Capítulo 22

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Thiago

Eu fico todo bobo quando vejo a flor botando moral no morro, todos os homens que eu conheço morrem de medo dela.
Eu fui em casa ligar pra minha tia, ela disse as crianças estão, mas com saudade de nós, eu desliguei e voltei pra Rocinha, fui direto na casa que era do Rodrigo e agora vai ser minha, realmente, pelo menos bom gosto ele tem, a casa é enorme, tem dois andares e uma puta piscina, é maior que a minha no alemão, o Felipe pediu pros moleques arrumarem as coisas lá na casa e trazer, e a Marisa vem pra cá junto com a mudança pra ajudar a arrumar tudo. Eu estava terminando de arrumar as coisas e um dos soldados entrou com uma cara de espanto.

-O que aconteceu moleque?

-A patroa desmaiou no meio da rua, o Breno levou ela lá pro escritório.

Eu sai da casa doido e fui pro escritório, quando eu cheguei lá o Breno estava andando de um lado para outro.

-O que aconteceu com ela?

-Não sei, ela estava andando de boa, aí do nada ela ficou branca e desmaiou quase ela bate a cabeça.

-Deve ter sido a pressão, eu tô começando a ficar preocupado, ela ta desmaiando demais, a não ser... Droga porque eu não dei atenção pro Rodrigo, ele estava certo.

-O que ele disse?

-Me deixa sozinho com ela Breno, daqui a pouco você descobre.

Eu coloquei a cabeça dela no meu colo e comecei a chamar.

-Amor, flor falar comigo.

Ela foi recobrando os sentidos, mas estava muito pálida.

-Onde eu tô?

-Ta no escritório, você desmaiou na rua e o Breno te trouxe, quando você ia me contar?

-Conta o quê?

Eu passei a mão na barriga dela e imediatamente ela começou a chorar.

-Como você sabe?

-O Rodrigo me contou antes de morrer, porque você não me disse amor?

-Não sei amor, eu estava com medo de você não querer.

-Você só pode tá ficando doida, os meninos estão com oito anos, é claro que eu quero mais irmãozinhos pra eles.

Ela me abraçou bem forte, pude sentir o coração dela bater.

-O que o médico disse?

-Que eu tenho que tomar muitas vitaminas e comer bem.

-Então é isso que você vai fazer você vai para de trabalhar aqui e vai ficar em repouso.

-De jeito nenhum, eu não vou descansar enquanto eu não colocar esse morro em ordem, e nem adiantar tentar me convencer.

-Como pode ser teimosa desse jeito, vamo lá fora eu quero falar com os soldados.

Eu puxei ela e abracei ela pela cintura, eu sai e tinha muitos soldados lá, seria ótimo para o que eu tenho em mente.

-Chega aí!

Eles se ajuntaram perto da gente

-O negócio é o seguinte eu quero vinte homens, os melhores na cola da Jasmim o tempo todo, ela está grávida e só vai sair daqui quando esse morro tiver em ordem, então eu quero a colaboração de vocês, pode ser?

-Claro que sim patrão, nós cuida dela.

-Acho bom, se acontecer alguma coisa com ela esse morro vai piorar do que está agora.

Depois das ordens todos vinheram parabeniza pelo bebê, as moradoras do morro vinheram em peso falar com a flor, todos aqui gostam muito dela, eles sabem que as intenções dela são as melhores possíveis...

Jasmim

Cinco meses depois...

Minha barriga está enorme, estou grávida de uma menina, e de sete meses, o Thiago está que não se aguenta, ele brinca com o Júnior que eles vão sofrer muito pra cuidar de quatro mulheres, a Bia ganhou o meu sobrinho e irmão, o nome dele e Gabriel, ele se parece muito com o meu pai.
Bem, a Rocinha agora está perfeita, todas as crianças estão na escola, os postinhos estão funcionando, a contabilidade está ótima, e todos os moradores me amam, as mulheres fazem muito artesanato, e me dão vinte por cento do lucro, não porque eu obrigo, mas por gratidão mesmo, eu consegui mudar o rumo desse morro, nesses cinco meses a polícia tentou invadir duas vezes, nas duas vezes os próprios moradores ajudaram a tirar eles daqui, eu vi uma reportagem de um policial falando que o morro está melhor do que se estivesse por conta do governo, então eles não mexeram aqui mais, os outros morros também não tentaram invadir, eu, o Thiago e o Davi preparamos muito bem os soldados, todos eles estão atirando muito bem, com bom armamento e preparo, não há quem tire esse morro de mim.
Eu e o André voltamos a nos falar ele se casou com uma mulher bem parecida com a minha mãe, pelo menos uma vez no mês eu tenho que levar as crianças na casa dele, eles amaram a ideia de ter dois avôs.
Meus filhos estão lindos, a Talita está a minha cara e o Júnior está à cópia do Thiago, mesmo sendo gêmeos, eles não se parecem muito, a Carla parece muito com o Fernando, só tem os olhos da mãe.
Eu e o Thiago estamos ótimos, ele me enche de mimos, não deixa eu sair nem na esquina sozinha, ele fez questão de treinar vinte homens para cuidar de mim e das crianças, dez ficam comigo e os outros em casa com a Marisa, ele morre de medo de alguém fazer alguma coisa comigo ou com os meninos...

Thiago

Tem um mês que eu tô tentando pedir a flor em casamento, mas ta difícil, ela é muito esperta, fica difícil fazer qualquer surpresa pra ela, eu pedi pra uns dez moleques arrumarem uma surpresa pra flor, eu vou tentar levar ela pra cachoeira, eu só não sei como vou levar ela pra cá.

-Flor eu preciso que você venha comigo.

-Ir aonde?

-Só vem amor, eu preciso conversa com você.

-Você ta me assustando.

-Não se preocupa amor.

Ela colocou um vestido, ela está tão linda com aquele barrigão, ela entrou no carro e eu coloquei uma venda nela.

-Amor pra que isso?

-Flor fica quieta aí, já você descobre.

-Acabei de descobrir que eu odeio surpresa, você tá lembrando que a Maria Luiza está aqui dentro né?

-Calma Jasmim, nós já estamos chegando.

Ela se mexia demais no carro.

-Jasmim fica quieta.

-Não me manda ficar quieta, eu tô curiosa.

-Pronto amor nós chegamos.

-Que barulho é esse, ta parecendo água.

-É água.

Eu tirei ela do carro e a levei pra beira da cachoeira e tirei a venda.

-Que lugar lindo amor.

Eu abracei ela por trás e fiquei alisando a mão na barriga dela.

-O que agente veio fazer aqui?

-Eu queria um tempo só pra gente, você tá trabalhando tanto, precisa de pelo menos uma tarde de descanso.

-Porque não me avisou antes, se eu soubesse tinha colocado um biquíni, ou pelo menos a parte de cima.

-Eu peguei tudo amor, lá atrás do carro tem uma mochila com roupa, você troca de roupa dentro do carro, aqui não tem ninguém além de nós dois.

Ela foi trocar de roupa e eu fiquei andando de um lado para outro.

-O que foi amor?

-Nada, vai lá na água que eu vou no carro trocar de roupa.

Ela entrou na água e eu fui no carro busca a aliança, mas, quando eu voltei ela estava deitada em uma pedra, ela estava chorando, eu tentei falar com ela, mas ela desmaiou...


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