Acidente

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Zeke me olha apavorado, sabia o que estava pensando, então rapidamente começo a me explicar entre lágrimas silenciosas:

- Não teve nada haver com você. - suspiro pesadamente - Ontem, eu estava com muita fome, tomei o sangue que Shauna havia guardado, mas não adiantou nada. Fui atraída pelo cheiro humano até uma boate e me escondi no beco ao lado, esperava que alguém mal intencionado entrasse ali. Mas então, eles apareceram arrastando a mulher, eu matei os dois homens com um único golpe e depois tentei ajuda-la, mas estava muito machucada, seu sangue se espalhava pelo chão a nossa volta. Ela percebeu o que eu era e me impediu de chamar ajuda, disse para que eu aliviasse seu sofrimento, e eu simplesmente concedi seu desejo, não me aguentei, a mordi e bebi seu sangue.

Quando termino, as lágrimas caem ainda mais. Zeke ainda me observava, mas agora sua expressão é passível, ele me abraça e acaricia meus cabelos me consolando, logo me acalmo, respiro fundo e me afasto dele, fico com as costas apoiadas na parede por um tempo, até que finalmente digo:

- Obrigada.

- Eu que agradeço por me contar a verdade. Eu... - ele suspira - Eu gostaria que você pudesse me perdoar pelo o que eu fiz, por favor?

Digo calmamente olhando fixamente em seus olhos:

- Zeke, você me machucou muito, feridas assim não saram da noite para o dia.

- Desculpe Zoey. - Ele acaricia meu rosto, seus olhos brilham devido às lágrimas que está segurando, pego sua mão gentilmente e a abaixo, fico olhando nossas mãos juntas, seguro ela por um tempo e depois a solto.

- Eu é que peço Zeke, tenho que ir.

Passo por ele e vou caminhando pelo corredor até que saio da escola.

Ali fora, respiro o ar puro e continuo andando, assim que atravesso os portões, paro na calçada e olho para a rua, ainda tinha alguns carros estacionados, mas não havia ninguém da matilha por ali e eu não queria voltar e pedir ajuda á Zeke para poder ir pra casa.

Decido seguir para baixo e começo a andar novamente beirando o muro, quando chego na esquina, vejo o semáforo aberto para pedestres e atravesso, já estava no meio da rua, quando um carro vira a esquina por onde eu vim e percebo que está prestes a me atropelar, não haveria como escapar, instintivamente protejo meu rosto com os braços e espero pelo impacto, se passa poucos segundos e o som estridente dos pneus derrapando no chão se parece com uma sinfonia mortífera em meus ouvidos. Eu sinto a lataria me atingir no abdômen e sou atirada para trás acabo caindo de costas perdendo o fôlego.

Tento não bater a cabeça no chão e por sorte consigo, mas acabo arranhando meus braços no processo, fico ali parada por um tempo, a dor no abdômen é intensa mas fora isso não sinto outro dano maior, sou envolvida pelos braços de alguém e abro os olhos.

- Lara, Lara. - ele me chama desesperadamente.

- Ethan!?- digo com a voz fraca, olhando para seu rosto.

- Ah Lara, você está bem! Por favor, me desculpa me desculpa - ele suplica.

- Tudo bem Ethan, mas o quê aconteceu?

- Depois eu explico, vamos sair do meio da rua. - Ele diz aliviado.

Ele me ajuda a ficar em pé e eu tento andar, mas a dor é pior a cada passo, se Ethan não me segura eu teria caído, me apoio nele e ele me ajuda a andar. O carro não sofreu danos, mas ficou estacionado entre a calçada e a rua, enquanto andamos, percebo o quanto Ethan é forte, estava suportando quase todo meu peso para que eu não sentisse tanta dor.

Ele abre a porta com uma mão e me segura suavemente pela cintura com a outra, assim que abre a porta ele me pega no colo e me coloca no banco de couro de seu Porsche, depois ele faz a volta e se senta no lado do motorista.

HEARTS DRAGON: Zoey a última GuardiãOnde histórias criam vida. Descubra agora