São sete e meia da manhã. A minha irmã é como eu. Fica super entusiasmada antes de fazer viagens. Acordou mais ou menos há 15 minutos e está parada em frente ao espelho em cima do lavatório.
— Estás bem? — pergunto eu, tentando abrir os olhos, quase sem sucesso, para a minha irmã, que está engolida nas luzes fortes da casa de banho.
— Não me estou a sentir muito bem — diz ela remexendo no cabelo ainda a olhar para o espelho — Tens aspirinas?
— Sim, estão aí na gaveta — aponto com o queixo para a gaveta que se encontra debaixo do lavatório.
Não queria nada que a a minha irmã adoecesse, isso significaria termos de ficar aqui em NY e adiar a visita aos nossos avós. Vou rezar para que tal não aconteça.
O mundo da luz abençoou Helen, está radiante e praticamente já nem se lembra da indisposição porque passou ao acordar. São dez e dez. Estou a colocar as malas na bagageira do carro da minha irmã e ela segura Puki, sufocando-o com mimos. Antes de entrar no carro, ela abre a porta de trás e o Puki senta-se nos bancos. O cãozinho está mais feliz do que deveria, normalmente ele sabe que quando entra no carro da minha irmã é para se dirigir ao veterinário.
A viagem a três começa a partir do momento que a minha irmã conduz o carro ao típico trânsito de sábado, mas desta vez para fazer uma viagem de 130 quilómetros até Pennsylvania.
Dirigimo-nos até à route 95 para ir a caminho de Filadélfia.
Quando estávamos a passar perto de East Brunswick, o meu Puki começa a uivar muito, muito alto. Fazemos uma pequena paragem não só para o Puki fazer as suas necessidades, mas também para mim e para a minha irmã tomarmos um pequeno lanche. Olho para o GPS no interior do veículo, e ainda faltam 73 quilómetros para chegarmos à cidade. 2 minutos depois, estamos de volta à estrada. A propriedade dos nossos avós situa-se a 23 quilómetros do centro de Filadélfia.A entrada da quinta está exatamente igual como estava há 5 anos atrás, quando terminei a faculdade e a minha avó me convidou a passar cá uns dias. Está radiante, a acenar-nos em frente á porta de casa, enquanto passamos pela estrada de terra batida que faz a fronteira entre 2 terrenos que contêm cabras e ovelhas. Eu olho para aquela paisagem, e lembro-me de como era bom, como poderia ajudar a aliviar o stress, como sabia bem respirar aquele ar puro que nos faz esquecer de todos os problemas da atualidade. Estacionamos em frente à acolhedora casinha branca. Assim que saio do carro, a minha avó corre para mim, e abraça-me fortemente, enquanto a minha irmã está a tirar o Puki do banco de trás.
— Oh meu querido filho, é tão bom ver-te — diz a minha avó antes de me encher de carinhos
— Também é muito bom ver-te, vó — dou-lhe um abracinho para seu consolo, e ela começa a fungar.
Sem me ter apercebido, a minha irmã estava a admirar todo aquele espetáculo segurando a trela do Puki, que está a fazer tudo para tentar ir explorar os cantos desta quinta que nunca havia visto antes.
— Filha — diz a minha avó largando-me e correndo para a minha irmã de braços levantados.
Enquanto elas se cumprimentam, eu aproveito e dou uma olhada à minha volta para recordar bons momentos
— Olá meu pequenino. Como estás? — a minha avó verga-se levemente para estar a altura do nosso cão, que já está sentado, para lhe dar um mimo — Venham queridos, vamos à procura do vosso avô.
Saímos do local onde estamos, e reparo no especial facto da porta de casa estar aberta. E não digo apenas destrancada, completamente aberta. Já tinha saudades disto. Retiro a coleira ao Puki, para que se sinta livre. Tenho a certeza que se vai sentir muito bem, melhor do que estar quase todos os dias fechado num apartamento
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A Vida (Não) É Bela
AcciónPor vezes, a vida não é como nós desejamos. George Clark é a prova desta frase. Agora que vive na grande cidade de Nova Iorque e tem o trabalho que sempre quis na maior empresa de jornalismo do mundo, pode provar que a sua vida está novamente a recu...