HEARTS DRAGON: Zoey a última Guardiã

Mansão Hone

Zoey

O som do portão de ferro se abrindo era estridente, até mesmo para nós ali dentro do carro, Ethan segurava minha mão machucada sobre as dele, a dor havia diminuído, mas continuava incessante, o cheiro de sangue impregnava o carro e fazia meu estomago embrulhar, mas também queimava minha garganta atiçando minha parte vampira, suspiro e olho a enorme mansão que parecia estar abandonada, um deslumbrante jardim sombrio me recebia como um velho amigo, as plantas pareciam estar carregadas de uma energia negativa, pois nada ali aparentava estar feliz e acerto em cheio, assim que cruzamos o portão eu sinto um choque de dor, angústia e sofrimento, minha cabeça é atingida por um turbilhão de gritos horrorizados e agonizantes, choros e ranger de dentes, eu me encolho e fecho os olhos com força, aquele lugar me fazia mal, eu podia sentir cada sensação ruim que aquelas paredes exalavam, o mais estranho é que todos os barulhos que atormentavam minha mente tinham uma coisa em comum, o som de uma gargalhada sinistra sempre ao fundo, como se fosse a melodia de uma música, eu começo chorar era muito sofrimento para suportar e parecia que aquelas emoções eram minhas, sou abraçada por alguém, abro os olhos e vejo Ethan, ele me olha intensamente e por um breve segundo eu me concentro em seus olhos castanhos azulados,tão pacíficos, ele encosta sua testa na minha e então começa a respirar fundo, acompanho ele em cada inspiração e expiração até me acalmar, assim que vê que estou mais calma ele me dá um beijo na bochecha e sussurra:

- Desculpa por tudo o que vai te acontecer, não sei o que meu pai irá fazer contra nós até que aquela máquina sugadora estiver sendo construída, mas sei que a crueldade será seu foco.

Eu me encolho mais ainda após ouvir essas palavras e afundo a cabeça em seu peito tentando me acalmar com seu cheiro de hortelã, ele acaricia meu rosto e diz:

- Temos que ir, não tenha medo eu te protegerei.

Assinto com a cabeça e me afasto, ele abre a porta com a mão boa e saí do carro, eu não havia percebido que já tínhamos parado, suspiro e sigo ele ficando ao seu lado, logo Mayara vem mancando em nossa direção e me fuzila com os olhos, apesar da intensa dor de cabeça eu a encaro e não desvio o olhar.

Ela vai na frente e nos guia pela casa, os vampiros seguem as nossas costas preparados para atirar ao nosso mínimo movimento, Ethan me envolve em seus braços e caminhamos juntos, a cada passo mais gritos e dores invadiam minha mente, fecho os olhos e tento ignorar, estava cada vez pior, somos levados em um salão enorme com uma mesa magnífica em seu centro, do outro lado da mesa um homem ,sentado numa cadeira de mogno almofadada, sorria maliciosamente para mim, ao ver o pai de Ethan me lembro de quando os três vampiros me atacaram e as palavras de Isabely surgem em minha mente "Cythia, a loira era a segunda no comando e namorada de Santiago, o líder do clã Hone. ", então tudo vem a tona, o papelzinho amassado de Ethan em meu bolso afirmava que Ethan era o herdeiro do clã, se não fosse seus braços me segurando eu poderia desmaiar, as lágrimas ameaçam de cair, eu tinha matado a mãe de Ethan, eu era a culpada, olho para ele, eu não merecia ser protegida por alguém tão bom como ele, desconfio que ele não saiba da verdade, eu não podia fazer isso com ele, prometo a mim mesma que vou lhe contar no futuro, me desvencilho de seus braços e olho para seu pai.

- Ora, ora, quem temos aqui, se não é a Princesa. - Ele ri debochadamente,

Mayara caminha em direção a ele e começa a rir junto, os vampiros que nos escoltaram fazem o mesmo e o ambiente reverbera suas risadas, não me intimidaria com eles e encaro Santiago, escuto a porta se bater atrás de nós e sinto um vampiro me agarrar por trás e prender minhas mãos com uma corrente de aço, tão rápido que não consigo fazer nada para impedi-lo, assim que olho para o lado vejo Ethan sendo preso por outro vampiro, fuzilando seu pai com os olhos, o vampiro que me prendeu me levanta do chão e me joga com força em cima da mesa, perco o fôlego quando atinjo o mármore gelado, deslizo por todo o comprimento da mesa e paro a poucos centímetros de Santiago, um corte havia se formado em minha perna direita e percebo uma queimação no rosto, provavelmente eu havia cortado ali também, Santiago segura meu rosto com força, quase quebrando minha mandíbula e me faz olhar para ele, o encaro e me surpreendo com seus olhos negros, ele diz quase cuspindo em meu rosto:

- Quanto tempo não é? Porcaria de garota.

