22 -Alucinação coletiva

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O despertar era sempre com a mesma sensação de ter levado uma surra de um lutador profissional. Sentei-me na cama tentando me localizar. Eu não estava na minha casa, eu não estava no meu quarto em Fantasiverden. Olhei os moveis cuidadosamente e conclui que estava na cabana de Guilherme. Toda a cama a minha volta estava pintada de vermelho com o meu sangue e vi que o chão tinha gotas que formavam pequenas poças.

Todo aquele sangue já era normal para mim. Levantei querendo encontrar Guilherme, eu não podia ficar muito tempo ali, alguém poderia dar pela minha falta ou o tal "fiscal" poderia parecer a qualquer momento. 

Quando estava me aproximando da sala de estar, vi Ramon parado no corredor observando alguma coisa, parei atrás dele e olhei para a sala. Damen estava lá. Eu podia ver apenas as costas dele, mas eu conheceria aqueles ombros largos em qualquer lugar e o cheiro amadeirado não me deixava enganar, era Damen. Entrei na sala indo de encontro aos dois.

- O que você está fazendo aqui? – perguntei quando Damen sorriu para mim.

 - Guilherme me chamou. – respondeu dando de ombros. 

-Por que você não me levou para casa, Guilherme? – perguntei sentando ao lado de Damen no sofá e olhando para meu namorado encostado na lareira.

- Não queria assustar sua mãe com o monte de sangue que ela iria encontrar pela manhã. – respondeu dando de ombros e voltando a atenção para Damen. 

–Acha que isso poderia dar certo? 

- É provável, mas não posso ter certeza, nunca vi nada como isso.

Olhei de um para o outro com cara de duvida, mas os dois continuaram a conversa me ignorando. Era como se eu não estivesse ali. Eles tinham alguma ideia na cabeça, porém, não me diziam qual, apenas ficam discutindo entre si.

 - Ok, vamos parar com essa de me ignorar e vamos me inteirar da conversa de vocês. O que vocês estão pensando em fazer? E sobre o quê?

Guilherme voltou os olhos para mim e depois olhou novamente para Damen, por fim, respirou fundo e se dirigiu a mim. 

- Talvez tenhamos encontrado um jeito de romper seu laço de sangue com Thales. 

- Como? – perguntei olhando esperançosa para os dois. 

- É arriscado, muito arriscado, mas é a única coisa que faz sentindo. – disse Damen virando para mim. – Vamos ressuscitar Thales. 

 Querido leitor, vocês ouviram o mesmo que eu? Porque demorei alguns longos segundos para perceber que eles estavam falando sério. De que aquelas palavras "ressuscitar" e "Thales" haviam saído da boca de Damen na mesma frase e não havia nenhum "não" entre elas. 

Por alguns segundos duvidei de verdade da minha capacidade auditiva. Apenas percebi que meus ouvidos continuavam bons como sempre quando Guilherme acenou em concordância. 

Assim como eu, acredito que vocês conseguem perceber quanta loucura era cogitar a ressurreição de Thales. Ele não era confiável. Ele precisava continuar morto. Já havíamos perdido muitas vidas para ele ao longo do tempo, não era sensato trazê-lo de volta e dar uma segunda chance de vida. Thales era o sinônimo de perigo. No momento que ele voltasse à vida, encontraria um modo de me matar e conseguir meu coração. Ele era um risco muito grande para tentarmos. 

- Vocês só podem estar brincando. Não podemos fazer isso. – disse por fim depois de ter certeza de que aquilo não podia ser uma possibilidade verdadeira para eles. 

- Estamos falando sério, Alie, é o único jeito de cortar a ligação de vocês. – respondeu Damen.

 - Não, gente, não é. Prefiro ficar com essa ligação a trazer ele de volta. – respondi sentindo todo o pavor dessa decisão tomar conta do meu corpo.

Coração de Sangue - livro 2 da série Coração AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora