele não largou a minha mão. Ninguém conseguia ver, mas estávamos de mãos dadas debaixo da mesa.
"Hey, então eu estava a pensar se querias-" Foi interrompido pelo resto do grupo.
"Beth!" Mary Ann sentou-se ao meu lado excitadamente, trazendo Sam consigo. Comecei a pensar nas coisas que as raparigas estavam a dizer sobre ela. Devem ser rumores porque a Mary Ann está apanhadinha pelo Sam. É difícil imaginá-la com outra pessoa. Jack revirou os olhos, irritado. Apertei a sua mão e ele olhou para mim.
"O que é que fez com que as tuas calças ficassem com um alto?" Perguntei na brincadeira.
"Ugh... o que quiseres" ele coçou a cabeça frustradamente. Algo estava mesmo a chateá-lo. Ao longo do almoço, estávamos sempre a dar as mãos, a largar, a dar, a largar. O Jack mexia a perna compulsivamente debaixo da mesa. De vez em quando tinha que pousar a minha mão no seu joelho para ele parar, mas ele acabava por voltar a fazê-lo no momento em que a minha mão saía da sua perna.
"Jack, pára de abanar a perna" Repreendi-o.
"Desculpa" Sorriu, mas continuou a fazê-lo nervosamente. Mary Ann continuava a lançar-me olhares estranhos como se soubesse o que se estava a passar. Para além dela ninguém parecia reparar que estávamos de mãos dadas.
A campainha que terminava o período de almoço finalmente tocou e todos nos levantámos para deitar fora os restos. Normalmente sou a que demora mais porque gosto de separá-los pelos contentores de composto, os de reciclagem, e os que vão para os aterros. Quando terminei notei que o Jack continuava atrás de mim à espera que eu acabasse. O resto do nosso grupo tinha ido para as aulas e as pessoas que continuavam na cantina eram poucas.
"Beth, tu queres-" Parou por um momento, e olhou em volta antes que alguém o pudesse interromper daquela vez. Ri com a sua ação e esperei que ele continuasse.
"Queres sair sexta à noite?" Perguntou simpaticamente.
"Jack, nós costumamos estar juntos às sextas de qualquer das maneiras" Salientei.
"Vá lá, não estragues o momento. Estou a tentar convidar-te oficialmente para um encontro" choramingou, na brincadeira.
"Bem, vou ter que ver na minha agenda, porque tenho muitos rapazes a quem prestar atenção" brinquei e ele puxou-me levemente enquanto ríamos. Pousou as mãos na minha cintura e puxou-me para mais perto. Naquele momento, a cantina estava vazia e nós devíamos estar na aula. A sua cabeça estava pousada na minha enquanto ele falava.
"Tenho que repetir a minha pergunta?" avisou.
"Sim. Eu adoraria sair contigo na sexta à noite." Respondi.
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Secret Valentine. Jack Gilinsky. Tradução PT-PT
FanficElizabeth Reese é uma introvertida, calada e boa rapariga que prefere estar sozinha. Na viagem de avião para o Omaha, ela conhece Jack Gilinsky. Pensando que nunca o iria voltar a ver ela confia nele, mas o que acontece quando acidentalmente se ree...