11 || Armas

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Acordei cedo até demais. Encontro-me sentando na minha cama. Já usei o banheiro... até tomei banho e a água gelada me deixou mais alerto do que o necessário. De onde será que a água que os Rebeldes usam vem? Deve ser das caixas da Comunidade Centro que eles roubam. Já pensei várias vezes nos meus pais e em como eles estariam.

Saio do meu quarto com o intuito de falar com Frances. Afinal, ela e William disseram que tinham coisas para me contar e é por isso que eu estou aqui: para saber mais sobre minha origem.

Eu estava prestes a bater na porta do quarto dela quando então a portar se abre. Frances sai de seu quarto, ela me encara parecendo meio surpresa. Ficamos nos encarando por estranhos longos segundos.

— Olá! Fico feliz que tenha voltado — ela murmura lançando um sorriso triste em minha direção.

— Vocês me disseram que tinham mais coisas para falar... — eu respondo a encarando. Ela concorda com a cabeça enquanto fecha a porta de seu quarto.

— Sim, nós temos muitas coisas para falar. Quando você chegou? Já tem um dormitório? — Frances pergunta mudando de assunto. Ela guarda a chave de seu quarto em seu bolso.

— Cheguei ontem de noite, sim... já tenho dormitório. É o 114. — explico indicando com a cabeça o meu dormitório ao lado do dela.

— Bom, então vamos ficar bem próximos. Você já comeu algo? — Frances questiona e eu nego com a cabeça. — Vamos comer alguma coisa, depois procuramos William — Frances conclui. Já sinto um frio na barriga ao pensar que saberei mais sobre a verdade.

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Não tardamos a adentrar o refeitório. O mesmo está vazio. Mexo em minha pulseira de couro ao qual diz que pertenço à Comunidade Centro.

— Está tão vazio...

— Todos já devem estar fazendo os exercícios matinais. Correr, atirar em alvos... Eu sempre acordo tarde e pelo jeito você também. — Frances nem dá tempo para que eu dê uma resposta. Logo a garota já está indo até o balcão das comidas. Tarde? Os Rebeldes devem madrugar então... Quando eu acordei ainda parecia ser noite.

Decido não pegar nada, pois não sinto fome, concluo que é pelo fato de eu não estar habituado a me alimentar de manhã. Diferente de Frances que pega vários alimentos, mais parece que duas pessoas vão comer, julgando pela quantidade de coisas que ela pegou. Sentamo-nos em uma mesa.

— Depois daqui podemos ir direto conversar com William, temos que te contar várias coisas... se bem que, antes precisamos passar em um lugar... — Frances demora para botar suas ideias em ordem, no final de sua fala eu concordo. Não questiono qual lugar seria esse porque, pela própria fala de Frances, compreendo que ela não vai me falar. Ela fica em silêncio o resto da refeição e eu também. Penso se meus pais estariam comendo... talvez sim uma vez que eu havia levado duas caixas da Comunidade Centro.

Não tarda para sairmos do refeitório. Ela me leva até a saída do local. Concluo que vou ser levado até o tal lugar. Ou não, não dá para saber o que esperar de Frances. Já no jardim da sede vejo várias pessoas correndo, praticando exercícios e outros apenas conversando. Algumas crianças brincam no gramado com uma bola. Fico meio chocado ao ver crianças. Devem ser filhos de Rebeldes. Crianças desde o princípio Rebeldes. Todos parecem ter em mãos ou nos bolsos uma arma, exceto as crianças. Frances olha ao seu redor. Ela parece procurar por alguém.

Ouço o urro de uma Besta em algum lugar... mas então o barulho cessa, concluo que a Besta fora morta por algum Rebelde.

— Vem! — Frances desce as escadas da sede adentrando mais afundo o jardim. Ela aproxima-se de um grupo com três homens. Todos possuem um porte físico comparável a um armário. Eles exibem figuras desenhadas nos braços. Tatuagens. Os homens estão conversando e seguram nas mãos armas que eu nunca vira na minha vida.

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