Capítulo 4

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Passei a noite em claro. O que quererá Helena?

Quer voltar para mim, claro.

Mas porquê?

Enquanto a minha irmã está a dormir, olho para ela. É mesmo bonita. A minha menininha. Desde que saí da universidade e passei a ir viver com ela, passei a ser eu o irmão mais velho. Fui eu que a protegi, que a ajudei...

Depois de lhe ajeitar uma madeixa de cabelo para trás da orelha, ela abre os olhos verdes escuros.

— Olá — diz ela, antes de olhar para o relógio-despertador na sua mesa de cabeceira — Credo, ainda é cedo. Vamos dormir outra vez — adormece assim que fecha os olhos.

Quando o sol nasce sobre a cidade de Nova Iorque, decido levantar-me e ir tomar um duche. Como ainda é cedo, vou comprar uns ingredientes para fazer um pequeno-almoço rico para Helen. Quando passo pela sala para ir buscar as chaves de casa e a carteira, passo pelo Puki, que ainda está a dormir. Esforço-me para andar em passinhos leves para não o acordar.

Entrando na mercearia que está na base do meu prédio, vejo que o dono está sentado numa cadeira atrás do balcão a ler um jornal.

— Bom dia, senhor Alexander — ele mira-me com os óculos quase a caírem-lhe do nariz.

— Bom dia George, hoje acordou cedo.

— É verdade, vim comprar umas coisinhas para o pequeno almoço.

— Leve umas papaias, hoje estamos a fazer uma promoção, 15 dólares o quilo.

— Levarei — respondo, a virar as costas para procurar os meus artigos.

Quando chego ao balcão, o senhor Alexander levanta-se da cadeira para passar os ingredientes para o meu pequeno almoço. Primeiro passou o pacote de farinha, uma caixa de ovos, leite, uma embalagem de compota de framboesa, nutella, 4 papaias, e massa para waffles. Hoje não me apetece fazer massa.

— São 18 dólares e 53 centavos.

Uma das coisas que mais gosto no Alexander's é sem dúvida os preços, para não falar da qualidade das frutas.

Quando chego a casa, o Puki está em frente à porta de entrada, e pelo que parece, Helen ainda está a dormir.

Dirijo-me à cozinha para preparar o pequeno-almoço. Ponho um pouco de massa na minha máquina para fazer waffles e pouco depois elas estão prontas. Na waffle da Helen, ponho compota de framboesa porque sei que ela adora, e na minha ponho nutella. Preparo também um batido de papaia tirando as sementes da mesma, descascando a pele, e pondo o recheio no liquidificador. Faço torradas, tiro uns croissants da dispensa, e ponho fiambre e queijo num pratinho ao pé desta iguaria francesa. Gosto deste pequeno almoço. Está digno de uma fotografia.

Quando estou a dispor os alimentos na mesa, a Helen abre as portas desfocadas que ligam o meu quarto à sala

— Olá! — digo.

— Estás muito animado — diz a minha irmã, tendo dificuldade em olhar para mim devido à luz da sala.

— Fiz um pequeno-almoço para nós.

— Já reparei — diz ela enquanto se senta — O que é isto?

— É batido de papaia, hoje o senhor Alexander estava a fazer uma promoção especial no preço da papaia.

— Hum. Vou lavar os dentes — nunca percebi este estranho hábito da minha irmã de lavar os dentes antes do pequeno-almoço, mas enfim.

Sento-me na mesa e deito um pouco do líquido laranja avermelhado no meu copo. Barro um pouco de manteiga no pão, e como a minha waffle. Acho que nunca tinha feito um pequeno-almoço tão saboroso.

A Vida (Não) É BelaOnde histórias criam vida. Descubra agora