21- O primeiro passo para a liberdade.

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Liberdade, essa palavra não saia de minha cabeça, assim com as lembranças de momentos que eu havia esquecido, guardado a sete chaves no meu subconsciente, eu agora me lembrava da dor e da tristeza que foi quando meu amigo partiu, eu estava novamente sozinho e fui a cada dia me prendendo dentro de mim mesmo, esquecendo ele. Liberdade, era isso que ele me proporcionava, ele não me achava estranho, esquisito. Ele partilhava da mesma liberdade que eu, porem quando ele se foi levou junto uma parte de mim, aquela que me dava segurança para ser livre.

Ele estava sempre perto de mim, com sua calma fora do comum, sempre olhando para o horizonte. As vezes eu me perguntava se ele existia mesmo, ou se eu estava ficando louco, seu jeito e sua forma silenciosa não era normais, talvez foi ate por La no fundo achar que ele não passava de um fruto de minha imaginação, mesmo muitas pessoas terem nos visto juntos, que foi tão fácil esquecê-lo.

- e você? Vai me esquecer?

- jamais meu bebê?

- então porque eu devo esquecê-lo?

- porque eu te amo e não quero que você sofra por eu ser quem sou.

Aquela foi a ultima noite que vi meu amigo, no outro dia ele e sua mãe já haviam se mudado, ido em borá e eu não tive mais noticias dele, fui diversas vezes no parque onde ficávamos na esperança dele aparecer. Teve uma vez que voltei ate a casa onde ele me achou, me sentei no chão empoeirado do que seria a sala e fiquei por horas olhando aquelas paredes que me traziam dolorosas lembranças, por um minuto de, digamos, insanidade, achei que estando ali faria ele voltar para mim, mas isso não aconteceu então desisti e decidi esquecê-lo cumprindo com a ultima promessa que havia feito a ele. Lembrar de tudo era estranho, me fazia sentir como se estivesse acordando finalmente, lembrando também de como eu sou sem ter mais medo de quem eu sou.

- Thomas o que você fez? - meu amigo segurava o passarinho que tinha tirado de minhas mãos, estávamos no parque como sempre e naquele dia sem querer acertei um passarinho com meu estilingue.

- foi sem querer, juro. - digo olhando o bichinho indefeso em suas mãos. - ele vai ficar bem não vai?

- vai sim. - disse ele que com delicadeza segurou o pássaro com uma mão, com a outra acariciou a cabeça da ave. - vai ficar tudo bem passarinho, eu vou cuidar de você. - sussurrou e então quebrou o pescoço da ave tão rápido que ela não teve nem tempo de sentir dor. - pronto Thom. - disse me entregando o pássaro morto.

- obrigado. - peguei o pássaro com as duas mãos tentando imitar a ternura do toque do meu amigo. Fiz uma pequena cova para ele embaixo de uma arvore onde achei que ele ficaria bem. - você pode fazer isso com pessoas também?

- se elas merecerem sim. - respondeu ele calmamente. - porque?

- mais uma vez meu pai deixou de ficar comigo por causa do trabalho dele.

- você quer que eu faça isso com seu pai? - ele me olhou nos olhos.

- não, claro que não, mas te uma pessoa, que esta atrapalhando... eu sei que é ela que esta atrapalhando, daí eu pensei que...

- Thomas, não posso resolver seus problemas, não esses. - disse ele me deixando um pouco chateado.

- porque não? - perguntei fazendo biquinho.

- porque a morte é uma coisa seria, ela é a verdadeira paz e não uma válvula de escape para seus problemas. - respondeu com um pequeno sorriso, sua mão acariciava meu rosto. - sinto muito bebê.

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