18 - Tempestade

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- O que você está fazendo aqui?! – perguntei apavorada correndo até as janelas e fechando as cortinas. – Tem noção do que pode acontecer se alguém ver você?- Você está bem. – afirmou ignorando todo meu desespero.- Claro que estou. Por que eu não estaria? - Eu tive uma sensação, um sonho, premonição; não faço ideia do que foi aquilo. – ele agarrou meu rosto com as mãos molhadas e beijou minha testa com força. – Havia algo de errado com você. Alguém tentando matar você, eu não sei. Eu só sei que vim o mais rápido que pude e quando não encontrei você no seu quarto e Cheshire disse que você não estava no castelo, toda aquela sensação voltou e sai procurando por você por toda a aldeia. Graças a Deus que você está bem.- Meu Deus, Guilherme. – falei afastando as mechas molhadas do seu cabelo do rosto. – Me diga, por favor, que ninguém viu você rondando por ai.- Eu tomei cuidado, Alie. – acalmou-me.- Ao menos isso. Os guardas do lado de fora não viram você?- Não. – respondeu ele jogando meus cabelos para trás e passando as mãos pelo meu pescoço. – O que é isso?- Uma pequena briga que aconteceu hoje. – respondi afastando suas mãos do meu pescoço e tentando esconder as marcas com meu cabelo curto. - Parece que cheguei um pouco atrasado em relação ao que eu senti. - comentou afastando meus cabelos novamente e avaliando as marcas dos dedos de Mary. - Quem fez isso com você?-Mary. - respondi com um dar de ombros. Eu não queria lembrar outra vez o que havia ocorrido no Festival. - Ela descobriu sobre o irmão. - concluiu deixando que eu escondesse as marcas com o cabelo novamente. - Sabíamos que isso ia acontecer em algum momento. - Sim, eu só esperava estar por perto para protegê-la. - lamentou. - Papai cuidou de tudo. - falei agarrando suas mãos nas minhas. - Você não devia ter vindo, sabe que é perigoso. - Tinha que ter certeza que você estava bem. - Agora você já sabe que estou bem. - toquei seus lábios de leve com os meus e me afastei. - Volte para Terra agora antes que alguém o pegue aqui. Por favor. - Venha comigo. - pediu me puxando para os seus braços. -Não quero perder você de vista, ainda estou com essa sensação de que algo vai acontecer. - Nada vai acontecer comigo, pode ficar tranquilo. –o tranquilizei sorrindo e fazendo uma leve pressão em suas mãos. - Estou indo para a Terra daqui a pouco, mas antes tenho que passar no castelo. Vá agora e depois damos um jeito de nos encontrar. - Você vai ficar bem? - Vou. Você pode ir. - garanti quando ele soltou minhas mãos.Ele estava prestes a ir. Meu coração estava acelerando de preocupação com o risco que ele havia corrido de ter indo até ali, mas no momento em que a esfera surgiu no meio da sala, algo acertou a janela com tanta força que mandou estilhaços de vidro sobre todos nós. Foi tão rápido que meu cérebro mal registrou o acontecimento.Eu senti os braços de Guilherme me agarrar com força e me puxar em direção ao chão. Senti o momento exato que meu peito bateu com força contra o piso e alguns pedaços de vidro tocaram meus braços e costas. Se eu não estivesse tão surpresa com o acontecido, provavelmente, saberia exatamente quantos cacos de vidro me atingiram. Pelo canto do olho, vi Damen levantar rapidamente do chão e correr em direção ao corredor que o levaria até o quarto de Eric. Virei meu rosto em direção ao de Guilherme e ele me encarou preocupado.O que havia sido aquilo? Eu não conseguia entender o que levara a janela a explodir desse jeito. A chuva e o vento do lado de fora eram fortes, mas dificilmente eles conseguiriam arrebentar uma janela daquele jeito. Ainda deitada no chão eu podia sentir as gotas de água entrando pela abertura da janela. Pensei nas gotas de chuva que eu havia sentindo no meu rosto nessa mesma manhã e do lugar que ela me fez lembrar. Essas gotas não me traziam aquela imagem pacifica que eu tinha visto pela manhã. Tudo que me vinha em mente nesse momento era a imagem de um tornado varrendo todo aquele campo e eu sabia, de alguma forma, que