Capítulo 17

34 5 0
                                    

Acompanho Jane até a saída do parque, para ter a certeza que entra num táxi em segurança. Acho que estou mesmo apaixonado por ela, caso contrário não estaria tão preocupado com a sua segurança e bem-estar. Ao ver o seu táxi afastar-se, ligo à minha irmã para me vir buscar, tenho a certeza que ela terá todo o gosto em fazê-lo, uma vez que é uma cusca de primeira, e vai logo perguntar-me como correu o passeio.

Tal como previa. Ao entrar no carro sufocou-me com perguntas de todos os tipos, desde o que é que ela tinha vestido, a o que é que falamos e o que comemos. Depois de lhe ter contado a forma como Jane comeu, como seria de esperar, surpreendeu-se. E pouco não foi.

— Que ultraje! Uma mulher não deve ser assim perante um homem! — diz ela, sem sequer se aperceber que está parada na estrada, e que tem um mar de carros a apitar atrás dela.

— Tu és assim perante mim — digo eu quando vejo a estrada a mover-se à frente dos meus olhos.

— É diferente, tu és meu irmão. Tu e ela são praticamente desconhecidos. Sabes lá se essa história da mãe dela não é pura fachada — por mais que me custe pensar nisso, ela tem razão. Conheci-a na segunda-feira e mesmo assim já nos imaginei a ter um caso — Ainda para mais, — interrompe-me a minha irmã — Eu nunca comi bolachas estilo sanduíche.

— Teve muita piada, foi o momento alto do dia.

— Hm — troça, com muito ciúme.

— Vamos jantar amanhã — digo, apanhando a minha irmã de surpresa.

— Sim? Que bom. Tem cuidado, se pedirem um frango inteiro tens de ver se ela não o mete na cabeça primeiro, para ver se tem miúdos — a piada da minha irmã faz-me rir, rir como já não ria à muito tempo.

— Se não te conhecesse bem diria que estavas com ciúmes — digo, olhando para a esquerda.

— Ciúmes? Eu? Ah ah — lança uma gargalhada cínica — Meu querido se eu fosse ter ciúmes das tuas relações já tinha deixado o John à muito tempo.

Poucos momentos depois chegamos a minha casa, a minha irmã pediu-me para ficar um pouco cá porque Jeremiah vai fazer a limpeza semanal da sua casa. E assim, já tenho alguém que entretenha o Puki enquanto eu dou uns retoques na minha reportagem.

*

Já são quase horas de jantar, por isso vou à sala perguntar à minha irmã se quer jantar aqui comigo. O cenário com que me deparo é tão divertido como carinhoso: Helen está de costas para o sofá, e com o braço direito está a abraçar Puki, que se encontra de costas para si. Penso para mim que Puki é um aproveitador, visto que está sempre a dormir com as mulheres da minha família. É uma decisão difícil ter que acordar os dois pombinhos, pois isso decido não o fazer. Para o jantar farei massa à bolonhesa. Como sei que a minha irmã adora, posso mante-la cá por mais umas horas, pelo menos.

Como seria de suspeitar. Puki acordou apenas com o maravilhoso cheiro da carne picada frita, fazendo-se ficar sentado a olhar para mim, constantemente a lamber os beiços. Dou-lhe um pedacinho de carne para sua satisfação. Faço a receita numa quantidade um pouco maior, assim já tenho almoço para amanhã.

Com o jantar preparado, vou acordar a minha irmã, que se encontra numa posição totalmente diferente daquela de que estava à bocado.

— Mana — digo, mexendo ao de leve no seu braço.

— Hm — remexe-se ela — Que horas são? — pergunta, ensonada.

— São oito e um quarto. Fiz o jantar — sussurro eu.

A Vida (Não) É BelaOnde histórias criam vida. Descubra agora