19- meias verdades.

797 119 9
                                    



O lar é onde você se sente em paz, seguro, é um lugar do qual você deve gostar de estar ele é um refugio dos problemas do mundo, e quando esse lugar já não estiver mais ti fazendo feliz é porque há algo de errado dentro dele. Eu sempre me senti melhor dentro de minha casa, mesmo no silencio e solidão por morar sozinho eu sempre fui feliz dentro de minha casa, porem aquele dia foi o mais insuportável que já tive de passar.

Breno simplesmente se apoderou de minha casa, agia como se já fosse o dono e ficava sempre me agarrando pelos cantos, fiz um rápido calculo de anos que eu pegaria na prisão se aproveitasse a faca que ele usava para fazer "nosso jantar" e lhe cortasse a garganta. "posso alegar legitima defesa, não posso?" pensava enquanto olhava atento para a faca em sua mão. "digo que ele invadiu minha casa, estava descontrolado, insano e alucinado, eu apenas agi em minha defesa." Balancei a cabeça, não era esse o plano, eu devia seguir o plano. "mas como aguentar esse chato?" suspirei.

Por sorte o dia acabou, Breno teve de voltar a noite para o hospital e eu teria paz e sossego finalmente. Fui para meu quarto e me deitai na cama olhando para o teto, eu não conseguia para de pensar como o Arthur devia estar se sentindo. Começou lentamente ate que eu já estava soluçando de tanto chorar, eu sentia a falta do Arthur, me sentia desprotegido sem ele, eu já me sentia dependente dele.

Ouvi a campainha tocar e tratei logo de limpar os olhos, pensei que fosse o Breno de novo e apesar de não querer abrir a porta pra ele sabia quer ele a derrubaria se eu não atendesse. Abri a porta sem animo algum, mas quando olhei para a pessoa parada na frente de minha casa senti um misto de alivio e alegria.

- oi Thom, eu pensei muito e decidi vir ti ver. - disse o Luiz com um sorriso encantador.

Era isso, quando vi o Luiz no meu portão entendi o que estava faltando pro meu plano dar certo. Eu precisaria de ajuda, e precisaria da ajuda dele e só dele, fora o Arthur só ele conseguia me transmitir segurança dentro daquele lugar. Fiquei uns segundos parado olhando para ele então corri ate ele e o abracei forte voltando a chorar tudo que já estava chorando no quarto. Eu não poderia contar a verdade a ele, mais precisava da ajuda dele então como fazer isso? A resposta era obvia, mentindo infelizmente

- Luiz, eu to com medo. - digo entre soluços.

- o que foi Thom? - perguntou me apertando em seus braços.

- porque esta chorando? O que houve?

- eu... eu... - as palavras não saiam por mais que eu tentasse, não conseguia dizer.

- calma, calma, vamos entrar.

- ele me guiou para dentro ainda com um braço ao meu redor. Eu não queria envolver o Luiz. Eu gostava da atenção e do carinho que ele me dava, mas meu Arthur precisava de mim, pensar nisso só me fazia chorar ainda mais.

Luiz me sentou no sofá e foi buscar um copo de água na cozinha, ele ficou do meu lado ate eu me acalmar, ele estava visivelmente preocupado. Como pode o ser humano ser tão egoísta? Viver pro si, fazer por si, querer pra si. Eu era tão egoísta quanto qualquer outra pessoa, talvez ate mesmo pior, pois eu tinha uma pessoa maravilhosa do meu lado e eu estava prestes a mentir. Não, não vou mentir, sei que não posso contar toda a verdade, Luiz nunca mais iria querer me ver e a amizade dele era importante para mim, mas eu iria sim contar uma verdade a ele.

- e então? Vai me dizer o que aconteceu? - ele perguntou com a voz branda, eu respirei fundo.

- o Breno esteve aqui hoje. - digo olhando em seus olhos, espanto, surpresa, raiva, todas passavam por seu rosto. - ele passou o dia aqui.

Você acredita que monstros podem amar?Onde histórias criam vida. Descubra agora