eu tinha estado no centro daquele tornado.Uma mão levantando-me tirou minha mente daquela lembrança. Encarei os olhos de Guilherme enquanto deixava ele me puxar para o meio dos seus braços. Olhei envolta da sala aconchegante de Damen que estava destruída. A janela que eu havia observado há poucos minutos atrás já não existia mais, um buraco maior do que havia sido a janela estava aberto na parede e a chuva forte passava por ele molhando tudo. - O que foi isso? - perguntou Damen aparecendo novamente na sala com Eric nos braços. - A chuva? - respondi meio em duvida. - Essa tempestade não seria capaz de destruir parte de uma parede. - argumentou Guilherme. - Então, que diabos foi isso? - perguntei me agarrando mais a ele quando um vento cortante entrou pelo enorme buraco. - Alguém causou isso. - disse Damen e vi quando ele apertou Eric mais forte entre seus braços. - Quem? Quem iria causar algo assim? - perguntei e então outro estrondo fez com que todos nos jogássemos no chão outra vez.Dessa vez o que explodiu não foi uma janela, nem uma parede. O teto desabou sobre nós. Ouvi o gemido baixo de Guilherme quando algo o acertou e me encolhi ainda mais embaixo do seu corpo quando um enorme pedaço de concreto caiu a centímetros dos nossos corpos. Olhei para o lado a procura de Damen e Eric e os vi entre enormes pedaços de concreto, felizmente, nenhum havia atingindo-os de forma grave.Todos nos levantamos rapidamente depois que o susto havia passado e corremos para fora da casa enquanto ela começava a desabar aos poucos. Pude ouvir o choro baixo de Eric enquanto Damen corria com ele em seus braços. Guilherme me arrastava ao seu lado o mais rápido que podia, mas ele estava mancando de uma forma que parecia ser extremamente dolorosa. A rua estava completamente vazia e a chuva estava cada vez mais forte, mal dava de enxergar o que estava na nossa frente de tão forte que estava à chuva. Não demorou um segundo para que todos estivessem molhados quando saímos da casa.Eu ainda conseguia ouvir o som da casa caindo enquanto corríamos para o mais longe possível do lugar. Olhei por cima do meu ombro em direção a casa, procurando por algo. A princípio, achei que procurava pelos guardas que eram para ter ficado na porta me esperando, então, me dei conta que não foi minha preocupação com os guardas que me fez olhar para trás. A sensação de morrer novamente estava começando a surgir no meu corpo e algo havia me feito olhar para trás antes de me afastar demais. Pude sentir todo meu corpo gelar quando meus olhos se focaram no homem parado em frente à casa desmoronada. "Parte de você está morta", soou a voz de Thales outra vez na minha mente. Ele estava ali novamente. Eu podia o ver perfeitamente, como se ele estivesse parado na minha frente. Era como ver outra vez o garoto que um dia já havia me beijado, o sorriso dele era o mesmo, porém, eu entendi o significado por trás do seu sorriso malicioso e eu não gostava dele. Eu não havia reparado que eu já não corria mais. Eu não conseguia ter consciência das pessoas chamando meu nome apesar de eu saber que elas estavam me chamando, de sentir os dedos de Guilherme prendendo minha mão. Tudo que minha mente focava era em Thales parado em frente aos escombros do que havia sido a casa de Damen.Como da primeira vez em que eu havia o visto depois da sua morte, eu senti todas as lembranças voltarem e era cada vez pior. Se eu havia achado a primeira vez insuportável, a segunda estava milhões de vezes pior. Dava para sentir o sangue começando a fluir para fora do meu corpo, à dor que invadia todo meu corpo querendo me jogar no chão e os gritos de dor estavam presos na minha garganta. - O que está acontecendo com ela? - ouvi alguém gritar, mas a voz parecia tão distante que eu não me importei se a pergunta teve resposta ou não.Thales estava se aproximando de mim. Por mais que todo meu corpo estivesse gritando de agonia e meu desejo nesse momento fosse morrer para sumir com toda a dor, meus olhos não deixavam a imagem de Thales. Ele se aproximou, mas não ficou tão próximo