Coração de Sangue - livro 2 da série Coração Azul

13 - Meios de comunicação

Um mês. Um mês inteiro sendo vigiada. Esse tinha sido o tempo que papai havia posto todos para me vigiar, evitando que eu tentasse qualquer que fosse a aproximação com Guilherme. Até meus telefonemas e mensagens eles estavam controlando. Não era o suficiente que todos de Fantasiverden saberem que eu não podia me aproximar do meu noivo, mamãe também havia sido avisada. Otavio havia sido avisado!

Era como uma conspiração contra a minha pessoa e qualquer sinal de que eu estava perto do amor da minha vida. Ninguém admitia o que estava fazendo, mas eu sabia a verdadeira razão de todas aquelas pessoas nunca me deixarem sozinha. Era nesses momentos que eu mais sentia falta de Guilherme, e Damen...

Depois de todo esse tempo com pessoas me impedindo de encontrar com Guilherme, Damen havia voltado para os meus pensamentos e a falta da sua amizade aumentava cada vez mais. Antes, quando eu tinha Guilherme por perto, ele fazia com que eu desviasse meus pensamentos para outras coisas. Mantinha-me tão ocupada que não havia tempo de pensar na falta que eu sentia de Damen. Porém, agora, não havia Guilherme para me distrair desse sentimento.

Por mais que tia Bea, mamãe, papai, Otavio e todos os outros não me deixassem sozinha por um único instante, eu ainda conseguia sentir mais aquele pedacinho do meu coração que estava faltando. Nenhum deles conseguia prender meus pensamentos da mesma forma como Guilherme fazia. Duas partes do meu coração haviam sido arrancadas sem me dar tempo de recuperação. Declan e Damen. Dois pedaços arrancados de formas diferentes, mas que doíam de uma forma muito semelhante.

- Alteza? – chamou o homem alto e magro sentado na minha frente.

- Desculpe. – murmurei e voltei a olhar os livros na minha frente, mas sem realmente conseguir me concentrar nas palavras em latim que estavam ali.

Dois dias depois de Guilherme ter sido mandado embora, a Corte havia trago um novo bibliotecário para o castelo. Claro, ele não chegava nem aos pés do primeiro, mas ele era bom, eu tinha que admitir.

A princípio, eu tinha ficado ressentida com a rapidez com que Guilherme havia sido substituído, mas o castelo não podia ficar sem um bibliotecário. Como Guilherme havia dito uma vez, o trabalho dele era muito mais que apenas cuidar da biblioteca e dar algumas aulas para nós.

Eu nunca havia pensado muito no trabalho de Guilherme. Aquele cargo simplesmente se encaixava completamente para ele, como ser Rainha era algo natural para tia Bea, ser bibliotecário era meio que uma forma como Guilherme havia nascido. Mas havia muito mais nessa profissão que apenas livros e bibliotecas. Fiquei surpresa com a falta que ele fez para os negócios do castelo em apenas dois dias. Era bom saber que meu namorado havia tido um envolvimento importante com o reino.

O novo bibliotecário era de longe diferente de Guilherme. Eles não deviam ter uma diferença de idade muito grande, porém, ele tinha uma personalidade mais reservada. Dirigia-se a mim e a Clara sempre pelo título apesar de já termos dito que podia usar nossos nomes sem problema algum. Ele mantinha distância de todos, fazia seu trabalho e então voltava para sei-lá-o-que ele fazia no tempo vago.

Diferente de Guilherme, ele não comia na mesa com a gente, raramente participava de alguma coisa que não exigisse sua presença profissional. Era como ter um estranho morando com você.

Contudo, a rápida substituição de Guilherme havia feito com que eu me ressentisse, mas o que, realmente, me deixou com raiva foi: disponibilizarem o quarto de Guilherme para esse novo cara. Isso foi como levar um tapa na cara para mim.

Quando Guilherme nos deixou, imaginei que seu quarto ia ser mantido fechado, igual acontecia com o do Ramon. Havia tantos outros quartos espalhados pelo castelo, por que o do meu namorado tinha que ser dado para ele? Eu não conseguia entender por que. Não era como se Guilherme fosse um funcionário qualquer e tivesse sido demitido. Ele havia feito parte da Família Real mesmo que sem o laço de sangue que todos nós mantínhamos. Ele havia feito parte dessa família mais do que eu.