Não sei ao certo para onde corremos, mas sigo Frances como se não houvesse um amanha. Talvez, se nós não chegássemos até onde ela quer, não haveria mesmo um amanhã. Ninguém desconfia de mim e nem de Frances correndo porque a maioria das pessoas também o faz, todos se mobilizam apressados pela Comunidade. Um borrão de cores, de corpos e de esferas correm de um lado para o outro.
Frances corre tão rápido que quase não consigo acompanhá-la em meio à multidão. Começo a proclamar por ar. Aos poucos vou vendo que os prédios estão sumindo. Vejo então um grande casarão. Sei que é o tal depósito A10. Consigo ficar ao lado de Frances na corrida. Sinto o alívio dela. Havíamos conseguido.
— Chegamos! — Frances quase berra enquanto chegamos perto do depósito A10.
A Rebelde, com a minha ajuda, abre a porta do depósito. Quando adentramos este, vemos Justin, Ben, Max e Shawn despreocupados colocando o que parece ser caixas dentro de uma espécie de carrinho. Eles nos olham com um semblante preocupado. Imagino o porquê, olho para Frances: ela respira descompassadamente e sua peruca está um caos de desarrumada, suas bochechas rubras indicam que, seja o que for que ela andava fazendo, exigiu muito de seu fôlego. Nem quero imaginar como eu estou.
— Vocês estão bem? Parece que andaram correndo... — Ben faz a genial observação.
— Vocês não ouviram o anúncio de um dos chefes?
Todos que estão no estabelecimento, exceto eu e Frances, negam com a cabeça.
— Eles vão fazer uma checagem... checar os tais dos chips. Os soldados vão ficar andando pela Comunidade atrás dos que não forem nos postos. — Frances, rapidamente, explica.
— O quê? — Ben quase berra e sei então que ele também está ficando desesperado.
Todos parecem ficar desesperados.
— Droga! Vamos então! — Max, pela primeira vez, soa preocupado e envolvido com a situação.
Ben, Justin e Shawn começam a ajudar Max a pegar uma caixa de tamanho grande. Concluo que ela deve ser pesada. Vou até eles e os ajudo. Frances aproxima-se quando colocamos a caixa no carrinho.
— Ben a passagem, cheque se está tudo certo! — Frances exige, ela continua nervosa. Ben faz o que ela manda.
Vejo Ben indo até uma das paredes. Noto então uma espécie de pequeno computador afixado na parede. Ben coloca suas mãos sobre esse pequeno monitor, digitando algo desconhecido por mim. Relembro-me do anexo no laboratório de William. Uma passagem se abre na parede. Outro túnel. Frances parece ficar mais aliviada quando Ben vira-se e faz um joia com a mão, indicando que, aparentemente, tudo está bem.
Mas tudo não está bem.
Sinto meu coração quase parar quando a porta do depósito é aberta e dela saem vários homens armados usando um uniforme semelhante ao do chefe que minutos atrás aparecera no telão. Todos nos cercam apontando suas armas para nós. Nenhum deles possui a esfera ao seu lado.
— Levantem as mãos! Largue agora essa arma! — um dos soldados manda apontando sua arma para Max, que segura uma arma na mão. — Tirem as mochilas.
Obedecemos. Jogo minha mochila não muito longe de mim. Todos nós ficamos parados. Ben, Justin, Max e Shawn estão parados olhando atônitos para os soldados e para as armas que são apontadas para suas cabeças. Consigo sentir a tensão deles. Ela se mistura com a minha que já está em excesso circulando pelo meu corpo.
Isso não estava nos planos.
Frances, por outro lado, parece estar... serena. A observo com as mãos levantadas, seu semblante calmo e contido me causa mais tensão ainda. É como se, para ela, aquilo estivesse nos planos. Essa garota é doida. Então entendo: ela deve estar armando algum plano. Os soldados se aproximam mais, sinto a arma de um deles tocar minha cabeça.
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Liberdade
Science FictionLer e manipular mentes são dons aos quais Dimitri prefere manter em segredo. Há uma grande e peculiar justificativa para isso: as repugnantes Bestas - seres alienígenas invasores da Terra - também possuem esses poderes. A vida de Dimitri nem de lon...