como da primeira vez. Ele parou a alguns passos de onde eu estava e vi que ele sorria e sangrava como daquela vez. Ele estava igual à primeira vez, mas tinha algo de diferente dessa vez. Ele parecia mais vivo. - Você sentiu isso? - ouvi a voz de Guilherme falando de algum lugar que parecia ser distante demais de onde eu estava. Tentei a todo custo me concentrar na sua voz. - O que? - indagou a voz de Damen parecendo estar ainda mais distante. Eu não conseguia me focar nas vozes deles. Tudo que meu cérebro conseguia fazer era gritar de dor e mandar meus olhos encararem Thales na minha frente. Diferente da primeira vez, ele não me tocou, ele não falou comigo, ficou apenas parado na minha frente sorrindo. Ele não precisava falar nada, minha mente ainda ecoava o que ele tinha falado no fim do nosso primeiro encontro nessa situação. "Parte de você está morta".Tudo parecia ter levado horas para acontecer, mas havia sido questões de segundos, eu percebi isso quando Thales sumiu da minha frente e meu cérebro pareceu voltar ao normal. Eu conseguia ouvir o som da chuva caindo forte a nossa volta, o choro abafado de Eric e a respiração exasperada de Guilherme próxima a mim. Aquele gritou que parecia ter ficado preso na minha garganta antes, escapou dos meus lábios e meus joelhos fraquejaram. - Vai ficar tudo bem, Alie. - disse Guilherme se abaixando com dificuldade na minha frente e me puxando nos seus braços. Seu nome escapou dos meus lábios em forma de um suspiro doloroso e ele me puxou para cima junto consigo. - Estou aqui, está tudo bem.Eu ia apagar, podia sentir minha mente querendo se desligar e, meu corpo estava ficando cada vez mais mole, mas quando meus olhos bateram na perna de Guilherme vi que seu jeans estava ensopado de sangue e o sangue não era o meu. Obriguei meus olhos a ficarem abertos e minhas pernas se arrastarem sob a chuva apesar da dor que me dominava. Pela quantidade de sangue que grudava a calça dele na panturrilha, o machucado havia sido feio e eu não queria causar mais dor fazendo-o me carregar. Damen se aproximou de nós passando o braço pelo meu corpo e ajudando-me a continuar de pé. Fomos o mais rápido possível em direção a uma das tendas do Festival que ainda estava armada, assim que parei de sentir a chuva cair sobre nós, deixei que meu corpo se entregasse a dor e minha mente se desligasse de tudo.***Quando comecei a voltar a ficar consciente, pude focar no som da chuva caindo forte do lado de fora, na sensação de alguma coisa dura embaixo de mim e do gemido dolorido que vinha do meu lado. Meus olhos abriram lentamente como se levantar as pálpebras fosse um grande sacrifício. Todo meu corpo doía igual acontecia toda vez que eu apagava sangrando. O gemido baixo vinha da minha esquerda e junto com ele eu podia ouvir um murmurar calmo e muito baixo, tão baixo a ponto dos meus ouvidos sensíveis não conseguirem entender as palavras. Quando meus olhos se abriram por completo, focando onde estávamos eu forcei meu corpo a se erguer de modo que eu ficasse sentada. Minha cabeça doía de uma forma estranha, nunca havia sentindo esse tipo de dor. Ela me deixava tonta, enjoada e parecia que uma parte do meu cérebro estava com dificuldade para funcionar. Era aterrorizante. Uma mãozinha se apoiou nas minhas costas para me ajudar a permanecer sentada, sorri para Eric agachado do meu lado. Ele estava cada vez mais parecido com Damen. Ao olhá-lo agachado ao meu lado, me apoiando e olhando preocupado, ele tinha a mesma expressão que o pai. Ele me devolveu o sorriso parecendo aliviado em me ver acordado outra vez e olhou para além de mim em direção de onde vinha gemido de dor. Segui seu olhar e senti meu coração dar um pulo.Guilherme estava com as costas apoiada contra a perna de uma mesa e Damen estava agachado ao seu lado. Os olhos dele estavam fechados com força e pela sua expressão podia-se ver que ele estava se segurando para não gritar de dor. Desci os olhos pelo seu corpo e eles ficaram presos na sua perna direita. Ela estava destroçada. Eu podia sentir a ânsia de vomito se