Epílogo

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  Rachel


  Remexi o meu moreno corpo, soltando um trémulo suspiro breves segundos depois. O sono não vinha ao meu encontro, levando-me a permanecer acordada às três da manhã, totalmente desperta durante a cálida noite. A gentil brisa proveniente do exterior passava pela janela do quarto de dimensões grandes, que permanecia entreaberta devido às elevadas temperaturas. Presas aos compridos ramos das árvores altas, as verdes folhas baloiçavam com o vento, produzindo bonitos sons ao embaterem umas contra as outras. Passei as mãos pelo meu cansado rosto, outro curto suspiro soltando-se dos meus lábios. Elevei o meu corpo, permanecendo sentada na confortável cama pertencente à divisão de Luke, brincando com os meus compridos cabelos num ato de aborrecimento. O luar iluminava as desertas ruas de Flórida, atribuindo ao local um aspeto sereno e pacífico, algo completamente diferente das movimentadas manhãs.

  Levantei-me e movi o meu corpo até às grandes janelas, permanecendo em pé enquanto observava a bonita paisagem que demonstrava grande parte da cidade, com o cuidado de não emitir nenhum som que pudesse interromper a dormida do rapaz deitado previamente a meu lado. A noite caía; a manhã aproximava-se; as distantes luzes dos candeeiros assemelhavam-se a meros pirilampos; as aragens sobrevoavam os límpidos céus, enquanto crianças dormiam pacificamente e adultos descansavam depois de um longo dia de trabalho.

  Perdida nos meus próprios pensamentos, assustei-me quando fortes braços foram rodeados na minha cintura, relaxando seguidamente ao reconhecer o quente toque. Os seus suaves lábios foram pressionados contra a nua pele do meu pescoço, levando-me a fechar as pálpebras ao apreciar a sensação. Delicados beijos foram atribuídos ao longo do mesmo, e um arrepio percorreu todo o meu corpo. Virei-me, contemplando a esbelta face do loiro perante mim. Juntei os nossos lábios num desejado beijo, quebrando o mesmo quando necessitava de ar.


  "Acordei-te? Desculpa, intencionava que continuasses a dormir"- expliquei. O adolescente abanou calmamente a cabeça e levou a sua mão aos meus cabelos, passando uma madeixa para trás da minha orelha.


  "Está a ser difícil adormecer. Vejo que não sou o único"- declarou, acariciando a minha face. "Queres sair daqui?"- arregalei os olhos, confusa e surpreendida com a sua repentina pergunta. "Ir a algum lado, afastar a mente do que nos rodeia. Só nós"



*



  Saí do veículo pertencente ao jovem, entrelaçando os seus dedos nos meus. Iniciámos uma breve caminhada pelo areal da isolada praia, parando ao chegarmos a um local que permitia o acesso às grutas da zona. Surpreendida com a escolha do Luke, não pude conter o sorriso que se formara nos meus lábios. Quando julgava que já conhecia os seus planos, o loiro voltava a surpreender-me.

  Entrámos na gruta, observando cada pormenor da mesma. Desde rocha desagastada a pedras lascadas. O mar embatia fortemente contra a zona direita, onde as correntes encontravam-se e deitavam toda a sua loucura nas rochas. Sentei-me juntamente com Luke, observando as ondas salgadas, fascinantes. Estas, que embatiam agressivamente nas rochas, mas recuavam pacificamente, como se tudo não passasse de uma insignificante luta. Os seus braços foram rodeados no meu tronco, puxando-me contra o seu peito. A sua mão foi pousada no meu queixo, rodando o mesmo na sua direção. Sem uma única palavra pronunciada, os seus doces lábios foram novamente de encontro aos meus, num necessitado beijo. Os seus lábios beijavam suavemente os meus, afastando todos os meus pensamentos. O calor irradiante do seu corpo, os seus suaves sussurros ao meu ouvido, os seus delicados beijos no meu pescoço... tudo me deixara incrédula.

  Nos últimos meses tudo se tornara questionável. O meu desempenho escolar, a relação com a minha mãe, o modo de viver a minha própria vida, e até mesmo as pessoas à minha volta. Tudo se tornara simples imagens desfocadas, águas turvas. Não existiam certezas ou respostas, apenas dúvidas e hipóteses. Porém, desde que o vi, a sua misteriosa atitude e a sua enigmática expressão captaram a minha curiosidade, e nasceram certezas, juntamente com uma relação.

  Todos nos veem como querem, nos termos mais descomplicados e nas definições mais apropriadas. O ser humano tende a definir "alguém" por curtas palavras, simples definições que, na sua opinião, são as apropriadas para essa pessoa. Mas apenas alguns se entregam à aventura de conhecer alguém, pelo que ele é e não pelo que ele demonstra ser.

  E o que menos esperara, de todo, fora a oportunidade de conhecer Luke. Muitos acreditam no amor, enquanto outros julgam que o mesmo é uma pura ilusão criada pelas nossas mentes esperançosas. Antes não acreditava, assim como o loiro de olhos azuis. Mas o destino tinha outros planos reservadas para ambos, jovens perdidos no profundo sentimento capaz de destruir corpos e mentes com um simples toque. Capaz de nos levar até labirintos sem saída.

  E toda a nossa relação e este sentimento podiam não ser amor; a própria palavra podia ser a definição para algo inexistente. Mas no meio de tantas interrogações e incertezas na minha vida, de algo eu estava consciente: o que partilhava com o esbelto adolescente era algo insubstituível, algo inquebrável. Essa era uma certeza que permaneceria comigo, sempre.


E eles continuaram perdidamente apaixonados.


- FIM -


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eu não estou bem. não estou nada bem!

esperei tantos meses para usar aquela multimédia, wow

ily all

pale-hemmings x


Falling In Love // lrh [em edição]Onde histórias criam vida. Descubra agora