Capítulo 26

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Thiago

Depois que esse prego do prefeito João foi embora eu fiquei mais tranquilo, não gostei muito desse idiota olhando minha mulher de cima em baixo, queria pegar uma arma e atirar na cabeça dele, mas a flor me mataria, eu confio muito na minha mulher.

Com essa confusão da doença do Felipe, eu tive que tomar conta do Alemão, depois o Felipe morre, eu descubro que a flor está depressiva, tudo isso me fez esquecer, esquecer não, eu não tive tempo, e nem cabeça pra fazer isso, eu vou esperar mais um tempo, a final tem quase dez anos que nós estamos juntos, eu quero fazer a flor a mulher mais feliz do mundo, eu sei que pra isso eu não preciso está casado com ela, mas eu sei que isso incomoda.

Eu cheguei do Alemão e vi a flor com a Maricota no colo, mas ela está muito triste, meu coração apertou, tem alguma coisa errada.

-Oi amor

-Oi Thiago.

-Você está bem amor?

-Sim, fica com as crianças, o João disse que quer conversa, ele deve está me esperando no escritório.

-Você não vai conversa com aquele mauricinho de merda.

-Pega a sua filha logo e para de me encher o saco, e se você achar ruim VAI PRO INFERNO!

Nunca vi a flor tão nervosa desde jeito, ela estava estranha, ela nunca falou comigo daquele jeito.

Ela me deu a Maria Luiza e subiu, voltou com uma calça jeans e uma blusa, passou por mim sem nem olhar nos meus olhos...

Jasmim

Eu tô me sentindo um monstro, parece que eu estou revivendo tudo aquilo, não sei como eu estou viva, fui sequestrada duas vezes, várias vezes violentada, sofri alguns abortos, perdi minha mãe muito cedo e agora meu pai, tem como a situação piorar? Sim, e ela piorou.

-Pronto João, estou aqui, o que você quer?

-Quero que você ajude a polícia.

-Você quer o quê?

-Isso mesmo, eu preciso de todos os morros em paz, você melhor do que ninguém que o Rio tem vários morros, e só a Rocinha e o Alemão não estão tomados pelo tráfico, você e seu marido conseguem colocar tudo em ordem.

-Você acha mesmo que eu vou colocar a minha família em risco pra ajudar a polícia, se eu mexer com os outros morros eles vão querer pegar meus filhos, minha cunhada, meu irmão, ou até apavorar o meu morro, sinto muito João mais eu não posso colocar todos eles em perigo.

-Eu entendo, então pelo menos treina os policiais, o efetivo do estado está muito despreparado.

-Tudo bem, mas eu quero duas coisas, primeira que eu e os meus homens, incluindo meu marido e os homens do Alemão tenham a fixa limpa e que o delegado André poça me ajudar.

-Porque o delegado André? Não vai me dizer que ele é corrupto, ele é um dos meus melhores homens.

-Nunca mais insinue que meu pai é corrupto.

-Seu pai?

-Sim, foi o André que me ensinou tudo que eu sei, eu só descobri que era filha do Felipe quando estava com 19 anos.

-Tudo bem condições aceitas, desde já eu te agradeço.

Ainda bem que essa reunião acabou eu preciso matar alguém, falando nisso olha um aí querendo se voluntariar.

-O que você quer aqui Rafael?

-Vim te matar sua vadia.

-Pera aí, você entra no meu morro, sozinho, e diz que veio me matar, você só pode está drogado, não pode está no seu juízo perfeito.

-Eu vou te matar Jasmim e tomar tudo que é seu.

-Essa eu quero ver

Ele tirou a arma da cintura, antes que ele pudesse apontar a arma dele pra mim eu atirei nele.

-Idiota.

O Rafael era dono de um morro rival, ele sempre foi um idiota igual o Rodrigo, menos um morro pra polícia ter que pacificar.

-Murilo!

Gritei igual uma maluca, o Murilo é meu braço direito e eu confiou muito nele, ele é um homem de bem.

-O que aconteceu aqui patroa, fez festa e não me chamou?

-Convidado penetra, junta os melhores homens e invadi o morro desse idiota, eu quero isso agora, mas antes tira esse idiota daqui.

Estava como uma bomba relógio fui pra casa e o Thiago estava com as crianças, eu entrei e a Talita me olhou com nojo.

-Mamãe tem sangue na sua roupa.

Não tinha visto que tinha espirado sangue em mim, o Thiago me olhou assustado.

-Não é da mamãe filha, não se preocupa.

Eu subi as escadas, antes que o Thiago venha me perturbar...

Thiago

Depois da pequena crise da flor ela saiu pro escritório, eu fiquei com as crianças, quase não ficava com eles, a flor voltou e a Talita viu que tinha sangue na roupa dela, eu vi um ódio nos seus olhos, ela matou alguém tenho certeza, eu deixei a Maricota com a Marisa e fui pro quarto, eu pude ouvi a voz da flor de longe.

-Murilo, como foi à invasão?

Invasão? Como assim invasão, o que a flor está fazendo?

-Tudo bem, nós perdemos algum dos nossos?

Ela parecia nervosa.

-Ótimo, manda metade pra cá e fica com o resto aí, vou tomar um banho e vou pra ir ver o que eu posso fazer pra ajudar, mas vai dando uma olhada no caixa e ver o que a população precisa, junta algumas pessoas e pergunta o que falta, vou deixar você cuidando de tudo, eu vou ajudar a polícia com uns esquema aí e não vou ter muito tempo, depois eu te explico daqui uma meia hora eu chego aí.

Eu não estou entendendo mais nada, invasão, ajudar a polícia, o que a flor está tramando.

-Jasmim o que está acontecendo?

-O João pediu pra mim treinar a polícia, todos nós vamos ter a fixa limpa, o Rafael queria me matar e eu matei ele primeiro, e agora eu estou indo no morro dele ver como que está e o que eu posso fazer.

Ela entrou no banheiro me deixando sozinho e confuso, quando ela saiu, já estava arrumada, e tinha várias pulseiras no braço, estranhei mais deixei quieto, ela passou por mim igual um furacão e saiu, ouvi de longe os pneus do carro cantarem, eu entrei no banheiro e vi gotas de sangue, como eu suspeitava, eu olhei no lixeiro e tinha uma lâmina cheia de sangue, ela voltou a se machucar, eu não sei mais o que eu faço...

01-A DAMAOnde histórias criam vida. Descubra agora