juntando a minha dor de cabeça infernal e tive que engolir em seco para não vomitar.Pelo que eu podia perceber Damen havia rasgado toda a perna da calça jeans onde estava o machucado e tentava limpar a ferida, porém, ela não parava de sangrar. Envolta da panturrilha de Guilherme havia uma poça enorme de sangue. Ela lembrava um pouco a poça de sangue da primeira vez em que eu havia sangrado, mas esta poça era menos densa que a minha. Todo meu estômago se embrulhou outra vez.Eu estava tão fixa em encarar o machucado do meu namorado que não me dei conta de que ele me encarava, só fui perceber quando ele resmungou alguma coisa e eu desviei meus olhos da sua perna para o rosto. Todo o seu lindo rosto estava suado e seus cabelos ainda estavam encharcados da chuva. Me pus sobre os joelhos e obriguei meu corpo a engatinhar até ele. - Como você está? - perguntou quando sentei ao seu lado. - O que aconteceu com você? - perguntei voltando a olhar a ferida enorme que Damen tentava limpar. - Um pedaço da viga do telhado caiu em cima da minha perna. - ele respondeu tentando dar de ombros, mas a sua dor era tanta que até dar de ombros estava difícil. - Está um pouco feio, não? - Use magia para curar isso, Damen. - pedi. Damen levantou os olhos de forma paciente na minha direção e me mandou um olhar de "agora estou ocupado", como se eu não tivesse percebido isso. Ele voltou os olhos para o trabalho novamente e me ignorou, olhei apavorada na direção de Guilherme. Por que Damen não estava usado magia? - Você acordou cedo. - comentou Guilherme querendo me distrair do pavor. - Há quanto tempo estamos aqui? - perguntei querendo aceitar sua distração. - Dez minutos, no máximo. - respondeu e pós sua mão sobre a minha apoiada no chão. - Você sangrou tudo de uma vez, foi horrível de ver. - Desculpe. - falei no automático, meus olhos haviam se focado outra vez no seu machucado.O sangue estava diminuindo, Damen estava começando a conseguir limpar tudo e, de acordo com que ele limpava, eu conseguia ver melhor a extensão do machucado. Era tão ruim quanto eu imaginava. Todo o comprimento da perna dele estava vermelho e havia algumas partes que pareciam ter algo dentro. Observei uma das partes. Tinha um pedaço da sua pele que parecia em relevo, uma enorme parte que ia do seu joelho até metade da panturrilha, como se algo tivesse atravessado sua perna.As mãos de Damen passaram sobre o local que eu observava e eu subi o olhar até encontrar seu rosto. Ele sentiu meus olhos sobre ele, pois no segundo seguinte ele me encarou com os olhos violetas compreensivo e acenou com a cabeça para que eu fosse ajudá-lo. Minha cabeça ainda doía e eu podia sentir todo meu corpo tremer como se eu fosse desabar outra vez, mas forcei meus braços e joelhos a me arrastarem de quatro até a ponta dos pés de Guilherme onde Damen havia pedido que eu me posicionasse. - Preciso que você me ajude a levantar a perna dele e a mantenha no alto até eu dizer que pode abaixar. - instruiu e olhou na direção de Guilherme. Olhar que os dois trocaram parecia que Damen estava pedindo permissão para fazer algo, Guilherme acenou em concordância. Eu não sabia o que ele havia permitido, mas fiz o que Damen mandou. Ergui a perna de Guilherme lentamente para o alto e tentei não olhar para a careta de dor que ele fez. Eu não gostava de o ver sofrer.Damen colocou as mãos na parte de baixo de Guilherme e eu consegui ver o que fazia parecer que havia algo dentro da pele dele. Havia algo ali. Um enorme pedaço de viga que havia se partido e se enterrado numa extensão enorme da perna do meu namorado. Toda aquela vontade de vomitar voltou e tive que me conter. Eu queria desviar os olhos da ferida, eu sabia o que Damen ia fazer quando vi o que estava causando tanta dor a Guilherme, e eu não queria ver aquilo, mas meus olhos estavam presos ali.Rapidamente, as mãos de Damen agarraram a base da viga que estava para fora da pele e puxou com força. O grito que Guilherme soltou fez meu corpo congelar e só quando ele respirou fundo foi que percebi que eu também havia prendido