Ele solta meu rosto com força em cima da mesa, só não bato nela, pois me protejo do impacto com um pequeno feitiço imperceptível.

- Agora que temos você em nosso domínio terei todo o poder que desejar. - ele diz se esnobando para Mayara e os outros.

- EU NÃO FAREI NADA PARA VOCÊ - eu berro contra ele e sinto a fúria me invadindo.

Ele me fuzila e estala os dedos, uma passagem se abre na parede atrás dele, um outro vampiro me agarra, eu tento me soltar usando alguns golpes apenas com minhas pernas, atinjo com uma sequencia de chutes seu rosto e ele cai no chão, percebo um outro vindo por trás e pulo dando uma cambalhota no ar desferindo, depois, um chute alto sobre seu ombro, deslocando seu pescoço e o fazendo desmaiar, utilizo o seu corpo que está caindo para pular mais alto e acertar dois vampiros ao mesmo tempo no mesmo local, aterrisso no chão me preparando para chutar outro vampiro quando vejo Ethan lutando também, mas me surpreendo quando seu pai surge por trás e segura sua cabeça torcendo um pouco fazendo Ethan virar os olhos, ele sorri para mim e diz:

- Ou você se rende ou ele já era.

Abaixo a guarda e deixo um vampiro me agarrar, ele solta a cabeça do filho e o joga contra a parede com força levantando poeira. Me obrigo a andar, olho para o corpo de Ethan torcendo para que ele esteja bem, me viro para encarar Mayara que estava ao lado direito da passagem, ela me empurra para dentro do corredor e tira a arma apontando em direção ao Ethan e diz:

- Se tentar algo não vou me importar em disparar.

Seguro as lágrimas e começo a caminhar para dentro da escuridão, apenas Santiago segue atrás de mim, sinto seu olhar sobre meu corpo e tento ignora-lo, as vozes na minha cabeça travavam uma intensa batalha contra a minha vontade de fazê-las sumir, aumentando ainda mais a dor que eu estava sentindo.

Um fedor de enxofre e podridão me atinge e olho horrorizada para minha frente, estava diante de uma série de celas imundas, todas ocupadas por pessoas muito machucadas ou criaturas que nunca tinha visto, Santiago passa a mão em volta da minha cintura e me empurra gentilmente para frente me fazendo andar, seguro a vontade de desferir um chute contra ele me lembrando de que a vida de Ethan estava em jogo.

Paramos em frente a uma das celas mais ao fundo e ela se abre sozinha, ele me vira com força e me prende a seu corpo, impedindo que eu escape, sinto seus dedos tocarem a ferida em minha perna, um ódio profundo começa a percorrer minhas veias, sinto uma tremenda vontade de mata-lo, ele sorri, um sorriso macabro, e leva a mão um pouco mais para cima, acariciando minhas coxas, olho seus olhos negros, apesar da extrema raiva, eu estava começando a sentir medo, tento me afastar, mas ele me aperta firme com o outro braço, sua força era surpreendente, até mesmo anormal, mesmo por ele ser um vampiro, seus olhos negros apenas absorviam a paisagem, não retribuiam nada, sou surpreendida com sua aproximação repentina. E então ele me beija furiosamente, mordendo meu lábio inferior fazendo-o sangrar, tento me libertar mas era impossivel, até que ele se afasta e me joga contra a parede da cela, e um corte se abre em minha cabeça e minha visão fica embaçada e distorcida, vejo que ele limpa a boca com a língua e então fala sedutoramente:

- Você é extremamente gostosa, mas é pena que eu vou te matar.

O fuzilo furiosa, tentando lhe transmitir todo meu ódio e fúria, mas a cela se fecha rapidamente e não consigo mais distorcer sua figura embaçada.

O peso da escuridão me invadia lentamente e a dor em meu crânio apenas aumentava, me empurando cada vez mais para aquele doce sono, tudo o que consigo escutar por fim é a sua gargalhada, a mesma que atormentava as vozes em minha cabeça.