HEARTS DRAGON: Zoey a última Guardiã

O Lado de dentro

Zoey

A escuridão era total, não enxergava nada, pisco varias vezes, mas o cenário continuava igual, apenas o velho preto sem graça, um arrepio surge em minha espinha, eu sentia que alguém me observava, mas seria isto um sonho ou algo real?

Me levanto do chão rapidamente e fico em alerta, não enxergava nada, mas meus outros sentidos estavam bastante apurados, e com minha recente caçada, minha parte vampiro estava me ajudando mais do que nunca. Pela primeira vez sentia receio em liberar a luz de dentro de mim e descobrir o que me aguardava naquele ambiente quase hostil, o cheiro de poeira e livros velhos me fazia coçar o nariz, o silêncio era absoluto e aquela estranha sensação de alguém me olhando continuava, cerro os punhos e balanço a cabeça, eu não iria ficar com medo em tais circunstancias ridículas.

Tomo o fôlego e resolva deixar a energia fluir por mim e dar luz a aquele local. Prendo a respiração enquanto examinava o cômodo, a luz em minhas palmas eram como lanternas e iluminavam de maneira igual, todo o ambiente empoeirado, observo que havia uma mesa redonda com quatro cadeiras almofadadas, todas de madeira, a qual pareciam ter sido tiradas de um filme antigo, em um dos cantos estava uma estante de madeira lotada de livros antigos, a parede estava coberta com uma cortina, dando a impressão que formava uma pequena tenda, abaixo desta tendinha havia outra mesa redonda, mas um pouco menor que a outra, em cima dela tinha uma pequena cúpula que protegia um grande livro selado, e ao meu lado estava a maldita porta, ela havia retornado ao seu estado normal com aqueles pacatos retângulos em relevo, a figura opaca da borboleta havia desaparecido completamente, suspiro pesadamente e seguro a maçaneta, forço o máximo que posso para abrir sem quebrar o trinco, mas, como eu esperava, não dá certo.

Bufo de raiva, eu queria descansar, tomar um banho e ir dormir por horas e horas, meu estado estava deplorável, roupas imundas de sujeira e sangue, cabelo duro e bagunçado, eu estava até percebendo as olheiras afundando em meu rosto, mesmo tendo bastante força e poder, eu merecia, ao menos, um pouco de descanso, não queria ficar presa em um lugar cheio de poeira e livros velhos.

Estava a ficar angustiada, e decido "explodir" as coisas de uma vez. Com um leve sorriso no rosto, estendo a mão direita para a fechadura, a energia que antes iluminava, começa a intensificar e pequenas faíscas de luz saiam pelos meus dedos cada vez mais fortes, a luz quase me segava, inspiro e me concentro no alvo, sinto a magia pulsar em minhas veias, pronta para ser liberada, expiro lentamente retirando todo ar dos pulmões, mas quando estou por um segundo de fazer a maçaneta virar pó, vejo um brilho a minha direita, rapidamente me viro para aquela ameaça e aponto minha mão ameaçadoramente para a criatura.

Um homem sai de trás de uma das cortinas com as mãos erguidas em sinal de paz, eu fico estática, como eu não havia reparado ele ali?

Ele vestia roupas brancas e um cinto fino dourado prendia suas calças, sua pele morena detinha alguns símbolos complexos, desenhados com tinta verde, marcas as quais confirmavam que ele era um elfo, forte e claramente bonito por sinal, seu rosto tinha um formato redondo, o que lhe caia bem, seu físico lhe dava a aparentar que estava na casa dos trinta anos, mas não seria de admirar que fosse um pouco mais velho, já que fadas e elfos se mantém belos e jovens por um tempo bem considerável.

Respiro lentamente, mantendo meu olhar fixo sobre sua figura, ao mesmo tempo em que ele parecia ser desconhecido, alguma coisa nele passava familiaridade e isso me deixava desconfortável.

- Pode, por favor, abaixar sua mão? - Ele diz calmamente semicerrando os olhos devido a intensa luz, sua voz era grave, mas ao mesmo tempo havia um tom suave na pronúncia de suas palavras.

Engulo em seco, e lentamente deixo a energia voltar para dentro de mim, até que tudo o que restava em minha mão fosse apenas um leve brilho, que iluminava o local. Ele se aproxima de mim, instantaneamente eu me afasto para trás em sinal de alerta, levantando as duas mãos ameaçadoramente, fazendo a luz que emitiam ficar mais intensa, ele sabia do que eu era capaz, e temia que eu o atacasse.