a respiração. Olhei para o rosto dele e vi que ele estava tão branco quanto um cadáver, ele forçou um sorriso quando viu que eu o observava e então soltou outro grito quanto Damen puxou um pedaço menor de viga que havia se prendido na sua coxa.Ao todo foram três partes da viga que haviam se enterrado na sua perna, fora as partes da sua perna que estavam com escoriações. Olhei as partes da viga que Damen havia tirado enquanto ele limpava mais o sangue que começara a escorrer outra vez. A maior tinha sido a pior, ela havia se cravado tão fundo na sua perna que a maior parte dela estava coberta de sangue, as outras duas eram menores, mas nem por isso me causavam menos arrepios. - Por que você não usou magia? - perguntei quando consegui virar meus olhos outra vez para Damen. - Magia nem sempre é a melhor opção. - ele respondeu concentrado no que estava fazendo. - A magia só funciona de forma certa se a ferida estiver pronta para ser curada. - disse Guilherme com a voz um pouco abafada. - Pronta para ser curada? - A ferida tem que estar limpa e você têm que ter certeza de que nada vai impedir que ela vá focar fechada. Os pedaços de viga iriam impedir que ela fechasse e se a ferida não estiver bem limpa ela pode infeccionar mais tarde e causar ainda mais dor que a original. - explicou Damen terminando de limpar todo o sangue da perna de Guilherme. - Você quer fazer isso, Alie? - perguntou indicando o machucado. - Não, minha magia não está boa ultimamente. - respondi dando de ombros como se aquilo não me preocupasse. - Está bem. - ele concordou e virou na direção da perna de Guilherme outra vez.Era sempre fantástico ver Damen fazer magia que precisava de concentração, era nesses momentos que eu podia perceber que ele realmente era um bruxo e que tinha muito mais idade do que aparentava. Alguma coisa mudava nele quando estava concentrado assim, eu só não sabia o que era. Observei as mãos dele sobre a perna de Guilherme e vi enquanto as feridas começaram a fechar lentamente com um tom arrochado. Quando ele terminou não havia mais nenhum sinal de que a instantes atrás a perna de Guilherme estava destruída. - Não preciso explicar sobre o que você tem que fazer para manter a perna assim até que ela cure completamente, não é? - perguntou Damen se erguendo. - Não, sei como cuidar disso. - respondeu Guilherme e aceitou a mão de Damen para se erguer. - Obrigado. - Sem problemas. - Damen deu de ombros e sorriu. - Isso não significa que esqueci o que você fez. - informou Guilherme sério. - Eu imaginei. - respondeu Damen e se virou em direção ao Eric que havia ficado esse tempo todo sentado, quieto.Ignorei-os e me dirigi até Guilherme. Ele pegou minhas mãos e sorriu. Meu coração se acalmou. Ele estava bem outra vez, não havia mais machucado e não havia mais dor. - Como você está? - perguntou outra vez. - Eu estou bem. - O que foi aquilo lá fora? - perguntou me puxando para mais longe de Damen. - Você também sentiu aquela sensação, não é? - Que sensação? - perguntei. - Algo do tipo que não devia acontecer estar acontecendo. - ele tentou explicar. - Guilherme, eu sinto isso desde a hora que eu acordei no campo de batalha com você. - respondi. - Você sabe do que eu estou falando, Alie. Algo ruim, algo muito ruim. - disse preocupado. Claro que eu sabia do que ele estava falando. Essa sensação que ele havia sentido tinha sido a mesma que eu senti nas duas vezes em que vi Thales. Algo ruim, algo errado. Era apavorante essa sensação, mas o que ele pensaria se eu contasse a verdadeira razão desses calafrios de medo que me tomavam? Ele, provavelmente, surtaria com a possibilidade de Thales, mesmo morto, ainda estar envolvido com algo perigoso. Eu precisava de mais tempo para entender o que estava acontecendo antes de contar isso para qualquer um, principalmente, para Guilherme. Eu não falaria nada. Por enquanto. - Você anda muito cheio de sensações ultimamente, meu amor. - desmereci sorrindo divertida.

Coração de Sangue - livro 2 da série Coração AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora