cap.6 - São apenas mais ameaças.

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Me vesti e sai do quarto do Arthur me sentindo realizado, um pequeno sorriso se abriu em meus lábios enquanto caminhava pelo corredor, olhei para o relógio, já era quase 3 da manha, havia se passado 2 horas e nada dos enfermeiros aparecerem, não que eu me importasse, percebi aquela noite que eles era tão insignificantes para mim quanto os meus antigos companheiros de trabalho.

Fui ate a farmácia e pegue tudo que eu iria precisar para cuidar dos curativos docalafrio percorreu minhas espinha só de pensar que teria que entrar novamente em seu quarto. Respirei fundo e adentrei o quarto, ele estava do jeito que Arthur o colocou, me aproximei com cuidado e me assegurei antes de que ele estava devidamente contido na cama, então me pus a limpar o sangue de seu rosto e fechar os ferimentos.

Eu estava quase terminando quando a porta se abriu em um rompante, me virei assustado já imaginando se tratar de outro paciente fugitivo, mas para minha triste surpresa era o Dr. Breno, seus olhos percorreram o quarto de forma inquieta e um pouco preocupada ate pousar em mim, eu olhei fixo para ele enquanto as emoções passavam por seu, surpresa, confusão, decepção e raiva, mas nenhum alivio em me ver. Deixei-o por mais um tempo em sua confusão interna enquanto terminava os curativos do paciente, "Arthur pegou pesado com ele, vou pedir uma tomografia por garantia." pensei tirando as luvas da minha mão.

- mas... O que aconteceu? - disse ele por fim com as sobrancelhas unidas.

- ele fugiu e tentou me atacar. - disse calmamente me dirigindo para a porta.

- o que você fez com ele Thomas? - seus olhos estavam arregalados e fixos no rosto e braços enfaixados do paciente.

- o que você esta fazendo aqui? - perguntei com uma sobrancelha erguida.

- eu? Eu... Oras, não devo explicações a você. - Breno estava inquieto, olhou diversas vezes para o corredor.

- algum problema Dr. Breno? - perguntei com desdém, ele hesitou por um momento então sua expressão se alterou mais uma vez e tornou-se seria, ele entrou no quarto trancando a porta atrás de si.

- você fez isso com ele, eu sei que fez então trate de me dizer.

- eu não fiz nada, mais você sim. – eu disse com os olhos semi-serrados.

- o que? Você esta maluco, eu não fiz nada. – ele hesitou por um momento.

- ah sim, você fez... me mandou para cá, então um paciente que fica sempre preso se solta e não tem ninguém alem de mim aqui, eu vi os enfermeiros, parecia esperar por algo, talvez minha desgraça.      – sorri com deboche para ele. – por favor Breno, eu sei que você planejou isso... confesse.

- você não sabe o que esta falando, ninguém vai acreditar em você se contar essa historinha ridícula. – Breno se aproximou ficando frente a frente comigo, seu tom era baixo mais carregado de ameaça.     – eu mando aqui dentro e você não convencerá ninguém, porque como você mesmo viu... eles não farão nada contra minhas ordens aqui dentro.                                                                                                                    – seu rosto estava a centímetros do meu, eu olhava diretamente para seus olhos, sei que ele queria me por medo, mas já vi olhos mais assustadores que esses para temê-lo.

- você me causa pena Breno... mas se você diz que ninguém vai acreditar em mim, porque esta tão preocupado se vou contar ou não? – o sorriso debochado em meus lábios era a prova de que suas ameaças não me afetavam.                                                                                                                                                       – agora se já acabou com suas ameaças eu tenho mais pacientes para olhar.

 – contornei-o e sai do quarto deixando-o com sua tentativa falha de me ferir.

Passei o resto de meu plantão andando de um lado para o outro, não conseguia ficar parado, estava inquieto e me controlava para não ir ao quarto do Arthur mais uma vez. Logo pela manha sai daquele lugar, eu já tinha comprido minha carga horária e estava enfim indo para minha casa, tudo que eu mais desejava no momento era um banho quente e minha cama e assim fiz ao chegar em meu lar.

Dormi quase o dia inteiro, estava exausto, me levantei já era final de tarde, esfreguei meus olhos e fui ate o banheiro, meu cabelo estava todo bagunçado e a camiseta de manga comprida que usei para dormir estava toda amassada, não me importei com nada disso, escovei meus dentes e fui em direção a cozinha. Ouvi barulho vindo de La e estranhei, afinal, eu moro sozinho, não devia ter barulho algum, caminhei na ponta dos meus pés descalços ate a porta e tive uma grande surpresa ao ver aquele enorme homem de costas, seu porte grande e forte me transmitia segurança e proteção, abri um largo sorriso e corri abraçando-o por trás.

- já acordou meu anjo? – disse com sua voz grave e com um sorriso que fazia todos os monstros que me perseguiam sumirem.

- papai... o que faz aqui? – perguntei, era muito bom ter meu pai comigo, depois que minha mãe sumiu ele passou a dar mais atenção a mim e meu irmão, antes disso ele não sabia fazer outra coisa se não trabalhar, o sumiço de minha mãe foi o que o fez ser um pai tão presente em nossas vidas.

- eu vim ver como você esta.

- fico feliz que tenha vindo me ver. – o sorriso não saia de meus lábios nem dos dele.                                   – onde esta Roberto?

- seu irmão esta em um compromisso, mas já avisou que vira ti ver ainda hoje. – disse ele desligando o fogo onde esquentava a água. 

– eu estou fazendo um café, vai querer?

- pai, porque não fez na cafeteira? – eu ri.

- não, gosto de fazer o café como antigamente, fica muito melhor.

Me sentei no balcão enquanto meu pai mexia em minha cozinha, eu gostava de vê-lo trabalhar na cozinha, era tudo que ele mais gostava e por isso eu gostava também, quando meu irmão chegou fui logo lhe dar um abraço, a rotina do hospital era estressante demais para mim, só os dois eram capazes de me acalmar. Meu irmão não era tão alto quanto eu, mais era mais parecido com meu pai, ele tinha os cabelos castanhos cortados bem curtos, os olhos de avelã e a pele bronzeada, meu pai sim era um gigante, reparando nele pude perceber que tinha quase o tamanho do Arthur, papai era grande sem duvida, e forte pois sempre se cuidou muito bem.

- você parece abatido filho, esta com algum problema? – perguntou meu pai me tirando dos pensamentos.

- hum? Ah, não pai... só estou pensando, essa noite foi conturbada, só isso. – ensaiei um sorriso que não pareceu convencê-lo, mas por hora foi o bastante.

- e como esta indo no emprego?

- estou bem, fui transferido de setor então to um pouco atarefado, mas logo eu pego o ritmo.

Papai e Rob foram em borá já era bem tarde, por ter dormido o dia todo acabei sem sono e decidi ir ler, coloque uma musica para tocar bem baixo e iniciei minha leitura, mesmo para uma pessoa como eu, ler por muito tempo da sono e foi isso que aconteceu, peguei novamente no sono ali no meu sofá mesmo.

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