3 - Retornos

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Meus olhos se abriram novamente e todo o meu corpo parecia dormente como se eu tivesse encarado uma luta de boxe o dia inteiro. Senti minhas roupas grudadas no meu corpo e sentei na cama. No momento que me movi, uma mão agarrou a minha sobre a cama. Eu gritei.

- Shh. – disse Guilherme soltando minha mão e sentando na cama comigo. – Você está bem.

- Eu... – olhei envolta. Tudo estava cheio de sangue como a cena de um assassinato.

Olhei para as minhas mãos e vi o sangue seco nelas da mesma forma como vi a marca de sangue no rosto de Guilherme. Levantei a mão até cobrir a marca sobre seu rosto e fechei os olhos. Ele segurou meu pulso e manteve minha mão no seu rosto. Tudo voltou para a minha mente como um tiro.

Imagens sem nexo do meu corpo sangrando caindo sobre Guilherme, de ver Ramon parado na minha frente com as mãos estendidas, a poça de sangue envolta dos meus joelhos. As imagens eram sem nexos e ao mesmo tempo faziam um sentido óbvio para mim.

- Alie. – chamou Guilherme tirando minha mão do seu rosto.

- Quanto tempo? – perguntei lembrando-me de chegar os olhos e depois tudo tinha apagado.

- Duas horas no mínimo. – respondeu colocando meu cabelo atrás da orelha e observando meu rosto. – Você não parava de sangrar. O que foi aquilo?

- Eu não sei. – admiti baixinho. Eu não tinha certeza se ele tinha escutado porque depois ele se manteve em silêncio até agarrar minha mão novamente.

- O que você lembra?

- Tudo. Eu me lembro de tudo. – respondi virando na sua direção com os olhos arregalados e meu corpo começando a gelar. – Foi como Thales me matando, mas dez vezes pior.

- Está tudo bem agora, Alie. – confortou me puxando para os seus braços e abraçando.

Deitei o rosto no seu peito e deixei-me ser embalar.

Ramon.

Era essa a parte que não saia da minha cabeça. Ramon tinha estado no quarto comigo, eu quase havia tocado a mão dele. Ramon vivo, na minha frente.

- Vamos tirar todo esse sangue de você, querida. – disse Guilherme delicadamente me tirando da cama e levando até o banheiro. – Você quer ajuda?

Eu não me movi, fiquei parada onde ele havia me posto de pé, encarando o nada como se da parede do banheiro Ramon pudesse surgir novamente. Quando percebeu que eu não iria fazer movimento nenhum para me limpar, Guilherme ligou o chuveiro e arrastou minha camisola pelo meu corpo. O observei jogar a camisola branca imunda de sangue no lixo e desviei meus olhos para o meu abdômen levando minhas mãos junto.

- Não há nada aí. – disse ele afastando minhas mãos e se ajoelhando na minha frente para beijar minha barriga lisa.

Ele levantou e tirou sua camiseta preta deixando seu peito a mostra. Meus olhos seguiram seus movimentos até que ele estava apenas de cueca na minha frente. Era como se eu nunca tivesse visto-o sem roupa. Ele era a melhor visão do mundo. Toquei seu peito com as pontas do meu dedo como se tivesse tocando-o pela primeira vez. Senti quando ele sorriu para mim e afastou seus cabelos do rosto.

- Vamos, Alie, estamos precisando de um banho. – ele agarrou minha mão e me ajudou a entrar embaixo do chuveiro.

O segui sem deixar de encarar. Eu sabia que já havia visto-o nu diversas vezes, mas agora não conseguia me lembra de sequer uma vez. Ele era tão majestoso que a luz que o estava envolvendo ficava cada vez mais forte quando ele se aproximava de mim. Ele colocou meus cabelos para trás e levantou meu rosto segurando a ponta do queixo. Tocou meus lábios devagar com os seus e senti meus joelhos ficarem fracos, mas de uma forma boa.

Coração de Sangue - livro 2 da série Coração AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora