11- Atitudes drásticas.

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Ficamos um tempo apenas deitados abraçados, era bom ficar ao seu lado, perto do Arthur eu sentia paz de verdade. Ele me acalmava e eu sabia que ele também ficava mais calmo comigo, era possível ver isso em seu semblante. Porem uma pergunta sempre rondava meus pensamentos, "será que monstros podem amar?" eu sinceramente não sabia a resposta, mas torcia para que fosse um sim, eu queria muito que fosse sim a resposta, só assim eu teria certeza sobre mim e Arthur.

-Arthur você estava no meio dos pacientes que tentariam fugir? – perguntei de repente pegando-o de surpresa.

- não, mais eles achavam que eu iria ajudá-los a fugir. – disse calmamente.

- e porque eles acharam isso? – perguntei curioso.

- porque eu fiz um trato com uma pessoa que tiraria alguns dos pacientes para limpar a barra dele.

- e quem é essa pessoa?

- você não vai querer saber, não vai querer entrar nesses jogos dele. – sua expressão era um tanto sombria, ele estava serio.

- e você ia ajudá-los a fugir?

- não, mas ia me assegurar de tirar você do caminho. – ele me olhou, seus olhos sempre tão tempestuosos.

- um dos pacientes lhe citou como participante. – eu analisava cada movimento em seu rosto e olhos.

- então a uma hora dessas eu deveria estar no purgatório junto dos outros internos. – comentou de forma indiferente.

- eu ti tirei da lista, para tirar o foco de você disse ter ouvido algo sobre a fuga do paciente 441. – respondi com um sorriso.

- mas não ouviu não é?

- não, mas era ele ou você. – isso fez Arthur gargalhar.

- você sabe como são tratados os que são mandados para aquele lugar? – apenas balancei a cabeça em negativa o que tirou mais risadas dele. 

– são tratados como animais, espremidos em pequenas celas imundas e escuras sem uma única janela, todos os dias acordão com um banho de água fria e não são permitidos ficarem com suas roupas La, o que piora pelo fato de ser frio o lugar, são surrados diariamente para aprenderem a se comportar.

- meu Deus, isso é errado, é desumano manter pessoas nessas situações. – disse indignado com o que ouvi.

- por favor Thomas, isso é a ala do diabo, as pessoas espertas não passam por aqui, muito menos vão ate o purgatório, ninguém liga para forma que os internos aqui são tratados, isso é um hospício. – ele sorriu, seu sorriso era mal, quase diabólico. 

– e você mandou um inocente para aquele buraco imundo.

Eu tinha mandado uma pessoa inocente para um lugar tão ruim como aquele, não pensei duas vezes para mandá-lo no lugar do Arthur. Eu não sabia que era tão horrível assim, mas sabia que não era um paraíso, porem o que eu poderia fazer? Quando soube como os internos eram tratados naquele lugar eu tive uma certeza, mandaria quem fosse, mas nunca deixaria mandarem Arthur para La, mesmo que eu tivesse que mandar um inocente novamente.

Sai do quarto do Arthur para que ele pudesse dormir, ao final do meu turno Luiz já me esperava na recepção, ele estava com uma camisa branca, gola V e calça jeans, apesar de simples, parecia outra pessoa com roupas comuns. Seu sorriso se alargou ao me ver e veio logo me cumprimentar, fomos ate o carro dele conversando e rindo, não tinha como não rir com ele.

Luiz me levou a uma lanchonete muito bonita, com pessoas muito simpáticas e que pelo jeito que o cumprimentavam devia o conhecer a muito tempo, nos sentamos em uma mesa no fundo e fizemos nossos pedidos, eu estava morto de fome, Arthur tinha total culpa nisso. A conversa com Luiz era descontraída, tanto que nem vi o tempo passar, eu ia apenas me despedir dele e pegar um taxi para minha casa, porque a lanchonete não ficava nem perto de onde eu morava, mas ele não deixou e insistiu em me levar ate em casa.

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