18 || Afastar

3.3K 384 342
                                    

Sobre a dedicatória: queria agradecer por ter você como leitora, sério, obrigada por tudo você me acompanha desde o princípio e acho que dedicar este capítulo para você não vai expressar nem metade da minha gratidão. Grandes beijos.

Acordo do que me pareceu ser uma eternidade de sono. Vejo o chão do banheiro e solto um suspiro. Meu corpo não dói. Nada dói. Olho para meus braços. Eles não possuem traços azuis. Eu não estou na minha estranha forma evoluída, eu estou na minha normal forma. Levanto-me e encaro o Dimitri humano sentindo meu coração aliviado. Estou acabado. Sinto algo gelado ter contato com meus dedos, dirijo meu olhar para o local e vejo o estranho sangue que saíra de minha mão quando me cortei. O líquido azul é estranho e brilhante, nem chega a ser classificado como um líquido. Pego um pedaço de papel e limpo meus dedos que nem precisavam ser limpados. O sangue azul sai facilmente.

Entretanto, não há corte nenhum no meu dedo. O corte que eu fiz com a lâmina deveria ter deixado uma cicatriz, mas não há nada danificando minha pele. É como se eu nunca tivesse me machucado. Na pia há vestígios de cabelos brancos. Os pego e deixo em um montinho. Alguém bate na porta de meu dormitório. Saio rapidamente do banheiro o fechando. Estou prestes a abrir a porta quando percebo que estou vestindo farrapos. Troco de roupa. Vou até a porta e a abro me deparando com uma Frances séria.

— Você tá atrasado pro treino.

Frances cruza os braços e sei que ela está brava. O que irei falar para ela? Que me transformei em um Evoluído gigante?

— Desculpe-me... eu... — fico sem fala. Eu posso mentir para Frances. — Eu dormi tarde ontem e acabei perdendo a hora. Acabei de acordar.

— Hum. Olha, eu estou de muito bom humor hoje, então, você se livrou dessa. — Frances soa ríspida.

— Que bom. — digo soando meio irônico. — Será que você pode me esperar só um pouco? — rezo mentalmente para todos os deuses possíveis enquanto pergunto para Frances. Ela me dirige um olhar ameaçador.

— Cinco minutos. — ela diz e então vira-se em direção ao corredor.

— Obrigado. — fecho a porta e vou direto para o banheiro. Escovo meus dentes e tomo um rápido banho. Logo não tarda para eu sair de meu quarto e ir com Frances até o próximo treino, agindo como se eu, há algumas horas atrás, não tivesse me transformado em outra espécie.

---

O refeitório está cheio, até as crianças estão no local apenas o deixando mais barulhento. Eu me alimento, como sempre, com os dois amigos: Justin e Ben. Eles parecem animados e cochicham a todo instante, muitas vezes me excluem da conversa. Justin termina de comer.

— Não vamos na patrulha nessa semana. — o moreno diz, pisco os olhos tentando assimilar a fala dele.

— Cala a boca Justin. — Ben dá um tapa na cabeça do amigo repreendendo-o.

— Ai! Calma Ben, é o Dimitri. Qual é! Ele pode saber! — Justin esfrega sua mão em sua cabeça, sinto-me um intruso na conversa. Ben me encara por alguns segundos.

— Tudo bem. Vai... conta para ele! — o ruivo diz animado cutucando o amigo, mudando de repente de opinião sobre contar para mim.

— Todos nós sabemos que daqui uma semana vocês vão até a Comunidade Centro... Então, vamos até a Comunidade Centro Sul para pegar novo armamento. — Justin murmura, de forma que preciso quase deitar na mesa para ouvir o que ele fala. Ir até a Comunidade Centro Sul. Interessante.

— O quê? — finjo-me de desentendido só para que os dois repitam e incluam mais informações. Isso sempre dá certo.

— Isso mesmo que você ouviu camarada. Ah, eu estava tão ansioso. Pensei que nunca mais voltaríamos lá! Na última vez que fomos eu fui a estrela, desarmei várias armadilhas! — Ben soa histérico enquanto se exibe.

LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora