Capítulo 2

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Lara

Estava seguindo para o RH. A atendente de óculos redondos e cabelo Chanel entrega-me o contrato para que eu assine. Antes, pediu para que eu lesse tudo e que, se eu não concordasse com alguma coisa, era para informá-la. Para ser sincera, li a parte do salário, que era a única coisa que me importava, até porque, para aguentar o Senhor Arrogante, o salário que valer a pena. Eu já passava no psicólogo duas vezes por semana e tinha certeza de que a minha frequência aumentaria para todos os dias.

Não tive paciência para ler o restante do contrato. Era muita coisa e passaria o resto do dia lendo. Assino e entrego o contrato para Mia, a atendente. Depois, ela pediu que eu a seguisse para o trigésimo andar, onde a Alice e o Senhor Arrogante me passariam as instruções para o primeiro dia.

Pego o elevador. Junto comigo, entram dois executivos, que ficaram me olhando. Fiquei constrangida. Depois de dois andares, eles desceram e eu fiquei sozinha, agradeço por isso. Olho para o meu cabelo, arrumo os meus óculos de grau que só usava para leitura e que me deixam com aparência de mais velha, o que era bom. Certifico-me de que a minha roupa estava boa. Para o primeiro dia, optei por uma saia preta social acima dos joelhos e uma blusa branca de seda. Além dos meus queridos e adoráveis saltos, já que sem eles, acabo ficando muito baixinha. As portas do elevador se abrem. Respiro fundo e peço a Deus paciência. Eu precisaria e muito.

Ao chegar à recepção, Karen me informou de que a Alice me aguardava na sala dela, que por sinal, ficava próxima à sala da presidência e vice-presidência. Só então descobrir que a Alice era assistente de Caio.

Apesar do Senhor Arrogante ter assumido a empresa há poucos meses, estava sem assistente. Na verdade, a última que passou pelo cargo não durou duas semanas, mas Alice não sabia o porquê.

Ela me explica que Hektor era o oposto do Sr. Robert. Para ela, o Sr. Robert era o melhor chefe que alguém poderia ter. Pena que ele não ensinou a importância da simpatia para o filho. Isso tudo eu já sabia, afinal, tinha me atualizado sobre tudo que se referia aos Thompson.

— Miller, não há muitos segredos. O nosso trabalho é elaborar relatórios diários, marcar reuniões, agendar viagens, comprar passagens, reservar hotéis e tudo mais. Quanto à passagem, não se preocupe. Os Thompson têm um jatinho próprio. Ah, também somos responsáveis pela agenda particular deles. E por favor, atente-se a isso. O Sr. Thompson odeia quando erramos ou quando marcamos alguma coisa para o mesmo horário — pelo visto, todos na empresa tinham medo dele.

— Alice, primeiro pode me chamar de Lara, ainda não me acostumei em ser chamada pelo segundo nome. E pode ficar tranquila, farei de tudo para não irritar o todo pode... — somos interrompidas antes que eu terminasse de chamá-lo de "todo poderoso".

— Bom dia! — Ouço a voz dele atrás de mim e engulo em seco.

— Bom dia, Sr. Thompson.

Alice responde com a voz trêmula. Pelo visto, eu não tenho filtro e não vou durar muito no emprego.

— Bom dia — respondo depois de um tempo e fito o chão.

— Estava explicando para a Lara sobre o cargo e todas as atividades que temos que realizar — Alice explica-se.

Por que ela temia tanto? Tudo bem que ele era assustador, mas não me causava medo. Ele usava um terno preto, seus músculos eram visíveis, mesmo embaixo de toda aquela roupa, seus cabelos finos estavam molhados, aliás, diria que muito molhado... Não, eu não diria nada.

— Terminaram? — Questiona, ainda parado em nossa frente.

— Sim.

— Ótimo. Acompanhe-me até a minha sala, Miller — ordena e sai em seguida. Levanto-me e pego a minha bolsa. Pelo visto, o meu primeiro dia seria bem pior do que imaginei.

O azul dos seus olhos - Liberado para quarentenaOnde histórias criam vida. Descubra agora