Memórias

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Enquanto espero, me lembro sobre quando era criança e tudo parecia fácil.

Lembro-me de ir com minha mãe até o jardim, na nossa antiga casa, onde havia um pouco de tudo: chás, ervas para poções, verduras, frutas e muitas flores.

Ela cuidava com tanto amor e carinho daquelas plantas que às vezes eu poderia sentir ciúmes, ela sempre prendia os cabelos loiros, os quais eu puxei dela, enquanto limpava e aparava as folhas.

Eu gostaria de poder sentir ela de novo, mas isso era impossível.

Foi tão rápido quando tudo aconteceu.

Eu tinha cinco anos na época, estava sentada no colo do meu pai e enquanto ele lia para mim eu acariciava seu rosto. Minha mãe, ocupada com os afazeres, estava de um lado ao outro terminando de limpar, então ela entra na biblioteca e nos olha carinhosamente, gesto que nós dois retribuímos com um sorriso nos lábios, ela desvia o olhar para a janela e fica imóvel, totalmente em choque, por uma fração de segundo pude ver terror em seus olhos, foi a primeira vez que a vi sentir medo.

Não houve conversa, apenas ação, minha mãe transformou suas roupas em uma belíssima armadura e do nada surgiu um arco e flechas em suas mãos.

Eu pulo para o chão e ela vem em minha direção, meu pai se levanta e fica atrás de mim. Minha mãe se agacha e me olha com seus belos olhos castanhos.

- Minha filha, não tenha medo do que vai acontecer, mas é preciso que nos separemos.

- Eu não estou entendendo, o que houve?

Ela olha para meu pai e eu percebo que estão usando telepatia, assim que desvia o olhar ela fala apreensiva:

- Você deverá ir com seu pai, será tudo explicado, mas em seu devido tempo.

- Mas e você?

- Eu vou ficar aqui e impedir que ela chegue até vocês. Até logo, minha pequena Zoey, eu te amo.

Nos abraçamos, aquele abraço teve muito significado para mim, meu pai dá um beijo rápido em minha mãe sussurrando algumas palavras por entre os lábios e me pega pela mão. Descemos as escadas aos pulos e meu pai com um feitiço começa a trancar a casa e a protege-la.

Assim que saímos pude ver vagamente o que estava vindo, a Besta.

Sempre ouvira meus pais falando coisas sobre ela, como ela estava se infiltrando no nosso mundo e se aproximando cada vez mais e que as barreiras estavam mais fortes do que nunca estiveram, meu pai sempre me mostrava sua figura em um livro de história, que eu ainda me lembro onde está guardado.

As Bestas eram inimigas perpétuas dos dragões, apenas uma havia sobrado da espécie e estava a inúmeras galáxias de distância, mas a sede de poder a dominou e ela veio atrás do meu pai e do coração.

Como primogênita eu herdaria toda a magia de meu pai, por isso havia entendido o fato de minha mãe ficar para trás para lutar.

Meu pai e eu corremos para a floresta, enquanto minha mãe abre suas delicadas asas de fada que tinham uma luminosidade alaranjada, ela se lança no ar voando em direção ao monstro que tinha chifres e se parecia com um dragão, porém era extremamente feio e assustador, olhar para o monstro me fez sentir um intenso vazio, mas logo desvio o olhar para minha mãe, que disparava suas flechas mágicas que nunca acabavam e que eram carregadas com a magia de meu pai, o que fazia a Besta recuar, dando a chance para nós escaparmos por meio das árvores, mas isso me faz perder mamãe de vista.

Eu e meu pai começamos a correr até eu me cansar, ele se transforma em lobo e eu subo em suas costas, logo estamos nos infiltrando mais e mais dentro da densa floresta.

HEARTS DRAGON: Zoey a última GuardiãOnde histórias criam vida. Descubra agora