10 || Sede dos Rebeldes

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Antes de qualquer coisa queria também dedicar este capítulo para: GirldoHazza27 LizzieOliveira doce-loucura VictoriaMachado378 CubegirlXd Brunohartman52 Poxannie CarlaBucheroni

Sigo para o lado direito. Começo a correr até o posto de vigia. Quando chego em frente ao mesmo apoio minhas mãos em meus joelhos. Respiro fundo. Questiono-me se é Jim quem continua no posto de vigia ou se é outra pessoa.

Dou início a minha subida pelas escadas, antes de subi-las largo a bolsa com as minhas roupas no chão. Após subir piso no solo de ferro feito por mãos humanas. Vejo a porta do pequeno quadrado que é o posto em si e abro-a. Ao adentrar o minúsculo recinto vejo um Jim sentado em uma cadeira de madeira, o homem está virado de costas para mim e nem percebeu que eu adentrei o local, apesar do refugiado estar dessa maneira desleixada sei que ele presta atenção no pequeno monitor que mostra imagens do decorrer dos muros da Comunidade. Ao lado do monitor há uma alavanca. Alavanca essa que abre os portões.

Meus dedos formigam com a oportunidade. É só eu puxar a alavanca e então pronto. O único problema é Jim. Tento pensar em algum plano. Agredir Jim está fora de cogitação. Inventar uma mentira também. Eu nunca minto. O que me resta: controlar a mente do homem. Total de controles que já fiz: meus pais, meu irmão, em Bestas e em um urso. Vou entrar na mente dele e ele nem vai saber que fui eu quem o fiz.

Dou início ao meu plano.

Concentro minha mente. Fecho meus olhos e entro na cabeça de Jim. A primeira coisa que passa por minhas pálpebras fechadas são flashes... flashes de uma vida. Uma vida que não é minha. Vejo um Jim criança e fraco, segurando a mão de uma mulher magra e alta. Ele sorri. Ele se sente feliz. E então vejo Jim adolescente matando uma Besta. Ele se sente vencedor. Por fim o vejo segurando Lilian, sua filha, no colo. Completamente feliz. Esses são os momentos mais importantes para Jim em toda sua vida. Estou entrando no íntimo do homem, tento não me aprofundar demais. Sei que se o fizer sentimentos poderão ser compartilhados. Sinto então. Um sentimento de aceitação, conformação e desilusão com a vida. São os sentimentos de Jim. Estou nele e ele está em mim, de alguma forma indescritível.

Jim, acione a alavanca.

Digo na mente do homem e, ao dizer isso, esboço sentimentos reversos ao dele: não aceitação, inconformação e, acima de tudo, expectativa. Abro meus olhos. Vejo a mão de Jim ir até a alavanca e ele a aciona. Sem nem sequer hesitar. Escuto o barulho dos portões sendo abertos. Não aceitação, inconformação e expectativa.

Saio do posto de vigia e desço as escadas rapidamente, pego minha bolsa e atravesso os portões abertos. Continuo controlando a mente de Jim. Quando já estou fora dos muros volto minha atenção.

Feche os portões Jim.

Segundos depois eles são fechados.

Fecho meus olhos. Sei que o estranho controle sobre a mente do homem está acabando-se. Em minhas pálpebras novos flashes se passam: a mulher magra que, outrora em outro pensamento segurava a mão de Jim, está deitada em uma cama, ela está pálida. A mulher começa a convulsionar. Morta. Sinto uma tristeza indescritível. A dor que Jim sentiu. Outro flash: Jim sendo machucado pela garra de uma Besta. Sinto uma dor indescritível. E então compreendo que o próximo é o último flash, sei que esse é o pior, pois, de acordo com uma ordem cronológica de pensamentos, foi recente: a pequena Lilian, filha de Jim, sendo morta bem na frente dos olhos do homem por uma Besta. Sinto tristeza, dor e raiva. O controle da mente é quebrado. Desmorono no solo e apoio minhas mãos no mesmo. Minha cabeça dói... meu ser por completo. Passo minha mão em meu nariz e sinto o sangue. Pisco meus olhos e por alguns instantes vejo tudo turvo, minha visão logo foca-se.

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